Publicado em 20 de outubro de 2020 às 17:55
Indicado pelo presidente Jair Bolsonaro ao TCU (Tribunal de Contas da União), o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, teve seu nome aprovado pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado nesta terça (20), após mais de três horas de sabatina. >
O colegiado aprovou a indicação por 23 votos a 3. Ainda nesta terça, o nome de Oliveira deve ser votado pelo plenário do Senado. Ele chegou a ser o favorito de Bolsonaro para uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal), mas o presidente acabou escolhendo o juiz federal Kassio Nunes Marques.>
Na sabatina, o ministro defendeu a punição dos gestores que cometerem irregularidades no uso de recursos públicos destinados a ações de combate à Covid-19.>
"Nós não podemos engessar o gestor público neste momento, mas essa discricionariedade não significa uma irresponsabilidade. Então, os gestores que aproveitaram a situação, se excederam e cometeram os seus equívocos serão regularmente punidos nos rigores da lei.">
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No final de julho, o TCU determinou que o Ministério da Saúde apresentasse documentos que detalhassem a lógica adotada na transferência de recursos, a estados e municípios, para o combate à pandemia.>
Investigações envolvendo repasses da saúde resultaram no afastamento do senador Chico Rodrigues (DEM-RR). Ele foi alvo de mandado de busca e apreensão pela Polícia Federal, em Boa Vista, em operação que apura desvios em verbas de combate à Covid-19.>
De acordo com informação da PF enviada ao Supremo, o senador escondeu R$ 33.150 na cueca. Desse total, R$ 15 mil em maços de dinheiro estavam entre as nádegas.>
Esta foi a segunda operação relacionada a valores destinados ao combate à pandemia da Covid-19 em Roraima. Anteriormente, em agosto, a PF e a CGU (Controladoria-Geral da União) deflagraram a Operação Vírion, que também investigou contratos firmados entre a Secretaria da Saúde do estado e empresas suspeitas.>
Sem citar nomes, Oliveira afirmou na sabatina que há divergências entre o setor público e o setor privado que, segundo ele, podem trazer dificuldades aos gestores.>
"No setor público o administrador só faz aquilo que a lei permite. No setor privado, pode-se fazer qualquer coisa que a lei não proíba. Isso traz uma dificuldade muito grande para os gestores, até pelos mecanismos de controle que são impostos", disse.>
Oliveira foi indicado por Bolsonaro ao TCU para assumir no lugar de José Múcio Monteiro, que decidiu antecipar para este mês a formalização de sua aposentadoria da corte, antes prevista para 31 de dezembro.>
Ocorrida antes da saída de Monteiro, a sabatina foi criticada por alguns senadores. Alessandro Vieira (Cidadania-SE) considerou como inoportuno o fato de o Senado estar sabatinando o indicado com a vaga ainda ocupada pelo titular.>
"Não existe neste momento nenhum tipo de restrição à pessoa do indicado ou coisa parecida, mas existe um obstáculo fático: a vaga não existe. A vaga irá surgir caso se confirme a aposentadoria", disse Vieira.>
Durante a sabatina, Oliveira defendeu a indicação e afirmou que não há irregularidades, uma vez que sua nomeação, em caso de aprovação, só irá ocorrer após a saída de Monteiro.>
"Não houve nenhuma pretensão do presidente da República em desrespeitar o Parlamento e as regras postas porque, por óbvio, o que não pode ocorrer é a nomeação para o cargo enquanto não houver a vacância e, em consequência, a posse.">
Formado em direito e policial militar aposentado, Oliveira é amigo de Bolsonaro e de seus filhos. O pai do ministro, o capitão do Exército Jorge Francisco, morto em abril de 2018, trabalhou no gabinete de Jair Bolsonaro por mais de 20 anos quando ele era deputado federal.>
O ministro é hoje um dos principais conselheiros do presidente e ocupa um cargo estratégico por chefiar a Subchefia de Assuntos Jurídicos, em que são elaborados e por onde são publicados os principais atos do governo. Por isso, Bolsonaro precisa de um aliado de primeira hora para o cargo.>
Além de ser questionado sobre regras para punições de agentes públicos, Oliveira também foi indagado sobre a quantidade de obras públicas paralisadas no país devido a irregularidades.>
De acordo com o ministro, um levantamento do Tribunal de Contas aponta mais de 30 mil obras federais paralisadas.>
"Isso é um desperdício de dinheiro público e esse desperdício de dinheiro público ou mau uso desse recurso traz muitos prejuízos à sociedade, não só pelas obras, mas também porque nós estamos tirando dinheiro que poderia ser empregado de maneira mais efetiva em outra política pública", disse Oliveira.>
Os senadores também questionaram o indicado sobre a manutenção do teto de gastos, que limita o crescimento das despesas federais.>
"É importante para o país ter essa disciplina fiscal para que o nível de endividamento cresça a cada ano. O teto de gastos tem sido defendido por parcelas significativas do Parlamento brasileiro, como conceito, é o texto constitucional que nós temos que respeitar", respondeu.>
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