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Publicado em 8 de outubro de 2021 às 19:56
A Terceira Ponte, que faz parte do dia a dia do capixaba que circula entre Vila Velha e Vitória, é uma das construções de grande importância para o Espírito Santo. A inauguração aconteceu em 1989 e mudou completamente a vida de quem precisa transitar entre os municípios. Mas será que o local, algum dia, já chegou a ser completamente fechado por adversidades meteorológicas? >
Em 31 de agosto de 2021, em meio ao alerta de vendaval emitido pela Marinha, o anemômetro da ponte — instrumento que mede a velocidade dos ventos — marcou ventos de 87,68 km/h e os capixabas se questionaram se a ponte seria fechada, mas o tráfego não precisou ser interrompido. Na ocasião, em entrevista à CBN Vitória, Geraldo Dadalto, diretor-presidente da Rodosol — concessionária que administra a via — contou que informações são registradas, em tempo real, sobre as condições do vento na Terceira Ponte e esclareceu que a via foi interditada apenas uma vez durante esses mais de 30 anos.>
Quem já passou pela Terceira Ponte em dia de temporal já deve ter se deparado com os avisos luminosos nos painéis de mensagem instalados na estrutura, reforçando a importância da redução da velocidade. Em toda sua história, a Terceira Ponte só foi fechada em novembro de 2010 devido a ventos fortes e, mesmo assim, de forma preventiva, sem haver real comprometimento da segurança dos usuários.>
Na ocasião, os ventos atingiram velocidade superior a 119 km/h na ponte e causaram uma série de danos na Grande Vitória. Por isso, houve a opção pela interrupção do tráfego na via, mesmo tecnicamente não havendo risco. Para que a Terceira Ponte seja fechada, vários fatores são considerados, como velocidade e direção dos ventos, chuvas e visibilidade nas pistas.>
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Geraldo Dadalto
Diretor-presidente da RodosolA única vez em que a Terceira Ponte precisou ser completamente interditada ocorreu em um dia caracterizado por Geraldo Dadalto como catastrófico: 19 de novembro de 2010. "Foi um caos na Grande Vitória, com quedas de árvores, destelhamento de casas, equipamentos caindo. Na ponte, com chuva, também foi caótico", descreveu. >
O diretor-presidente da Rodosol explicou que, nos dias em que os ventos estão acima do normal e que a chuva atrapalha a visibilidade do motorista, não é aconselhável que os condutores parem os veículos em cima da ponte. Ele diz, ainda, que a concessionária avalia fechar a ponte somente quando os ventos ultrapassam certa velocidade. >
"De toda forma, colocamos mensagens no painel alertando aos motoristas dos ventos fortes. Acima dos 80 quilômetros, orientamos a redução da velocidade. Acima dos 90, não recomendamos que motociclistas atravessem a ponte. Em 110 km/h, motos são proibidas na ponte, mas os carros podem passar. 120 km/h é um limite que temos de fechamento total da ponte", detalhou.>
Segundo Geraldo Dadalto, ainda que o risco de arraste seja baixo, o que leva a Rodosol a tomar essas decisões é o motorista estar em um momento de desconforto grande, já que, com as adversidades meteorológicas, o condutor pode entrar em pânico em cima da Terceira Ponte. >
"O anemômetro da ponte mede a velocidade dos ventos a cada dois minutos, então monitoramos esses ventos praticamente em tempo real. Mas o que fazer se estiver no meio da ponte e algo do tipo acontecer? Reduza a velocidade e siga devagar até passar toda a ponte", instruiu Dadalto.>
Ele afirmou ainda que, mesmo que esteja chovendo, o ideal é que os motoristas sigam viagem para evitar qualquer risco de colisão em cima da ponte. "Sigam as orientações do painel e façam a travessia em segurança", concluiu.>
Além de causar o fechamento da ponte, o vendaval de 19 de novembro de 2010 causou vários outros estragos pela Grande Vitória. Arquivos do jornal impresso de A Gazeta mostram que a destruição foi grande e que, em alguns municípios da Grande Vitória, choveu até granizo — em Vila Velha, Cariacica e Viana.>
A ventania derrubou guidantes do Porto de Praia Mole, árvores e parte da estrutura montada para a tradicional Feira do Verde, na Praça do Papa, em Vitória, caiu. Três pessoas ficaram feridas. No Hospital Infantil, em Vitória, chegou a faltar energia por mais de duas horas. Além disso, o pronto-socorro ficou totalmente alagado. Na UTI, uma criança precisou de ventilação manual.>
A Terceira Ponte ficou fechada por 30 minutos, o que gerou um enorme engarrafamento na cidade. Este foi o primeiro fechamento na ponte desde o início da atuação da Rodosol, que passou a concessionar a via em 1998. Ainda no Porto de Praia Mole, dois guindastes caíram. Outdoors e árvores também foram ao chão. >
Em Vila Velha, vidraças de apartamentos na orla foram quebradas pela força dos ventos. Já em Vitória, cerca de 50 semáforos pararam de funcionar. O Aeroporto de Vitória funcionou por equipamentos. Cerca de meia hora depois do fim da chuva, ainda havia pontos de alagamentos.>
Com a tempestade, a mineradora Vale tomou um grande prejuízo: dois descarregadores de navio, tipo guindaste, caíram no Píer de Carvão da companhia, sendo um no mar e outro na terra. A estimativa é de que cada um custava R$ 7 milhões na época. Os equipamentos retiravam carvão do navio para uma esteira que fica em terra. Na hora, não havia navio atracado no porto. >
À época, fontes da empresa contaram à reportagem de A Gazeta que, quando começou a ventania, os funcionários desceram dos guindastes e tentaram amarrar os equipamentos, mas o vento ficou ainda mais forte e eles correram para dentro das salas. Em outra área da Vale também teve mais prejuízo, onde outro equipamento que descarregava grãos também foi danificado. Não houve vítimas. >
A edição do dia 19 de novembro de 2010 do jornal Notícia Agora explica que, o que causou o temporal foi a influência de uma Zona de Convergência de Umidade entre a Região Amazônica e o Sudeste do Brasil, que deixou o tempo instável no Espírito Santo. >
"A umidade associada ao forte calor causou uma subida repentina de uma massa de ar, e esse deslocamento é responsável pelos fortes ventos que chegaram a 119 km/h na Terceira Ponte", apurou o jornal. >
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