Publicado em 26 de agosto de 2020 às 18:35
Inquérito da Polícia Civil da Bahia, concluído nesta quarta-feira (26), aponta que o ex-capitão da PM-RJ (Polícia Militar do Rio de Janeiro) Adriano da Nóbrega, morto em fevereiro deste ano, atirou sete vezes contra policiais militares antes de ser atingido por dois tiros. >
Laudo do DPT (Departamento de Polícia Técnica) concluiu que não houve tortura e descartou execução.>
Apontado como chefe de uma milícia do Rio de Janeiro, Adriano foi citado na investigação que apura a prática de um esquema de devolução de salários no gabinete do então deputado estadual e hoje senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), no caso conhecido como "rachadinha".>
O filho do presidente, que nega as acusações, o homenageou duas vezes na Assembleia do Rio de Janeiro. O miliciano teve duas parentes nomeadas por Flávio Bolsonaro.>
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Conforme o inquérito da Polícia Civil da Bahia, dois disparos feitos por Adriano atingiram o escudo dos policiais que tentavam prendê-lo em um sítio na cidade de Esplanada (170 km de Salvador). Os outros cinco tiros acertaram a parede e uma janela do local.>
Três dias após a morte de Adriano da Nóbrega, o senador Flávio Bolsonaro se pronunciou nas redes sociais.>
"DENÚNCIA! Acaba de chegar a meu conhecimento que há pessoas acelerando a cremação de Adriano da Nóbrega para sumir com as evidências de que ele foi brutalmente assassinado na Bahia. Rogo às autoridades competentes que impeçam isso e elucidem o que de fato houve", escreveu.>
Nesta quarta-feira, em entrevista coletiva, o delegado Marcelo Sansão, à frente das investigações, afastou a hipótese de que Adriano tenha sido executado.>
"Através dos depoimentos de testemunhas e dos envolvidos, além dos exames do DPT, percebemos que os policiais atuaram na tentativa de efetuar a prisão e acabaram entrando em confronto, após disparos de Adriano", afirmou.>
Ele destacou que as declarações das testemunhas e as perícias técnicas convergiram.>
O perito José Carlos Montenegro, um dos responsáveis pela reprodução simulada, afirmou que os policiais que participaram da operação foram ouvidos separadamente.>
"Remontamos o cenário, com cada um de forma isolada, e a sequência relatada foi a mesma. O cenário analisado retrata um confronto", destacou.>
O diretor do Instituto Médico Legal (IML), Mário Câmara, declarou que a necropsia realizada no corpo do ex-capitão da PM não constatou elementos que indicassem tortura e nem tiros com armas encostadas ao corpo.>
"Foram dois tiros que atingiram Adriano, em distâncias superiores a um metro", ressaltou.>
Conforme as perícias técnicas, a ação policial durou 6 minutos e 30 segundos.>
A investigação apontou que Adriano da Nóbrega tentou se esconder dentro de uma casa no sítio. Os policiais, ao se aproximarem da entrada, teriam dito para ele se render.>
"Diante da ausência de resposta, o tenente deu a ordem para arrombamento da porta principal", contou Montenegro. De acordo com ele, neste momento, Adriano teria efetuado os disparos.>
"A guarnição estava sob a proteção do escudo. Não só ele recebe os disparos, a parede posterior aos policiais também foi atingida", declarou Montenegro. Os três policiais dispararam e dois tiros quase simultâneos atingem tórax, pescoço e clavícula.>
Adriano ainda chegou a ser levado para um hospital da região, mas não resistiu.>
O pecuarista Leandro Guimarães é suspeito de ter ajudado o miliciano. Ele chegou a ser preso por porte ilegal de armas durante a operação que resultou na morte de Adriano, mas teve a sua prisão relaxada pela Justiça mediante fiança e uso de tornozeleira eletrônica.>
Em depoimento à polícia, Guimarães afirmou que, na véspera da operação policial, foi ameaçado por Adriano para que o ajudasse a se esconder no sítio de Gilsinho de Dedé -- este último, que é vereador de Esplanada pelo PSL, alega que não conhece Adriano e teve o seu sítio invadido pelo ex-policial.>
A Polícia Civil informou que as investigações indicam que Gilsinho não sabia que Adriano estaria no sítio.>
Adriano da Nóbrega era alvo de um mandado de prisão expedido no início de 2019 a pedido do MPRJ ( Ministério Público do Rio de Janeiro), que investiga integrantes de uma milícia com atuação em Rio das Pedras, na zona oeste do estado.>
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