Publicado em 27 de junho de 2020 às 09:38
Três integrantes do grupo de trabalho da Lava Jato na PGR (Procuradoria-Geral da República) pediram para se desligar da função por discordar da coordenação dos trabalhos, a cargo da subprocuradora Lindora Araújo.>
A portaria com a saída dos procuradores Hebert Reis Mesquita, Luana Vargas de Macedo e Victor Riccely foi assinada nesta sexta-feira (26).>
Uma visita que Lindora Araújo fez à força-tarefa da Lava Jato em Curitiba nesta semana foi crucial para que os três tomassem a decisão de se afastar do grupo de trabalho.>
Lindora é uma das mais próximas auxiliares do procurador-geral da República, Augusto Aras. Ela é responsável, por exemplo, pelos inquéritos que miram irregularidades na aplicação de recursos para o combate ao coronavírus nos estados.>
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Governadores como Wilson Witzel (PSC), do Rio de Janeiro, e Helder Barbalho (MDB) do Pará, foram alvos de recentes operações.>
Em nota divulgada nesta sexta-feira (26), a PGR afirmou que a ida a Curitiba consistiu em uma visita de trabalho à força-tarefa da operação.>
Desde o início das investigações, afirmou a PGR, há um intercâmbio de informações entre a PGR e as forças-tarefas da Lava Jato nos estados. "[Elas] atuam de forma colaborativa e com base no diálogo", afirmou o comunicado.>
A força-tarefa da Lava Jato em Curitiba enviou nesta quinta-feira (25) um ofício à corregedoria do MPF (Ministério Público Federal), como revelou o jornal O Globo, relatando que Lindora realizou manobra ilegal para copiar bancos de dados sigilosos de investigações de maneira informal e sem apresentar documentos ou justificativa.>
Segundo o documento, "não foi informada a pauta da reunião e quem acompanharia" a subprocuradora.>
"Também não foi formalizado nenhum ofício solicitando informações ou diligências, ou informado procedimento correlato, ou mesmo o propósito e o objeto do encontro. Além disso, não informou se a diligência era de natureza administrativa, correicional ou finalística", escreveram os procuradores.>
A PGR afirmou na nota que os processos em tramitação na Justiça Federal do Paraná têm relação com ações e procedimentos em andamento no STJ (Superior Tribunal de Justiça).>
Segundo a procuradoria, não houve inspeção, mas uma visita de trabalho da subprocuradora, com o objetivo de obter informações globais sobre o atual estágio das investigações e o acervo da força-tarefa, para solucionar eventuais passivos.>
"Não se buscou compartilhamento informal de dados, como aventado nas notícias da imprensa, mas compartilhamento formal com acompanhamento de um funcionário da Sppea (Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise), órgão vinculado à PGR, conforme ajustado previamente com a equipe da força-tarefa em Curitiba.">
A nota da PGR informou que o compartilhamento de dados foi feito por meio de ofício de 13 de maio e que um pedido semelhante foi enviado às forças-tarefas de São Paulo e do Rio.>
"A visita foi previamente agendada, há cerca de um mês, com o coordenador da força-tarefa de Curitiba --que, inclusive, solicitou que se esperasse seu retorno das férias, o que foi feito. O procurador Deltan Dallagnol sugeriu que a reunião fosse marcada entre 15 e 19 de junho, mas acabou acontecendo nessa quarta-feira (24) e quinta-feira (25).">
Diante da demora para a efetivação da providência, disse a PGR, o dia da reunião de trabalho poderia servir também para que a Sppea tivesse acesso ao material solicitado. A medida tem respaldo em decisão judicial que determina o compartilhamento de dados sigilosos com a PGR para utilização em processos no STF (Supremo Tribunal Federal) e no STJ.>
"A PGR estranha a reação dos procuradores e a divulgação dos temas, internos e sigilosos, para a imprensa", afirmou a nota.>
A procuradoria informou que a corregedora-geral do MPF, Elizeta Paiva, também iria a Curitiba, mas não viajou nesta semana por motivos de saúde, conforme oficialmente informado ao gabinete do PGR.>
Em nota conjunta, as forças-tarefas da Lava Jato e da operação Greenfield manifestaram apoio aos procuradores da Lava Jato que atuam na PGR, em Brasília.>
O texto é assinado pelos procuradores e procuradores regionais da República que integram as forças-tarefas da Lava Jato no Paraná, em São Paulo e no Rio de Janeiro e a força-tarefa da Greenfield.>
Eles dizem que "vêm a público expressar sua integral confiança nos procuradores da República Hebert Reis Mesquita, Luana Macedo Vargas, Maria Clara Noleto e Victor Riccely Lins Santos".>
Segundo a nota, os procuradores são "competentes, dedicados, experientes e amplamente comprometidos com a integridade, a causa pública e o combate à corrupção e enfrentamento da macrocriminalidade".>
Ao longo de anos, Mesquita, Vargas, Noleto e Santos "cooperaram amplamente em importantes trabalhos conjuntos com as forças-tarefas Lava Jato e Greenfield, razão pela qual os seus integrantes expressam seu profundo agradecimento e admiração", diz o documento.>
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