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STF retoma julgamento de Bolsonaro com voto de Fux nesta quarta (10)

STF retoma julgamento de Bolsonaro com voto de Fux nesta quarta (10)

Ministro votou pela absolvição do ex-presidente e também para anular o processo por incompetência da corte

Publicado em 10 de setembro de 2025 às 08:03

 - Atualizado há 3 meses

BRASÍLIA - O julgamento de Jair Bolsonaro (PL ) e mais sete réus na trama golpista na Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) teve, nesta quarta-feira (10), voto do ministro Luiz Fux pela absolvição do ex-presidente.

Fux também votou para anular o processo da trama golpista por incompetência da corte. Ele decidiu ainda condenar Mauro Cid por tentativa de abolir Estado Democrático de Direito e absolvê-lo de organização criminosa armada e o general Walter Braga Netto.

Além de Fux, já votaram os ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino, ambos pela condenação dos réus. Os próximos votos serão da ministra Cármen Lúcia e do ministro Cristiano Zanin. O julgamento deverá continuar nesta quinta (11) e na sexta (12).

Trump tem pressionado o Brasil por causa do julgamento. Em julho, quando anunciou as novas taxas sobre produtos brasileiros, o presidente dos Estados Unidos enquadrou a medida como uma retaliação pelo que chamou de "caça às bruxas" contra Bolsonaro, seu aliado na política internacional.

Além disso, o governo americano proibiu parte dos ministros do Supremo de entrar nos Estados Unidos e aplicou sanções financeiras a Moraes.

O julgamento do núcleo principal da trama golpista será retomado com a apresentação do voto do ministro Luiz Fux, que nos últimos meses tem exposto divergências com o relator do processo, Alexandre de Moraes.

Confira a primeira parte da sessão da manhã desta quarta (10)

Confira a segunda parte da sessão da manhã desta quarta (10)

Por ser o relator, Moraes foi o primeiro a votar. Em quase cinco horas, o ministro disse que Bolsonaro liderou uma organização criminosa que funcionou de 2021 até os ataques às sedes dos Poderes em 8 de janeiro de 2023. O objetivo do grupo seria permanecer no poder mesmo depois de perder a eleição de 2022 para o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O ministro mencionou atos que classificou como executórios de tentativa de golpe e destacou o plano "Punhal Verde e Amarelo", que, segundo a denúncia, previa os assassinatos de Lula, do vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), e dele próprio.

"Não há nenhuma dúvida de que houve tentativa de abolição ao Estado democrático de Direito, tentativa de golpe e atuação de uma organização criminosa", afirmou o ministro ao defender a condenação dos oito réus. Para ele, Bolsonaro usou a estrutura do Estado para implementar um "projeto autoritário de poder".

Bolsonaro poderá ser condenado a mais de 40 anos de prisão se receber a pena máxima. Os réus em julgamento são:

  • Jair Bolsonaro, ex-presidente da República e capitão reformado do Exército;
  • Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor da Abin; 
  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha e almirante da reserva; 
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal; 
  • Augusto Heleno, ex-ministro do GSI e general da reserva; 
  • Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel do Exército e delator do processo; 
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa e general da reserva; 
  • Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa e general da reserva.

A PGR (Procuradoia Geral da República) os acusou dos crimes de organização criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado ao patrimônio público e deterioração de patrimônio tombado.

Tanto Moraes quanto Dino votaram pela condenação dos oito réus em todos os crimes apontados pela PGR. Dino, porém, afirmou que Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Ramagem têm menos provas contra si e merecem punições menores que os demais.

Além do movimento de Trump, o julgamento causou reações na política interna do Brasil. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho de Jair Bolsonaro, disse, enquanto os ministros discutiam o caso na terça-feira, que Moraes votava com raiva.

"Fala com tanta raiva, fala com tanto ódio. Parecia o líder do governo do PT no Supremo proferindo palavras sem embasamento jurídico", disse Flávio.

O julgamento terminará na quinta (11) ou na sexta-feira (12). Até lá, ministros podem mudar seus votos. A condenação de Bolsonaro, porém, é dada como certa. Como mostrou a Folha, militares pediam ao STF para que o ex-presidente não seja detido em um quartel, e a defesa do político planeja pleitear a prisão domiciliar.

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