Publicado em 6 de março de 2020 às 12:40
Foi nas alturas que a capixaba Rosa Helena Schorling deu seu maior grito de liberdade. No controle de um avião, a jovem de 19 anos se consagrou como a primeira mulher piloto no Espírito Santo, em 1939. >
Rosa Schorling
Em entrevista ao programa do Jô Soares, em 1995O brevê de piloto, documento que uma pessoa recebe ao estar habilitada a pilotar um veículo aéreo, foi concedido a Rosa em 1939. Na época, ela se tornava a oitava aviadora do país. As conquistas históricas, porém, se expandiram para outras áreas, onde a capixaba se destacou pelas lutas por mais representatividade feminina. >
"Ela tinha dentro dela um desejo de realizar atividades que eram consideradas masculinas, de ousar nisso, de encarar o patriarcado da aviação e paraquedismo brasileiro", ressalta Fabrício Fernandes, jornalista e autor do livro "Rosa Helena Schorling- Além da folha de vento".>
Rosita, como era conhecida, era uma mulher a frente do tempo. Filha de um alemão de pensamento moderno e uma poetiza austríaca, ela cresceu em Domingos Martins, na região Serrana do Estado. Apesar do preconceito dos mais conservadores, contou com o incentivo dos pais para desempenhar qualquer tipo de função.>
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Aos 12 anos já dirigia carros e tinha carteira de motorista nacional. Aos 19, foi para o Rio de Janeiro aprender a pilotar avião. Dois anos depois, entrava para história do país ao se tornar a primeira mulher a saltar de paraquedas no Brasil, em 1940. >
Rosa Schorling
Em entrevista à TV Gazeta, em 2016
O salto concretizou o sonho da capixaba em conquistar o espaço aéreo, em uma época em que as atividades eram dominadas por homens. A conquista de Rosa abriu caminho para outras mulheres da época se aventurarem no paraquedismo brasileiro.>
Fabrício Fernandes
JornalistaRosa foi enfermeira, professora e pianista, mas o que amava mesmo era voar. A paixão pelas alturas foi herdada do pai, que foi mestre de balões na Alemanha. Ele, inclusive, foi um dos maiores incentivadores dos sonhos da filha. >
"Ela contava que sempre teve apoio do pai, que ele nunca impediu que ela fizesse algo pelo fato de ser mulher. Assim como ela, ele também era a frente do tempo", declara Giliard Freitas, filho dos ex-cuidadores de Rosita.>
Apesar do apoio dos pais, Rosa enfrentou preconceitos da sociedade conversadora por ser mulher e se aventurar na aviação. Por causa disso, ela chegou até a terminar um noivado. "Ele chegou para mim e disse assim: 'Nós não estamos com o casamento marcado? Você escolhe eu ou o avião?' Eu falei: o avião", lembrou a aviadora durante uma entrevista à TV Gazeta, em 2016.>
A pioneira do paraquedismo feminino no Brasil contabilizou 137 saltos na carreira. Se destacou como a primeira aviadora capixaba e oitava do país.>
Em 2017, após quebrar o fêmur durante uma queda, Rosa morreu, aos 98 anos. A capixaba morava em Domingos Martins, com um casal de cuidadores. Ela não deixou filhos. >
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