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Grupo da Lava Jato na PGR pede demissão coletiva por discordar de gestão Aras

Grupo da Lava Jato na PGR pede demissão coletiva por discordar de gestão Aras

O grupo, que agora fica sem nenhum integrante, é responsável por conduzir os inquéritos envolvendo políticos com foro privilegiado decorrentes da operação

Publicado em 26 de junho de 2020 às 20:46

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Procuradoria da República no Paraná
Grupo atuava na Procuradoria da República no Paraná. (Mateus Coutinho/AE)

Procuradores que integram o núcleo da Operação Lava Jato na Procuradoria-Geral da República (PGR) pediram demissão nesta sexta, 26, por divergências com a forma que a gestão Augusto Aras tem conduzido os trabalhos por meio de sua aliada, a subprocuradora-geral Lindora de Araújo. A renúncia ocorre na esteira de ‘diligência’ feita por Lindora na sede do Ministério Público Federal em Curitiba, segundo acusou a força-tarefa da Lava Jato.

Pediram demissão os procuradores Hebert Reis Mesquita, Luana Vargas de Macedo e Victor Riccely. O grupo era responsável pela condução de inquéritos envolvendo políticos com foro privilegiado no Supremo, além de atuar em habeas corpus movidos na Corte em favor dos investigados e a negociação de delações premiadas.

Segundo apurou o Estadão, as portarias de dispensa já foram assinadas.

Mais cedo, a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba enviou ofício a Aras e à corregedoria da PGR acusando a subprocuradora Lindora, braço-direito de Aras, de ir à sede do Ministério Público Federal do Paraná para consultar arquivos que originaram a Lava Jato, em 2014. No documento, os procuradores alegam ‘estranhamento’ gerado pela ‘busca informal’ de dados e o uso do nome da corregedoria do MPF.

O ofício presta ‘informações sobre reuniões e atos realizados pela excelentíssima subprocuradora-geral da República Lindora Maria Araújo’, nos dias 24 e 25 deste mês, ‘em que se buscou acesso a informações, procedimentos e bases de dados desta força-tarefa em diligência efetuada sem prestar informações sobre a existência de um procedimento instaurado, formalização ou escopo definido’.

Além de Curitiba, o ofício para consulta de informações da Lava Jato também foi enviado para as forças-tarefas do Rio e de São Paulo. Assim como em Curitiba, a solicitação de dados inclui materiais de interesse para a PGR, como relatórios de inteligência financeira do Coaf (atual Unidade Inteligência Financeira), dados de cooperações internacionais, entre outros.

A ação de Lindora foi considerada inusitada pela Lava Jato Curitiba e um risco para os dados das investigações. No documento enviado a Aras, os procuradores afirmaram que embora a subprocuradora-geral ‘tenha afirmado que não buscava a transferência de dados sigilosos’, na reunião defendeu-se que o entendimento da equipe da PGR era de ‘que materiais, mesmo obtidos mediante decisão judicial, podem ser compartilhados para acesso para fins de inteligência no âmbito do Ministério Público’.

Em nota, Lindora negou irregularidades na visita e disse que se tratava de uma reunião previamente agendada. “Não houve inspeção, mas uma visita de trabalho que visava à obtenção de informações globais sobre o atual estágio das investigações e o acervo da força-tarefa, para solucionar eventuais passivos” Segundo ela, não se “buscou compartilhamento informal de dados, como aventado em ofício dos procuradores”. A solicitação de compartilhamento foi feita por meio de ofício no dia 13 de maio.

O QUE DIZ A SUB-PROCURADORA-GERAL DA REPÚBLICA, LINDORA MARIA ARAÚJO

Como coordenadora da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ), a subprocuradora-geral Lindora Araújo realizou visita de trabalho à força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. Desde o início das investigações, há um intercâmbio de informações entre a PGR e as forças-tarefas nos estados, que atuam de forma colaborativa e com base no diálogo.

Processos que tramitam na Justiça Federal do Paraná têm relação com processos que tramitam no STF e no STJ, e a subprocuradora-geral Lindora Araújo é responsável pela interlocução entre as diferentes equipes da Lava Jato.

A visita não foi de surpresa, mas previamente agendada, há cerca de um mês, com o coordenador da força-tarefa de Curitiba –que, inclusive, solicitou que a PGR esperasse seu retorno das férias, o que foi feito.

Não houve inspeção, mas uma visita de trabalho que visava à obtenção de informações globais sobre o atual estágio das investigações e o acervo da força-tarefa, para solucionar eventuais passivos. Um dos papéis dos órgãos superiores do Ministério Público Federal é o de organizar as forças de trabalho.

A visita não buscou compartilhamento informal de dados, como aventado em ofício dos procuradores. A solicitação de compartilhamento foi feita por meio de ofício no dia 13 de maio. O mesmo ofício, com o mesmo pedido, foi enviado para as forças-tarefas de Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro.

Os assuntos da visita de trabalho, como é o normal na Lava Jato, são sigilosos. A PGR estranha a reação dos procuradores e a divulgação dos temas, internos e sigilosos, para a imprensa.

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