> >
Rendimento da poupança muda com alta da Selic. Entenda como fica

Rendimento da poupança muda com alta da Selic. Entenda como fica

Diante da continuidade da escalada da inflação, o Copom elevou para 9,25% a taxa básica de juros, a Selic; medida afeta rentabilidade de investimentos

Publicado em 8 de dezembro de 2021 às 19:44

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Caroline Freitas
[email protected]

A escalada contínua da inflação no país levou o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevar em 1,5% a taxa básica de juros nesta quarta-feira (8). Seguindo a expectativa do mercado, a Selic foi para 9,25%, o que traz mudanças na forma de cálculo do rendimento da poupança.

Desde 2012,  a taxa básica de juros do país permanece abaixo ou igual a 8,5% ao ano e a rentabilidade da poupança é equivalente a 70% da Selic, mais a Taxa Referencial (TR), que está zerada há cerca de três anos e sem previsões de alteração no momento.

Com taxa básica de juros acima de 8,5% ao ano, rentabilidade anual da caderneta passa para 6,17%. (Canva/Montagem: Caroline Freitas)

Com a Selic em 7,75%, a remuneração equivalente da caderneta ficava em torno de 5,43% ao ano e de 0,44% ao mês. No entanto, como o patamar dos 8,5% da taxa de juros foi ultrapassado, o rendimento voltará a ser o mesmo da "antiga poupança" – 0,5% mensais, mais a TR, ou 6,17% ao ano.

Para os depósitos feitos até abril de 2012, ou seja, no modelo antigo, os rendimentos são sempre calculados da segunda forma. Na prática, os novos depósitos passam a render mais, e aqueles feitos anteriormente a 2012 continuam a ter o mesmo rendimento (0,5% mensais, mais a TR, ou 6,17% ao ano).

Essa divisão da forma de cálculo surgiu em um momento de queda da Selic, em que o governo buscava evitar uma migração em massa de recursos de títulos públicos para a poupança. Aqueles que já tinham dinheiro guardado tiveram seus rendimentos preservados, mas quem passou a aplicar após esse período teria a remuneração limitada sempre que a taxa básica de juros estivesse abaixo dos 8,5% ao ano. 

Ainda que passe a render mais a partir de agora, pelo menos no curto prazo, a caderneta continuará sendo um investimento pouco vantajoso, quando comparado às demais opções.

Economista e assessor de investimentos da Valor Investimentos, Jardel Lago observa que, uma vez ultrapassado o patamar dos 8,5%, na medida em que a Selic sobe, há um aumento da defasagem dos investimentos.  A inflação acumulada no país em 12 meses já beira os 10,7%. Então, na prática, os ganhos com a poupança não são suficientes para recompor a perda do poder de compra ocasionada pela alta generalizada de preços.

"Se a Selic está subindo muito é porque a inflação está elevada, e se o rendimento da poupança está travado, haverá uma corrosão do rendimento. Para o ano que vem, por exemplo, há uma previsão de inflação de 5%, ou seja, na prática, se isso se cumprir, o rendimento será de 1,17%, mas se a inflação subir mais que isso, também não existirá ganho real. Idealmente, o rendimento deveria ser, pelo menos, igual à Selic para compensar a aplicação."

MIGRAÇÃO PARA OUTROS INVESTIMENTOS DE RENDA FIXA

Jardel Lago, observa que, diante deste cenário, migrar para outras aplicações de renda fixa pode ser mais vantajoso, caso o objetivo do investidor seja ter algum retorno financeiro. Uma opção apontada é o Tesouro Selic, que é igualmente seguro, tem liquidez e oferece maior rentabilidade. 

'O investimento na poupança não faz mais sentido no momento em que a Selic sobe. A única vantagem é a não incidência do Imposto de Renda. Mas, mesmo com o imposto, o Tesouro Selic ainda é mais vantajoso por causa da rentabilidade."

O planejador financeiro CFP da Meu Patrimônio, Renan Lima, pondera que a poupança só permanece interessante como opção de aplicação de curtíssimo prazo, isto é, quando o dinheiro é depositado sem intenção real de mantê-lo guardado por muito tempo. Mas pontua que pode haver uma migração para outros investimentos em renda fixa, conforme a Selic é elevada.

"A inflação continua corroendo grande parte do investimento e se você tem uma aplicação que te dá, por exemplo, 100% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), pode ser mais vantajosa que a poupança no longo prazo, pois quanto maior a Selic, maior o rendimento de investimentos atrelados ao CDI."

O CDI é uma taxa com lastro em operações realizadas entre instituições bancárias, e geralmente anda colado com a Selic, rendendo quase 100% da taxa básica de juros. Hoje, por exemplo, equivale a 7,65%, enquanto a Selic alcança 7,75%.

Ele é utilizado para determinar o rendimento de diversos títulos, como o Certificado de Depósito Bancário (CDB) e a Letra de Câmbio Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA). 

"Para quem está mais preocupado com retorno, pode haver uma migração para outros investimentos. Se a Selic chegar a 12%, por exemplo, o rendimento da poupança ainda será limitado a 6,17%, mas  os investimentos atrelados ao CDI podem chegar perto ou até ultrapassar 100% da taxa."

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais