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Pregabalina e sertralina: entenda o efeito dos medicamentos usados por Bolsonaro

Pregabalina e sertralina: entenda o efeito dos medicamentos usados por Bolsonaro

Segundo especialistas, os remédios não costumam provocar episódios de alucinação ou perda de controle de comportamento quando utilizados de forma adequada

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Guilherme Sillva

Editor do Se Cuida / [email protected]

Publicado em 24 de novembro de 2025 às 14:24

Brasília (DF) 14/09/2025 O ex-presidente Jair Bolsonaro, acompanhado de seu filho, Jair Renan, deixa hospital sob forte esquema de segurança, após passar pro procedimentos
O ex-presidente Jair Bolsonaro atribuiu sua atitude a remédios que está tomando Crédito: Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O ex-presidente Jair Bolsonaro alegou à Justiça que a tentativa de violar a tornozeleira eletrônica ocorreu durante um "surto" causado por medicamentos. Ele citou dois: pregabalina e sertralina. E também negou qualquer tentativa de fuga. Ambos os remédios são amplamente prescritos no Brasil e, segundo especialistas, não costumam provocar episódios de alucinação ou perda de controle de comportamento quando utilizados de forma adequada.

A sertralina é um antidepressivo pertencente à classe dos inibidores seletivos de recaptação de serotonina. Segundo a médica Carla Frechiani, da Bluzz Saúde, o medicamento é indicado para uma série de transtornos emocionais. “A sertralina é usada para tratar quadros como depressão, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno do pânico, transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno de estresse pós-traumático, fobia social e transtorno disfórico pré-menstrual. Atua na regulação da serotonina no cérebro, ajudando a equilibrar o humor e reduzir sintomas ansiosos”, explica.

Já a pregabalina é um modulador do sistema nervoso central, com indicação diferente dos antidepressivos tradicionais. “A pregabalina é utilizada principalmente para tratamento de dor neuropática, fibromialgia, transtorno de ansiedade generalizada e também para epilepsia”, afirma a médica.

Alucinações não são efeitos comuns desses medicamentos. No caso da sertralina, elas podem ocorrer em situações extremas, como síndrome serotoninérgica ou hiponatremia grave, condições raras e que exigem atenção médica imediata. Carla detalha que a síndrome serotoninérgica aparece quando há excesso de serotonina no sistema nervoso. “É como se o cérebro ficasse ‘com serotonina demais’. A pessoa pode ficar muito agitada, suar muito, tremer, sentir febre, ter diarreia, palpitações e até confusão mental”. Sobre a hiponatremia, ela acrescenta que o problema surge quando o nível de sódio no sangue cai de forma intensa, provocando confusão, dor de cabeça, náuseas e, em casos graves, convulsões.

A pregabalina também pode causar alucinações, mas isso é descrito como um evento raro na literatura médica.

Apesar do alarde público, a combinação entre sertralina e pregabalina é considerada segura quando acompanhada por profissionais. “Quando usados juntos, eles tendem a somar seus efeitos sedativos. Os efeitos adversos mais frequentes incluem sonolência, tontura, fadiga, boca seca, sintomas gastrointestinais e alterações cognitivas leves”, afirma. Segundo ela, o risco de confusão é maior em populações vulneráveis, como idosos ou pessoas com doenças renais ou hepáticas, mas isso não representa a regra. “Ainda assim, trata-se de uma combinação que, quando bem monitorada, é amplamente utilizada na prática clínica”.

Dosagem certa

O psiquiatra José Luis Leal, da Rede Meridional, diz que em associação, a pregabalina e a sertralina podem ser efetivos para tratamento de sintomas ansiosos em pacientes depressivos, assim como para os transtornos de ansiedade.

No entanto, a pregabalina pode causar confusão mental e a sertralina pode provocar alucinações. “Geralmente, os medicamentos citados são bem tolerados se ajustados as doses gradualmente, e os eventos colaterais tender a ser toleráveis e transitórios”, observa Leal.

Com relação aos efeitos adversos dos remédios, o psiquiatra esclarece que a sertralina pode causar disfunção sexual, diminuição do apetite, náusea, diarreia, constipação, boca seca, ganho de peso, insônia, agitação, cefaleia, tontura, excesso de transpiração, tremores entre outros efeitos mais raros como hipotensão e convulsões.

A pregabalina, por sua vez, também causa efeitos como tontura, disfunção sexual, boca seca e tremor. Além disso, pode causar problemas de memória, coordenação anormal, humor eufórico, confusão, visão turva, irritabilidade e atenção prejudicada. “Há um efeito mais raro de comportamento suicida, por isso nessas prescrições são essenciais adequar a dosagem certa para cada paciente”, reforça o psiquiatra.

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