Publicado em 26 de maio de 2020 às 20:11
O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), mandou o ministro da Educação, Abraham Weintraub, prestar depoimento em cinco dias à Polícia Federal por ter afirmado na reunião ministerial de 22 de abril que, por ele, botaria todos na prisão, "começando pelo STF".>
Moraes classificou a manifestação de Weintraub como "gravíssima" por não atingir apenas a honra dos magistrados, mas por também constituir "ameaça ilegal à segurança dos ministros do STF".>
Além disso, a declaração, segundo o ministro, "reveste-se de claro intuito de lesar a independência do Poder Judiciário e a manutenção do Estado de Direito".>
A decisão foi dada no âmbito do inquérito aberto pela corte em 14 de março de 2019, sem pedido da Procuradoria-Geral da República, para apurar a disseminação de fake news contra o Supremo.>
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O ministro é o relator das investigações, que correm sob sigilo. Moraes afirmou que a afirmação de Weintraub pode ser enquadrada nos artigos do Código Penal que tratam de injúria e difamação. >
A reunião foi tornada pública por decisão do ministro Celso de Mello, que foi criticada pelo presidente Jair Bolsonaro. O encontro foi citado por Sergio Moro em depoimento à Polícia Federal no inquérito aberto após o ex-ministro pedir demissão do Ministério da Justiça com graves acusações ao chefe do Executivo. Moro diz saiu do governo devido à tentativa do presidente de violar a autonomia da Polícia Federal.>
A reunião foi citada pelo ex-juiz da Lava Jato como um dos episódios em que foi pressionado por Bolsonaro para trocar, sem motivo, o diretor-geral da PF e o superintendente da corporação no Rio de Janeiro.>
Com a divulgação do vídeo, além dos fatos relacionados ao inquérito, vieram à tona as declarações de Weintraub sobre o Supremo. O ministro da Educação fez uma crítica ampla aos poderes em Brasília antes de dizer que, por ele, colocaria todos na prisão, começando pelo Supremo.>
"Eu tinha uma visão extremamente negativa de Brasília. Brasília é muito pior do que eu podia imaginar. As pessoas aqui perdem a percepção, a empatia, a relação com o povo. Se sentem inexpugnáveis", disse.>
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