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Desembargador do ES preso ficou 18 anos afastado por suspeita de venda de sentença

Desembargador do ES preso ficou 18 anos afastado por suspeita de venda de sentença

Defesa de Macário Júdice diz que STF 'foi induzido a erro'; magistrado foi reintegrado à carreira em 2023 e, em seguida, promovido

Publicado em 16 de dezembro de 2025 às 12:18

SÃO PAULO - Preso nesta terça-feira (16) em operação que investiga vazamento de informações sigilosas, o desembargador federal Macário Ramos Júdice Neto, 59, do TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região), passou 18 anos afastado do Judiciário respondendo a processo por suposta venda de sentenças no Espirito Santo. Inocentado, foi reintegrado ao Judiciário em 2023 e, no mesmo ano, promovido a desembargador.

O magistrado foi preso pela Polícia Federal na 2ª fase da Operação Unha e Carne, em sua casa, na Barra da Tijuca, zona sudoeste do Rio de Janeiro.

A defesa do desembargador, por meio do advogado Fernando Augusto Fernandes afirma que "o ministro Alexandre de Moraes foi induzido a erro ao determinar a medida extrema".

Desembargador Macário Judice Crédito: Divulgação - AG

O advogado diz ainda que não foi disponibilizada a cópia da decisão que decretou a prisão "obstando o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa". Fernandes afirma que apresentará os esclarecimentos nos autos e vai pedir a imediata soltura de Júdice Neto.

O desembargador é o relator do processo contra o o ex-deputado Thiego Raimundo dos Santos, conhecido como TH Joias, que está preso sob suspeita de ligação com o Comando Vermelho. O desembargador expediu, em setembro, mandado de prisão contra o ex-deputado na Operação Zargun.

Na ação desta terça, além do mandado de prisão preventiva contra o desembargador, a PF cumpre dez mandados de busca e apreensão, expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), no Rio de Janeiro e no Espírito Santo.

Macário Ramos Júdice Neto foi reintegrado à magistratura em 2023 e promovido a desembargador após ficar afastado por 18 anos em razão de denúncias e investigações sobre sua atuação como juiz federal no Espírito Santo.

O primeiro afastamento de Júdice Neto ocorreu em 2005, determinado pelo TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região), em ação penal que investigava a suposta venda de sentenças por parte dele em esquema ligado à máfia dos caça-níqueis. O então juiz foi absolvido da acusação, mas continuou afastado porque havia um PAD (Processo Administrativo Disciplinar) sobre o mesmo tema.

O processo, com diversos recursos, chegou ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) em 2022, e o órgão decidiu que o prazo para julgamento já havia sido extrapolado e determinou a sua reintegração à magistratura.

Neto foi aposentado em dezembro de 2015 pelo plenário do TRF-2. No mesmo mês, decisão liminar suspendeu a punição devido à falta de quórum na sessão que definiu a aposentadoria.

A decisão surpreendeu a Corregedoria Nacional de Justiça. A medida foi interpretada como um sinal de que o órgão teria assumido uma linha de maior abrandamento nas questões disciplinares.

Júdice Neto passou a vestir a toga na segunda instância federal promovido pelo critério de antiguidade, em vaga criada pela Lei 14.253, de 30 de novembro de 2021. A norma ampliou a composição dos TRFs. No da 2ª Região, a estrutura passou de 27 para 35 membros, número que foi atingido com a posse realizada em junho de 2023.

O desembargador nasceu em Cachoeiro de Itapemirim, sul do Espírito Santo, e graduou-se em Direito pela Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo). Foi aprovado no 2º Concurso do TRF da 2ª Região para o cargo de juiz federal substituto e sua nomeação ocorreu em 26 de março de 1993.

Foi designado para atuar como juiz federal substituto junto a 3ª Vara Federal, a 1ª Vara Federal e a 5ª Vara Federal, todas localizadas em Vitória.

Foi promovido ao cargo de juiz federal em 12 de agosto e 1996, de acordo com o TRF-2.

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