Para gerar renda a partir do seu patrimônio, o primeiro passo é preservar seu poder de compra. Isso garantirá que a renda futura esteja sempre protegida contra a inflação.
Vamos a um exemplo: imagine que R$ 1 milhão deva gerar uma renda de, digamos, R$ 60 mil anuais (6% ao ano). Se você gastar todos os rendimentos, ao final do ano, ainda terá os mesmos R$ 1 milhão.
O grande problema é que a inflação corrói o valor da moeda, fazendo com que um milhão, daqui a um ano, valha menos do que um milhão hoje. Consequentemente, a renda gerada por esse montante no futuro também terá um poder de compra menor.
Aqui, introduzimos um conceito importante: rentabilidade real. Em termos simples, essa rentabilidade é o ganho que supera a inflação.
Se a sua renda desejada de R$ 60 mil for alcançada acima da inflação, você conseguirá preservar o poder de compra tanto da renda futura quanto do seu capital principal. No nosso exemplo, deveríamos buscar 6% ao ano de rentabilidade real. Então, se a inflação for de 5% no período, nosso objetivo de rentabilidade nominal seria de 11%.
Nesse caso, o investidor poderia resgatar R$ 60 mil no ano, sabendo que seus R$ 1 milhão acompanhariam a inflação, se tornando R$ 1.050.000 depois de 12 meses.
A importância da sua inflação pessoal
Cabe um parêntese: teoricamente, a inflação usada nos cálculos deveria ser baseada na sua própria cesta de consumo, que pode ser diferente do IPCA (o índice oficial de inflação no Brasil). Por exemplo: se você faz duas viagens internacionais por ano, sua inflação pessoal deverá estar mais atrelada à variação do dólar do que ao IPCA.
Para calcular sua inflação pessoal, você pode estimar quais gastos pertencem aos grupos medidos pelo IBGE: alimentação, vestuário, educação, comunicação, etc.
Com o percentual da sua despesa destinado a cada um desses grupos, você pode estimar a média ponderada da sua inflação.
Exemplo: se um indivíduo gasta 70% com alimentação e 30% com habitação, e a inflação desses grupos foi de 4% e 6%, respectivamente, a inflação pessoal seria: 70% x 4% + 30% x 6% = 4,6%.
Você pode encontrar a inflação por grupos no site do IBGE ou, se preferir uma abordagem mais detalhada, registrar os preços dos principais produtos e serviços que consome em intervalos anuais. Comparando os valores, é possível calcular a inflação de cada item e, consequentemente, a inflação ponderada.
Uma alternativa simples e prática é usar a inflação por faixa de renda, disponível nas Cartas de Conjuntura da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea.
O próximo passo
Agora que entendemos a importância da rentabilidade real, podemos buscar os investimentos que proporcionam esse fluxo de capital. Para isso, precisaremos introduzir mais um conceito fundamental: valor intrínseco.
Na prática, ao construir um portfólio de ativos com valor intrínseco, podemos gerar renda com base na rentabilidade real.
No próximo artigo desta coluna, você vai conhecer os melhores ativos provedores de renda e como o valor intrínseco pode ser usado para essa finalidade. Até logo!
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