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Coronavírus: calamidade pública não é oportunidade de negócio

Quando o sentimento de coletividade deveria guiar toda a sociedade, aparecem “empreendedores” querendo criar “uma oportunidade na crise”. Além de imorais e desprezíveis, práticas são também ilegais

  • Bruno da Luz Darcy de Oliveira
Publicado em 23/03/2020 às 14h22
Atualizado em 25/03/2020 às 11h37
Pandemia de coronavírus: supermercados amanhecem lotados em Vitória. Crédito: Ricardo Medeiros
Pandemia de coronavírus: supermercados amanhecem lotados em Vitória. Crédito: Ricardo Medeiros

Organização Mundial da Saúde (OMS) já considera o Coronavírus (Covid-19) uma das maiores crises sanitárias da história da humanidade. Neste contexto de medo, falta de informação e fake news, muitas pessoas entram em pânico e procuram comprar produtos essenciais e que ajudam a prevenir a disseminação do vírus.

Nos últimos dias, verificamos brigas em supermercados e farmácias por itens como álcool em gel, luvas e máscaras. Até mesmo itens básicos como papel higiênico e papel toalha vêm causando estresse e descortinando o que há de pior na humanidade. Pessoas com 200 rolos de papel higiênico se recusando a compartilhar uma unidade com idosos que nem sequer deveriam estar nas ruas, devido ao alto risco de mortalidade nessa faixa etária.

Coronavírus afeta a rotina dos capixabas

A praça do pedágio da Terceira Ponte registra movimento mínimo às 17h, quando costuma ficar congestionada
A praça do pedágio da Terceira Ponte registra movimento mínimo às 17h, quando costuma ficar congestionada. Fernando Madeira
Pelas cidades é possível encontrar várias pessoas usando máscaras de proteção
Pelas cidades é possível encontrar várias pessoas usando máscaras de proteção. Vitor Jubini
Passageiros usam máscaras de proteção contra coronavírus no aeroporto de Vitória
Passageiros usam máscaras de proteção contra coronavírus no aeroporto de Vitória. Ricardo Medeiros
Bares e restaurantes da Praia do Canto, em Vitória, registram baixo movimento nos últimos dias
Bares e restaurantes da Praia do Canto, em Vitória, registram baixo movimento nos últimos dias. Vitor Jubini
Mulher usa máscara de proteção respiratória em um ponto de ônibus de Vitória
Mulher usa máscara de proteção respiratória em um ponto de ônibus de Vitória. Vitor Jubini
Nos coletivos é possível encontrar várias pessoas usando máscaras de proteção
Nos coletivos é possível encontrar várias pessoas usando máscaras de proteção. Vitor Jubini
Homem de máscara atravessa rua em Vitória
Homem de máscara atravessa rua em Vitória. Vitor Jubini
Rua Duckla de Aguiar, que dá acesso à Terceira Ponte, com pouco movimento
Rua Duckla de Aguiar, que dá acesso à Terceira Ponte, com pouco movimento. Fernando Madeira
Homem usa máscara de proteção em ônibus de Vitória
Homem usa máscara de proteção em ônibus de Vitória. Vitor Jubini
Homem usa máscara de proteção em ônibus de Vitória
Homem usa máscara de proteção em ônibus de Vitória. Vitor Jubini
Centro de Vitória com lojas fechadas e pouco movimento de pedestres
Centro de Vitória com lojas fechadas e pouco movimento de pedestres. Vitor Jubini
Centro de Vitória com lojas fechadas e pouco movimento de pedestres
Centro de Vitória com lojas fechadas e pouco movimento de pedestres
Centro de Vitória com lojas fechadas e pouco movimento de pedestres
Centro de Vitória com lojas fechadas e pouco movimento de pedestres
Centro de Vitória com lojas fechadas e pouco movimento de pedestres
Centro de Vitória com lojas fechadas e pouco movimento de pedestres
Centro de Vitória com lojas fechadas e pouco movimento de pedestres
Centro de Vitória com lojas fechadas e pouco movimento de pedestres
Centro de Vitória com lojas fechadas e pouco movimento de pedestres
Centro de Vitória com lojas fechadas e pouco movimento de pedestres
Centro de Vitória com lojas fechadas e pouco movimento de pedestres

Neste momento tão difícil podemos ver inúmeras ações de solidariedade: jovens em condomínios estão se oferecendo para comprar itens básicos para os idosos, empresas de automóveis se prontificando a fabricar respiradores hospitalares, fábricas de cerveja alterando a linha de produção para fabricação de álcool em gel...

Contudo, quando o sentimento de coletividade deveria guiar toda a sociedade, aparecem “empreendedores” querendo criar “uma oportunidade na crise”.

A principal “oportunidade de negócio” nada mais é do que estocar itens essenciais adquiridos por X e vendê-los para pessoas desesperadas por 10 vezes mais, ou quem já estava com os produtos à venda simplesmente aumentar em 100% ou até 1000% a margem de lucro sem qualquer justificativa. Ou seja, “plano brilhante” que utiliza o desespero e o medo das pessoas para obter um lucro rápido e fácil.

Essas pessoas sabem que são medidas imorais e desprezíveis, mas desconhecem que são também ilegais. O Código de Defesa do Consumidor veda expressamente essas práticas: “Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: ... V - Exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva; ... X - Elevar sem justa causa o preço de produtos e serviços.”

As penalidades pela adoção dessas condutas vão muito além de uma pequena multa. Os estabelecimentos que forem flagrados podem ter o produto apreendido, ser totalmente interditados e/ou até mesmo ter sua licença de funcionamento cassada, tudo conforme o art. 56 do Código de Defesa do Consumidor.

A Ordem dos Advogados do Brasil, o Ministério Público e o Procon estão atentos a essas condutas abusivas e irão agir fortemente em defesa da sociedade.

Portanto, se algum estabelecimento estiver adotando as práticas acima, denuncie imediatamente às autoridades competentes. E se você é um desses “empreendedores”, fique ciente que o que você está fazendo é ilegal e as consequências podem ser muito sérias.

O autor é advogado especialista em Direito Empresarial e do Consumidor e conselheiro da OAB-ES

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