Publicado em 4 de dezembro de 2019 às 10:27
Alunos brasileiros faltam mais na escola e perdem mais tempo de aula por indisciplina do que a média dos países que participaram do Pisa, principal avaliação internacional da educação básica. >
Além disso, demonstram ter menos confiança em sua capacidade, cooperam menos que os outros e têm visto aumentar casos de bullying, além de ter uma parcela maior de estudantes que se sentem "sempre tristes".>
As conclusões podem ser obtidas pelas respostas dos estudantes no questionário que acompanha a prova. Aplicada pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) a cada três anos, ela avaliou em 2018 alunos de 15 anos de 79 países ou regiões.>
O exame abrange as áreas de leitura, destaque do relatório deste ano, matemática e ciências.>
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Segundo o relatório, 41% dos alunos brasileiros relataram que nas aulas de linguagem (no caso, óbvio, o português), o professor tem que esperar um longo tempo para os estudantes ficarem quietos. Eles alcançaram 19 pontos a menos na prova de leitura do que os estudantes que declararam que isso ou não acontece nunca ou ocorre raramente.>
A média de alunos dos países da OCDE que registraram essa mesma constatação é de 26%.>
O resultado contribuiu para que o Brasil fosse classificado como um dos países com pior clima disciplinar, ao lado de Argentina, Grécia e Espanha. >
Outra disparidade do Brasil em relação aos países da OCDE são as faltas: metade dos alunos não foi algum dia à escola nas duas semanas anteriores ao Pisa. A média da organização é menos da metade: 21%.>
Por outro lado, o país se junta aos Estados Unidos e ao Reino Unido como um dos países em que há mais competição do que colaboração na escola, ao contrário de Alemanha, Dinamarca, Holanda e Japão.>
A proporção de alunos brasileiros que diz que seus colegas cooperam uns com os outros é de 62%, e a dos que dizem competir, de 57%. Ambas são maiores que as da média da OCDE.>
Por outro lado, a parcela de alunos sem autoconfiança é maior. No Brasil, 77% acham que conseguem normalmente achar a saída para situações difíceis. Na OCDE, o índice sobe para 84%.>
No recorte de gênero, é possível perceber que as meninas são, em geral, menos competitivas e mais motivadas que os meninos, segundo o relatório. E, embora tenham desempenho superior em leitura e semelhante em ciência, a boa performance superior não impede que elas tenham mais medo de falhar, de acordo com as conclusões da avaliação.>
Há outros indícios de piora no clima escolar.>
De modo geral, considerando meninos e meninas, o relatório mostra que a satisfação dos adolescentes de 15 anos com a vida diminuiu no mundo, em média 0,3 ponto em uma escala de 0 a 10, e 0,5 ponto em países como Brasil, onde chegou a 7,05, Estados Unidos (6,75), Japão (6,18) e Reino Unido, que teve a queda mais drástica, de 0,81, caindo para 6,16.>
A fatia de alunos brasileiros que declara se sentir sempre triste é consideravelmente mais que o dobro da média da OCDE: 13% do total, contra 6%, só menor que a de Brunei, Macau e Malásia.>
O índice de pessoas que sofre bullying também aumentou no Brasil, assim como em outros países como Colômbia e República Dominicana. Os alunos que disseram sofrer a prática algumas vezes por mês passou de 17,5%, em 2015, para 29% em 2018.>
Nem tudo, porém, são más notícias: apesar de todas as dificuldades, 83% dos alunos brasileiros relataram que seu professor demonstra satisfação em lecionar, mais do que a média de 74%. O interesse do educador está relacionado a maiores notas no mundo todo.>
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