Bastidores e informações exclusivas e relevantes sobre os negócios e a economia do Espírito Santo

Agronegócio do ES: pancada do tarifaço de Trump vai além do café

Uma série de outras cadeias produtivas do agro capixaba serão muito prejudicadas caso o anúncio do presidente norte-americano saia mesmo do papel

Vitória
Publicado em 14/07/2025 às 03h00
Produção de mamão no Espírito Santo, em Sooretama
Produção de mamão no Espírito Santo, em Sooretama. Crédito: Roger Botelho

Pela grandeza histórica e econômica da cultura do café no Espírito Santo, as primeiras análises dos impactos do tarifaço norte-americano em cima do agronegócio observaram com mais atenção as vendas de arábica e conilon para os Estados Unidos. Faz sentido, afinal, no ano passado, pelos portos do Espírito Santo (Santos e Rio de Janeiro também são relevantes, mas não entram na conta), foram vendidos US$ 180,9 milhões (pouco mais de R$ 1 bilhão) para os EUA.

Por tudo isso, o café, claro, é muito importante, mas nem só dele se faz o comércio para os Estados Unidos do agro capixaba. Veja, por exemplo, o caso da macadâmia. Não se trata de uma cultura grande, mas tem um ecossistema bem ajustado na região de São Mateus. Quase tudo que é produzido por lá é vendido para os EUA. "Não vem quase nada para o mercado interno e tudo que é exportado vai para os Estado Unidos. É uma cadeia pequena, mas que pode ser gravemente afetada pelas tarifas. Claro, trata-se de algo muito específico, pode ser que a demanda continue apesar dos 50% a mais no valor, mas pode inviabilizar também. Difícil saber, é um cenário completamente diferente de tudo o que já vivemos", explicou Enio Bergoli, secretário de Estado da Agricultura.

Os produtores de gengibre, produto que ganhou muita força nos últimos anos, aqui no Espírito Santo, são outros que podem sofrer. No caso, trata-se de uma cadeia mais forte. No ano passado, somente os Estados Unidos compraram US$ 14,7 milhões (R$ 82,3 milhões) de gengibre capixaba. Os pescados (US$ 6,4 milhões vendidos, em 2024) e mamão (US$ 2,9 milhões, em 2024) também teriam impacto.

Mas o tarifaço não pega apenas as cadeias que já operam, atrapalha também quem estava olhando um pouco mais adiante. É o caso da pimenta e dos ovos. "O Espírito Santo é um dos três maiores produtores do Brasil, sendo que Santa Maria de Jetibá é a cidade que mais produz ovos no país, e o Estado ganhou muita relevância na produção de pimenta e, hoje, é um grande exportador. No caso da pimenta, muita coisa daqui ainda vai para o Vietnã, onde é feito o beneficiamento, mas há investimentos em curso no Estado para que consigamos fazer essa negociação direta com o cliente final. Os Estados Unidos compram algo perto de 25% da produção mundial de pimenta, essa tarifa é um problema grave para essa nova cadeia que vem se formando no Estado. Mesma coisa com os ovos, segmento que vem investindo para se consolidar no mercado norte-americano que vem sofrendo com a gripe aviária. O Brasil é um enorme produtor de alimentos, se o maior comprador do mundo nos impõe uma tarifa adicional de 50%, o problema é grave para os negócios e também para o desenvolvimento de negócios futuros. Claro, isso impacta o Espírito Santo", explicou Michel Tesch, subsecretário de Estado da Agricultura.

A Gazeta integra o

Saiba mais
Agronegócio Economia Espírito Santo ES Sul ES Norte Região Serrana Café Conilon

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.