O comediante Whindersson Nunes e a influencer Maria Lina Deggan anunciaram que estavam grávidos nas redes sociais com muita alegria. Porém, no mês de maio deste ano, infelizmente o casal passou por um parto prematuro, e seu pequeno filho João Miguel, de seis meses, veio ao mundo e não sobreviveu.
Pesquisas apontam que casais que perdem seus filhos na gestação ou até o primeiro mês de gravidez (luto perinatal) não apenas perdem um ser amado, mas são afetados por todas as expectativas e vivências que aquele filho poderia ofertar. E a palavra TODAS é real, pois por vezes nenhuma ou apenas pequenas lembranças estarão presentes em seu imaginário.
O problema é que a sociedade minimiza a dor desses pais, usando frases como “logo logo vocês engravidam novamente” ou “ainda não tinham vínculo com a criança, ficarão bem!”, tanto que os estudos psis dão a esse luto o nome de luto não reconhecido.
Assim, mães e pais são obrigados socialmente a não externarem seus sentimentos. São silenciados! Só que o silêncio machuca e adoece.
Quando o casal de artistas acima se separa em agosto pouco se suscita sobre o impacto da perda de seu filho sobre o relacionamento. Nas redes sociais a maioria os chamou de volúveis e ainda levantaram a hipótese de retorno de romances antigos como causa do término. Só eles sabem o porquê de não estarem mais juntos, porém aqui queremos deixar claro que por vezes o processo de luto é tão doloroso que os casais, por não conseguirem lidar com ele, se separam.
Um outro ponto importante a tratar é que na maioria das vezes a mulher é a pessoa acolhida nesse momento e o homem é aquele precisa ficar forte para ampará-la, como se ela fosse a única legitimada a sentir.
O comediante no Twitter mostra que essa realidade não cabe e responde a uma das frases aqui já exemplificadas: “Talvez Deus estivesse preparando algo... não amigo, não acredito que Deus faça um game com o filho dos outros não, fique na sua” desabafa ele em 31/08/2021.
No Instagram, um projeto destinado a apoiar esses homens enlutados chamado Luto do Homem (@lutodohomem) tem como proposta acolhê-los e trabalhar a ressignificação de conceitos limitantes ocasionados pela masculinidade tóxica imputada a eles pela sociedade.
De verdade, escolher o tema deste artigo para falar foi ao mesmo tempo que instigante e também apavorante afinal estou com 6 meses de gestação.
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Mas a mensagem tornou-se necessária: Que possamos sentir as nossas perdas! Que possamos chorar e sentir o que é necessário quando elas acontecerem! Que possamos expressar nossos sentimentos, não importando se formos homens ou mulheres. Que sejamos humanos!
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