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É vice-governador e secretário de Estado de Desenvolvimento, apresenta neste espaço temas e reflexões sobre os setores que contribuem para o desenvolvimento social e econômico das pessoas e do Espírito Santo.

Privatizações e parcerias público-privadas: avanços sem preconceitos

Em 2023, foi instituído o Programa de Parcerias de Investimentos do Estado do Espírito Santo (PPI/ES). Somos um Estado organizado, com um ambiente que gera confiança para atrair investimentos

  • Ricardo de Rezende Ferraço É vice-governador e secretário de Estado de Desenvolvimento, apresenta neste espaço temas e reflexões sobre os setores que contribuem para o desenvolvimento social e econômico das pessoas e do Espírito Santo.
Publicado em 17/02/2024 às 02h00

No artigo anterior, afirmamos que a questão não é “se” devemos ter uma política industrial, mas do “como”. Ou seja, da qualidade, do controle da sociedade e da avaliação dos resultados. É preciso afastar as ideias pré-concebidas, especialmente as que salientam a incapacidade do Estado em realizar escolhas, e que por isso qualquer política industrial deve ser evitada. Ora, em qualquer área de intervenção estatal, mesmo na saúde e na educação, sempre haverá incertezas quanto as escolhas e resultados.

Essa mesma postura deveria conduzir nosso olhar sobre as privatizações e outras modalidades de parcerias entre o setor público e privado. O tema é complexo e alerto contra os preconceitos. No livro “A Privatização Certa (Por que as empresas privadas em iniciativas públicas precisam de governos capazes)”, de Sérgio G. Lazzarini, é apresentado um amplo painel sobre o assunto. Tanto do confronto das ideias, prós e contras, como dos condicionantes de custo-benefício, eficácia e inclusão, e com exemplos emblemáticos de sucesso e de fracasso.

O fato é que as privatizações tiveram um papel essencial no desenvolvimento do Espírito Santo. A virada da economia do estado ocorrida entre os anos 60 e 80, com a consolidação dos grandes projetos industriais-exportadores e o desenvolvimento do hub logístico e de comércio exterior, ganha um novo e potente impulso na década de 90.

Quatro grandes privatizações impactaram a economia e a sociedade capixaba em diferentes aspectos. A Companhia Siderúrgica de Tubarão abre o ciclo em 1992. Em 1995, a Escelsa foi a primeira empresa de energia elétrica privatizada no Brasil. A privatização da Companhia Vale do Rio Doce ocorre em 1997. Em 1998, a Telest no âmbito da telefonia. E tivemos também a mudança do marco regulatório da produção de petróleo e gás, em 1997, através da Lei nº 9478.

Houve modernização na gestão das empresas, mais investimentos para o Estado, aceleração do desenvolvimento de fornecedores locais, impacto na melhoria do ambiente de negócios. E redução do patrimonialismo, com impacto na qualidade da política e na sociedade capixaba como um todo. Isso não é uma avaliação de cada processo particular de privatização. Mas, de uma forma geral, foi um movimento positivo e transformador para o Espírito Santo.

Estamos presenciando agora um novo ciclo.

A Vports, ex-Codesa, é a primeira autoridade portuária privada do país, anunciou investimentos de R$ 130 milhões e projeção de dobrar a movimentação de cargas até 2028. Integralmente privatizada em março de 2023, a ES Gás (Energisa) está investindo R$ 160 milhões na ampliação da rede e prevê mais 83% de domicílios conectados até o fim de 2024.

O recente leilão da Estação de Produção de Água Reuso (Epar), com capacidade de transformar 300 l/s de esgoto em água de reúso para fim industrial. No acordo, a ArcelorMittal se compromete a adquirir o volume de 200 l/s. E a Cesan também realizará ainda neste ano Parcerias Público Privadas (PPPs) no valor de R$ 7,13 bilhões a fim de universalizar o serviço de coleta e tratamento de esgoto em 43 municípios.

Carregamento do lítio verde da Sigma, na Vports, novo Porto de Vitória
Carregamento do lítio verde da Sigma, na Vports, novo Porto de Vitória. Crédito: Letícia Orlandi

Em 2023, foi instituído o Programa de Parcerias de Investimentos do Estado do Espírito Santo (PPI/ES). Somos um Estado organizado, que por 12 anos consecutivos recebeu nota A sobre capacidade de pagamento da Secretaria do Tesouro Nacional. Um ambiente que gera confiança para atrair investimentos.

É hora de afastar os preconceitos e trabalhar para agilizar o processo de parcerias. Vamos transformar nossas vantagens atuais em mais futuro.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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