Renata Braga, analista da Unidade de Ambiente de Negócios e Serviços Financeiros do Sebrae-ES, dá dicas sobre como avalancar negócios
Renata Braga, analista da Unidade de Ambiente de Negócios e Serviços Financeiros do Sebrae-ES, dá dicas sobre como avalancar negócios. Crédito: Todas Elas/Reprodução

Saiba o que é preciso para se tornar uma empreendedora de sucesso

Especialistas em negócios e investimentos listaram desafios e deram dicas sobre como empreendedoras podem alavancar projetos

Tempo de leitura: 5min
Vitória
Publicado em 27/03/2022 às 14h35

Mesmo diante de adversidades, a presença feminina nos negócios nunca foi tão forte. A Gazeta reuniu um time de especialistas que listaram as principais alternativas para que pequenas e micro empreendedoras consigam alavancar seus negócios.

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua ( PNAD-C) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualmente, o Espírito Santo conta com 223.285 empreendedoras, em um universo de 610.496 negócios formais e informais. Isto é, elas já são 36,57% do total.

No mercado digital, a presença feminina é ainda mais forte. Atualmente, 66% das lojas de e-commerce brasileiras já são comandadas por mulheres, segundo dados da Nuvemshop, plataforma de e-commerce líder na América Latina com foco em pequenos negócios.

Tatiana Rezende, Chief Financial Officer (cargo equivalente a diretora financeira) da Nuvemshop observa que o meio digital tem impulsionado mulheres a conseguirem transformar seus sonhos em histórias inspiradoras e negócios realmente lucrativos.

“O e-commerce é um ambiente relativamente democrático e cheio de oportunidades. Essas mulheres estão alinhadas com as grandes tendências do comércio eletrônico e do varejo e vêm ganhando cada vez mais força e visibilidade no mercado de vendas digitais”, complementa a executiva.

Seja um negócio físico ou digital, o fato é que os desafios são inúmeros. Jornadas duplas ou triplas são apenas parte da rotina, conforme observa a analista da Unidade de Ambiente de Negócios e Serviços Financeiros do Sebrae Espírito Santo, Renata Braga.

Renata Braga

Analista da Unidade de Ambiente de Negócios e Serviços Financeiros do Sebrae-ES

"O principal desafio para a mulher empreendedora é ter uma boa administração do tempo, saber ser mulher, mãe, esposa, estudante e, ainda assim, fazer uma boa gestão financeira do seu negócio, saber divulgar, vender, conseguir encarar uma jornada dupla, tripla, quádrupla"

Muito além da organização do tempo, Renata Braga destaca a importância da organização financeira:

  • é preciso colocar na ponta do lápis quais são todos os gastos da sua empresa, 
  • analisar se será necessário buscar crédito, 
  • analisar quais os impactos disso na gestão financeira do negócio, 
  • fazer um planejamento completo calculando as entradas e saídas do caixa.

“Busque sempre capacitações, formas para aprender mais, para saber como estruturar seu negócio, inclusive o orçamento. Estude, planeje, invista de maneira coerente. Procure também participar de redes de empreendedorismo feminino, elas são importantes e permitem trocas interessantes.”

O ponto é reforçado pela administradora, consultora e representante institucional do Conselho Regional de Administração do Espírito Santo (CRA-ES) na região do Vale do Rio Doce, Monielle Rudio Freitas Avancini, segundo a qual, para empreender, é preciso sair da zona de conforto.

“Considero que um dos desafios para essas mulheres é acreditar que são capazes e seguir com os seus objetivos. Vivemos em uma sociedade em que o machismo, a crítica, a desigualdade e o preconceito são muito presentes. Se o sonho de empreender não estiver bem fortalecido, dificilmente essa mulher conseguirá avançar. Outro ponto importante é entender que empreender é sair da zona de conforto e estar em constante evolução.”

Monielle Avancini elenca ainda outra dica para quem quer alavancar um projeto:

  • procurar entender o negócio e o público-alvo. 

Monielle Rudio Freitas Avancini

Administradora, consultora e representante institucional do CRA-ES

"Independentemente da sua área de atuação, é necessário conhecer o seu mercado de atuação. Não basta ter a ideia do que fazer, o como fazer fará toda diferença"

Conforme observa Neyla Tardin, Ph.D em Contabilidade, consultora de empresas em Ciência de Dados e negócios, professora da Fucape Business School, jornalista e comentarista da CBN Vitória, esse conhecimento está muito ligado à escalabilidade do negócio.

