> >
Caso Miguel: empregada de prefeito era paga pelo município

Caso Miguel: empregada de prefeito era paga pelo município

O prefeito de Tamandaré, no litoral sul de Pernambuco, Sérgio Hacker (PSB), pode responder por crime de responsabilidade no caso da morte de Miguel Otávio da Silva, de 5 anos, que caiu do 9º andar de um prédio no Recif

Publicado em 6 de junho de 2020 às 08:56

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura

A empregada doméstica Mirtes Renata de Souza, mãe do garoto que trabalhava para Sari Corte Real, mulher do prefeito, está cadastrada no Portal de Transparência do município de Tamandaré (PE),  desde 1º de fevereiro de 2017, como servidora pública da prefeitura. Consta que a funcionária exercia cargo comissionado (sem carga horária específica) de gerente de divisão, locada na Manutenção das Atividades de Administração da cidade. O pagamento seria equivalente a um salário mínimo. Mirtes disse que não sabia do cargo e trabalhava apenas na casa dos patrões, segundo o Portal UOL.

Fátima Bernardes chora durante entrevista com Mirtes Renata, mãe de Miguel
Fátima Bernardes chora durante entrevista com Mirtes Renata, mãe de Miguel. (Reprodução/TV Globo)

Miguel Otávio, de 5 anos, morreu após cair do nono andar do edifício enquanto a mãe, que é empregada da família do prefeito, passeava com os cães da família na rua. 

O Tribunal de Contas do Estado informou ontem que vai instaurar auditoria especial. "Após a fiscalização, constatada a veracidade dos fatos, o gestor poderá ser implicado em crime de responsabilidade e infração político-administrativa", afirma em nota. O TCE explicou que o prefeito e possíveis pessoas implicadas devem ressarcir os cofres públicos, caso se confirme a ilegalidade no pagamento.

Procurados pelo jornal O Estado de São Paulo, Hacker e Mirtes não se pronunciaram sobre o assunto até as 19 horas. Em nota, o prefeito disse estar "profundamente abalado" e deve prestar contas aos órgãos competentes.

Segundo a Polícia Civil, Miguel caiu do prédio onde moram Sari e Hacker depois de Sari apertar um botão e deixar a criança sozinha no elevador. Ao desembarcar no 9º andar, o menino despencou de área sem tela de proteção. No momento, Mirtes passeava com o cachorro da patroa. Sari chegou a ser autuada por homicídio culposo, mas pagou fiança.

O CASO

O menino Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, morreu após cair do 9º andar, em uma altura de cerca de 35 metros, do Edifício Píer Maurício de Nassau, condomínio de luxo no bairro de São José, no Recife, onde a mãe dele trabalhava como empregada doméstica. A patroa, que não teve nome divulgado no dia mas que depois foi identificada como Sari Corte Real, foi autuada por homicídio culposo (sem intenção de matar). Presa em flagrante, foi conduzida à Polícia Civil, onde pagou R$ 20 mil em fiança para responder ao inquérito em liberdade. O prazo para concluir a investigação é de 30 dias, a depender das apurações.

Miguel Otávio Santana da Silva, 5, morreu após cair do 9ª andar de um prédio
Miguel Otávio Santana da Silva, 5, morreu após cair do 9ª andar de um prédio . (Reprodução/ Redes sociais )

Conforme a Polícia Civil, a criança caiu do edifício após ter sido deixada pela mãe, Mirtes Renata Souza, sob responsabilidade da patroa, enquanto saía para passear com o cachorro da família. Enquanto a mãe estava fora, o menino tentou entrar duas vezes no elevador e, depois, teve acesso ao 9º andar do prédio. Na área, ficava uma caixa de condensadores de aparelhos de ar-condicionado sem tela de proteção.

Em imagens de câmeras de segurança do prédio obtidas pela TV Globo, é possível ver a patroa falar com a criança e, por fim, permitir que o menino entre sozinho no elevador. Conforme a gravação, ela chega a aproximar a mão do botão do elevador onde ficam os andares mais altos do prédio, antes que a porta se feche. "A gente observa que ela (a patroa) aperta um outro andar superior ao apartamento em que residia e a criança acaba, de forma inesperada pela investigação, a ficar só no elevador. Ela sobe, para no primeiro andar e depois, ao abrir a porta do 9º andar, desembarca", disse o delegado da Delegacia Seccional de Santo Amaro, Ramon Teixeira.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais