Publicado em 21 de maio de 2021 às 14:55
Os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniram há alguns dias no apartamento do ex-ministro do STF e ex-ministro da Justiça e da Defesa Nelson Jobim. >
O encontro, no dia 12 de maio, pode ser considerado histórico: os dois estiveram em lados opostos nas últimas sete eleições presidenciais, ou em um embate direto ou apoiando diferentes candidatos. >
Depois da reunião, o tucano e o petista começaram a trocar amabilidades por meio da imprensa. Fernando Henrique Cardoso disse, em entrevista à TV Globo, que votará em Lula em 2022 caso o segundo turno fique entre o petista e Jair Bolsonaro (sem partido). >
Lula retribuiu a gentileza e disse que faria o mesmo caso a disputa ficasse entre o tucano (que não é candidato) e Bolsonaro."Fico feliz que ele tenha dito que votaria em mim e eu faria o mesmo se fosse o contrário. Ele [FHC] sempre foi um intelectual e sabe que não dá para inventar uma candidatura", escreveu o petista em suas redes sociais. >
>
De acordo com fontes ouvidas pela reportagem, os dois conversaram sobre os problemas do Brasil e os desafios diante da crise econômica e da pandemia do novo coronavírus. E concordaram nas críticas em relação a Bolsonaro. >
Os perfis oficiais de Lula no Instagram e no Twitter também registraram o encontro. Disse que o almoço oferecido por Jobim aos dois teve "muita democracia no cardápio": "Os ex-presidentes tiveram uma longa conversa sobre o Brasil, sobre nossa democracia, e o descaso do governo Bolsonaro no enfrentamento da pandemia". >
Jobim foi ministro da Justiça no governo de FHC e da Defesa nos governos de Lula e Dilma Rousseff. >
A declaração de voto de FHC em Lula irritou Jair Bolsonaro. >
Em live na quinta (20), o presidente afirmou que "esse cara de pau do FHC dizendo agora que vai votar no Lula. Dá vontade de soltar um dinheirinho para o MST da região da fazenda do FHC para o pessoal invadir de novo lá. Quem sabe ele aprenda". Em setembro de 2000, quando o tucano ainda era presidente, um grupo de sem-terra ligado ao MST invadiu uma fazenda no Pontal do Paranapanema que tinha como herdeiro um ex-sócio de FHC. >
Nesta sexta (21), em viagem ao Maranhão, Bolsonaro disse, depois da revelação do encontro: "Falando em política, para o ano que vem, já tem uma chapa formada: um ladrão candidato a presidente e um vagabundo como vice". >
O encontro de FHC e Lula repercutiu amplamente no meio político. O PSDB revelou incômodo e, por meio de nota, disse que ele "não faz bem a um potencial candidato do PSDB", já que envia "sinais trocados a nossos eleitores". >
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), afirmou que defende uma conversa dos ex-presidentes "há alguns anos": "Trata-se de proteger a democracia ameaçada pela extrema-direita bolsonarista", escreveu ele em redes sociais. >
Em um debate on-line promovido pelo Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa, Fernando Henrique Cardoso voltou a dizer, na quinta (20), que quer uma terceira via para 2022. Mas que, se ela não se viabilizar, votará em Lula no segundo turno. >
"Vou lutar para que haja um candidato. Se for do PSDB, bom. Se não for, também não tem importância. Mas vou votar contra Bolsonaro", disse o tucano. >
Disse também que conhece Lula "razoavelmente bem" há muitos anos e que o petista sente o momento político. >
"Não sou lulista. Se tiver terceira solução, melhor. Mas ele [Lula] sente o momento. O presidente atual do Brasil não sente o momento, não sente nada. O outro [Lula] tem suficiente esperteza para sentir". E seguiu: "Acho melhor terceira via, mas, se não houver, quem não tem cão caça com gato. E, no caso, o gato não é tão feroz, não é uma onça. É um gato pacificado, já tem experiência. A vida ensina. Pelo menos alguns aprendem. É melhor apostar". >
Uma pesquisa do Datafolha divulgada em 12 de maio mostrou que Lula lidera a corrida eleitoral e que polariza com Bolsonaro. Nomes que seriam da terceira via ficam bem atrás dos dois na disputa. >
De acordo com o instituto, Lula teria hoje 41% dos votos, contra 23% de Bolsonaro. Sergio Moro teria 7%, Ciro Gomes, 6%, Luciano Huck, 4%, João Doria, 3%, Luiz Henrique Mandetta, 2%, e João Amoedo, 2%. >
No segundo turno, Lula bateria Bolsonaro por 55% a 32%. >
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta