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Brasil pode dobrar mortes por coronavírus até domingo

Brasil pode dobrar mortes por coronavírus até domingo

Estudo revela que o Brasil tem a pior situação no mundo, com número de casos em crescimento

Publicado em 30 de abril de 2020 às 10:24

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Pessoas com síndrome gripal devem ficar isoladas por 14 dias, mesmo sem diagnóstico de coronavírus
Pessoas com síndrome gripal devem ficar isoladas por 14 dias, mesmo sem diagnóstico de coronavírus. (Mohamed Hassan/Pixabay)

O total de mortes pela Covid-19 no Brasil pode chegar a 9,7 mil até o próximo domingo (2), projeta o Imperial College de Londres. Novo estudo da instituição revela que o país tem a pior situação no mundo, com o número de casos "em provável crescimento" e um registro "muito grande" de óbitos. Crítico do isolamento social, o presidente Jair Bolsonaro tem defendido afrouxar as quarentenas para reabrir a economia e ampliou ontem a lista de atividades consideradas essenciais, incluindo até startups e serviços de locação de veículos.

O levantamento do Imperial College com 48 nações, divulgado ontem, revela que o número de óbitos deverá ser "muito alto" (acima de 5 mil) em só dois países, Brasil e Estados Unidos. Numa previsão menos pessimista, os cientistas previam 5,6 mil óbitos até o fim desta semana no Brasil - ontem, o Ministério da Saúde contabilizava 5.466. Os números previstos para os EUA são maiores, de 13 mil a 15 mil, mas por lá a epidemia já está se estabilizando.

O Imperial College é uma das mais conceituadas instituições em modelagem matemática e vem publicando projeções desde que a epidemia chegou à Europa. Foi por causa dos seus números que o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, se convenceu de que o isolamento social era necessário para evitar uma catástrofe.

O levantamento lista os países em que a disseminação do coronavírus está "provavelmente declinando", como França, Itália e Espanha e outros em que há estabilidade ou crescimento lento, como Alemanha, Reino Unido e os EUA. A pior previsão é para nove países em que a epidemia ainda se encontra "em provável crescimento", o que inclui Brasil, Canadá, Índia, México e Rússia. O Brasil tem ainda o maior número de reprodução de casos - cada doente transmite para aproximadamente três outros, forte indício de que a velocidade do crescimento da infecção é alto.

Pressionado ontem em audiência no Senado, o ministro da Saúde, Nelson Teich, citou estudo da pasta para mudar a diretriz de isolamento só para alguns grupos - como idosos, casos confirmados e aqueles em contato com doentes - e regiões mais críticas. Mas ponderou que o posicionamento do ministério não mudou até agora. "O fato de estar planejando agora não quer dizer que vai liberar ou sugerir flexibilização no momento em que a curva ainda está ascendente", afirmou.

Criticado por ter falado em relaxar o isolamento, Teich ponderou que a mudança dependerá de uma queda na curva de casos e a decisão será de Estados e municípios.

"Viramos referência mundial negativa", resume o infectologista Antônio Flores. "Tem a ver com nossas estratégias de testagem, não satisfatórias; da forma como o distanciamento social foi implementado em diferentes regiões e das mensagens conflitantes do governo. Ter uma mensagem consolidada é importante para que a comunidade tenha confiança na resposta; e aqui vemos protestos contra o isolamento", diz.

"O Brasil adotou medidas de distanciamento social precocemente, diferentemente dos EUA, e achatamos a curva (de crescimento da epidemia), adiamos o pico, mas isso tem de ser acompanhado pela oferta de leitos", afirma o infectologista Roberto Medronho, da UFRJ.

Serviços essenciais. O decreto de Bolsonaro inclui no rol de serviços essenciais atividades de alimentação, bancos, mecânica automotiva, transporte e armazenamento de cargas (mais informações acima.). A maior parte já estava liberada em alguns Estados, por determinação de governadores e prefeitos, já que nenhum local tem lockdown (fechamento) completo. O objetivo é impedir que essas atividades sejam atingidas por ordens locais.

Startups, serviços de locação de veículos e de equipamentos de refrigeração estão entre os que têm aval da União, mas não são contemplados no decreto de São Paulo, por exemplo. O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu este mês que Estados e municípios podem definir sozinhos as ações de quarentena. Para especialistas, setores contemplados pelo decreto e não autorizados nos Estados podem entrar na Justiça, mas o entendimento do STF sobre valer a regra local deve prevalecer. 

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