“Hoje se discute muito sobre escalabilidade, sobre ofertar serviços e produtos para o maior número de pessoas possíveis em diferentes locais. Tornar o negócio escalável não é algo simples, requer um conhecimento profundo do público, conhecer as necessidades desse cliente e entender se essas necessidades estão alinhadas com o negócio.”

Ela pondera que ter esses conhecimentos e desenvolver um bom posicionamento estratégico é fundamental.

Neyla traz outros pontos importantes para tornar o negócio escalável:

  • ter uma ideia de onde se quer chegar com o negócio nos próximos anos
  • traçar uma meta para os próximos cinco anos, por exemplo,
  • os planos não são imutáveis, as estratégias podem e devem ser revistas ao longo desse período.

DINHEIRO BEM INVESTIDO PODE AJUDAR A AMPLIAR CAIXA E ALAVANCAR NEGÓCIO

Embora a atividade-fim de uma empresa não seja, necessariamente, a aplicação financeira, a economista e gerente regional da XP Inc. no Espírito Santo, Cecília Maria Entringer Perini, observa que, ao colocar a energia somente nisto, muitas vezes as empreendedoras deixam de ganhar dinheiro que, se aplicado corretamente, poderia ajudar a ampliar o caixa.

“A empresa sempre pensa em colocar a energia só para atividade-fim dela. Sempre fica na questão de contas a pagar e receber, e nesse fluxo, muito dinheiro se perde. A coisa em que mais vemos erro é não olhar para os investimentos, não olhar para o caixa como forma de geração de receitas. E não é erro só do empresário. As instituições financeiras, os bancos, não colocam isso claro para as empresas, geralmente focam nos serviços, emissão de boletos, cartão, financiamento. Gostam muito de emprestar dinheiro. Mas é possível fazer muito mais.”

A economista observa que ao deixar de olhar para as possibilidades de investimentos, empreendedores deixam de ganhar rentabilidade que poderiam destinar para outro tipo de obrigação.

A empresa que tem R$ 100 mil parados no caixa hoje, por exemplo, pode, em 12 meses, ter um ganho de R$ 12 mil. E se ela aplicar, pode transferir esse rendimento para pagar funcionários, impostos, aluguel, entre outras despesas”, reforça.

Cecília Maria Entringer Perini, economista capixaba conta como se tornou gerente da regional da XP Investimentos
Economista capixaba, Cecília Maria Entringer Perini, gerente regional da XP Investimentos, dá dicas de como alavancar investimentos e impulsionar negócios. Crédito: Fernando Madeira

Ela explica que as opções de investimento, porém, vão variar de acordo com a realidade de cada empresa. Muitas precisam de liquidez, isto é, precisam da possibilidade de resgatar os recursos rapidamente, sem poder abrir mão do caixa.

Neste caso, uma possibilidade são os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), que tem uma rentabilidade similar à da taxa Selic. Também há fundos de investimento que permitem resgates rápidos e proporcionam boa rentabilidade.

“Para caixas que precisam de menos liquidez, temos os CDBs também, além de títulos públicos, letras financeiras. São investimentos que têm risco muito baixo, têm um bom rendimento. Ainda assim, o indicado é escalonar os compromissos, tendo vencimentos em 30 dias, 60 dias, 90 dias, para poder estruturar o caixa e poder aplicar, garantindo mais rentabilidade.”

Além de investimentos atrelados às taxas de juros, aplicações atreladas à inflação também são uma boa alternativa no momento.

A Ph.D em Contabilidade, consultora de empresas em Ciência de Dados e negócios, e professora da Fucape, Neyla Tardin observa que, caso os recursos sejam bem aplicados, é possível financiar-se por meio do mercado financeiro.

“Do ponto de vista financeiro, a aplicação diz respeito à estrutura de capital, quanto tem que tirar do bolso, quanto tem que pegar emprestado. Se não tem o dinheiro, tem que buscar crédito ou capital de terceiros, que podem virar sócios depois.”

O leque de opções é extenso quando não se tem o capital. “Nesse caso, é preciso buscar ou um sócio ou um financiador. Mas há tantas modalidades hoje: private equity, crowd funding. Conheça as possibilidades. Procure bancos, mas não se restrinja a eles. Procure entidades que intermediam captação de dinheiros via fundo.”

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