Publicado em 24 de junho de 2022 às 09:36
O ex-ministro da Fazenda Ernane Galvêas morreu na noite desta quinta-feira (23), aos 99 anos, no Rio de Janeiro. Ele também foi presidente do Banco Central e atuava como assessor econômico da Confederação Nacional do Comércio (CNC). >
Ernane estava no Hospital Samaritano, em Botafogo, zona sul do Rio. No início da semana, economista havia se submetido a uma cirurgia na garganta. O ex-ministro deixa dois filhos, duas netas e três bisnetos. >
O ex-ministro nasceu em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado, em 1º de outubro de 1922. Ele era graduado em ciências contábeis, economia e direito. Realizou cursos de extensão no Instituto de Economia de Wisconsin, nos Estados Unidos, e no Centro Monetário Latino-Americano, na Cidade do México. Era mestre em Economia por Yale (EUA). >
O ex-governador do Espírito Santo Arthur Gerhardt lamenta o falecimento de Ernane, a quem ele diz que "era um grande amigo e uma das glórias do Espírito Santo". Os dois se falaram pela última vez há cerca de um mês.>
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"Ele sempre teve sempre uma vida pública muito importante, desde antes da criação do Banco Central. Depois foi presidente do Banco Central. Foi ministro da Fazenda e sempre pensou e trabalhou pelo Espírito Santo. O Estado perde um grande nome, um grande amigo e uma pessoa que teve um peso no governo federal muito grande, sempre a favor do Espírito Santo", destaca. >
O ex-ministro ingressou em 1942 no Banco do Brasil, foi chefe-adjunto do Departamento Econômico da Sumoc (Superintendência da Moeda e do Crédito) e assessor econômico do então Ministério da Fazenda na década de 1960. >
Ele também foi presidente do Banco Central do Brasil por dois períodos, de 1968 até 1974 e de 1979 até 1980. >
Segundo a publicação "História Contada do Banco Central do Brasil", na visão de Galvêas, apesar de o Brasil ter vivido o milagre econômico no início da década de 1970, a desorganização oficial do ensino no país era o principal fator responsável pela piora da distribuição de renda relativa no período. >
Após o primeiro período na presidência do Banco Central, em março de 1974, Galvêas ingressou no setor privado, como presidente da Aracruz Celulose. >
Ele exerceu o cargo de ministro da Fazenda no fim da ditadura militar, durante o governo do general João Baptista de Figueiredo, de janeiro de 1980 a março de 1985. Nessa década, o país assistiria a um dos períodos econômicos mais turbulentos de sua história, marcado pela hiperinflação, que só seria controlada mais tarde, com o Plano Real. >
Durante suas passagens pelo governo, o país também enfrentou recessão mundial, crise do petróleo, escalada de juros e crise na balança de pagamentos, tendo sido contemporâneo de Antônio Delfim Netto (ex-ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento) no governo. >
"Foi o período mais difícil da história econômica do Brasil. Foi quase um milagre ter-se atravessado o período apenas com uma ligeira recessão nos anos de 1981 e 1983. Isso representou um preço mínimo para quem teve de enfrentar todas as agressões da área externa, os problemas internos, e conseguiu fechar o ano de 1984 com US$ 27 bilhões de exportações, US$ 13 bilhões de saldo na balança comercial e US$ 8 bilhões de reservas, e a economia crescendo a quase 6% ao ano. Evidentemente, à custa de uma inflação de 200%", disse, à publicação do BC. >
Ele também era membro do Conselho Diretor da Fundação Getulio Vargas, da Academia Internacional de Direito e Economia e presidente de honra da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil). >
"O País perde uma referência não apenas na área econômica, mas um humanista de primeira grandeza, de uma estatura intelectual admirável", lamentou o presidente da CNC, José Roberto Tadros, por meio de nota. >
"Com seu conhecimento, sua experiência e sabedoria, ajudou a CNC e o Brasil a serem maiores. Pessoalmente, perco um grande amigo, cuja convivência sempre foi marcada pelo afeto, respeito e admiração." >
A Confederação Nacional do Comércio de bens, Serviços e Turismo (CNC) emitiu uma nota de pesar o "falecimento do consultor econômico da presidência e presidente do conselho técnico da entidade". Confira o documento na íntegra.>
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