Publicado em 22 de maio de 2020 às 18:04
O ex-candidato à Presidência Fernando Haddad (PT) disse que o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) é tão antidemocrático quanto Jair Bolsonaro (sem partido), mas é quem deve assumir o governo caso prospere o impeachment do presidente, defendido pelo petista. >
Em entrevista ao programa "Poder em Foco", que será exibida neste fim de semana pelo SBT, Haddad afirmou que Mourão, do ponto de vista constitucional, pode ficar com a cadeira porque não tem na ficha nenhum crime de responsabilidade, condição que justifica afastamento do cargo.>
"Eu não confio na disposição democrática do Mourão porque ele já deixou claro que, tanto quanto o Bolsonaro, despreza a democracia. Então o vício é o mesmo. Agora, ele não cometeu nenhum crime de responsabilidade ainda", disse.>
"Então, do ponto de vista constitucional, se o impedimento se dá por crime de responsabilidade, eu lamento, mas ele é que tem que assumir", completou, em resposta ao jornalista Fernando Rodrigues.>
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Ex-prefeito de São Paulo, Haddad disputou o segundo turno da eleição de 2018 com a chapa Bolsonaro-Mourão e recebeu 44,8% dos votos válidos, ante 55,1% da campanha vitoriosa.>
Mourão, que é general da reserva do Exército, já buscou afastar em outras ocasiões a pecha de apoiador do autoritarismo. Em outubro de 2019, após o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) defender "um novo AI-5", o vice disse que, apesar de imperfeita, a democracia é o melhor sistema de governo.>
A entrevista com o integrante do PT, gravada nesta quinta-feira (21), irá ao ar à 0h de segunda-feira (25), fim da noite de domingo (24). Alguns trechos foram transcritos pela assessoria de imprensa do SBT e antecipados à reportagem.>
Na conversa, Haddad afirmou ser "plenamente favorável ao afastamento [de Bolsonaro] em virtude dos crimes de responsabilidade que ele já cometeu". Seu partido é um dos que apresentaram na quinta-feira (21) um pedido coletivo de impeachment.>
"Para mim, um presidente que instaura o caos, que joga a população contra o seu prefeito, contra o seu governador, contra o Poder Judiciário, contra a autonomia da Polícia Federal, este governante não tem condições, numa crise deste tamanho, de permanecer no poder", afirmou.>
Para o ex-prefeito, Bolsonaro cometeu pelo menos três crimes de responsabilidade previstos na Constituição. Ele lembrou que o pedido de impeachment é endossado por outras seis legendas (entre elas PC do B, PSOL e PSTU) e 400 entidades da sociedade civil.>
Haddad também criticou, na entrevista, o comportamento de Bolsonaro na pandemia do novo coronavírus. "Além de ter sido omisso, eu acho que o Bolsonaro age de má-fé com governadores e prefeitos. Isso não é uma conduta de um chefe de Estado em meio a uma crise.">
Segundo ele, o presidente está jogando o país contra governadores e prefeitos e contra as instituições. "Ele age mal por omissão e age de má-fé", acrescentou.>
Haddad estendeu as ressalvas ao prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), mas disse que, diferentemente de Bolsonaro, o tucano não age de má-fé. "Eu acho que ele está se atrapalhando nas decisões", disse, citando os recuos sobre as decisões de fechar vias e fazer megarrodízio.>
O petista disse que as medidas foram equivocadas. "Eu reconheço a boa-fé, acho que [Covas] está em busca de uma solução, mas eu penso que as decisões estão sendo atabalhoadas. Deveriam ser mais pensadas, para evitar essas idas e vindas.">
Haddad, contudo, ressaltou que considera a conduta do governo Bolsonaro mais grave. "É muito diferente a atitude aqui [em São Paulo] da atitude do governo federal. Não resta dúvida em relação ao caráter das pessoas que estão à frente de suas responsabilidades", afirmou.>
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