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Entenda como funciona a 1ª insulina semanal para tratar diabetes tipo 1 e 2

Entenda como funciona a 1ª insulina semanal para tratar diabetes tipo 1 e 2

O medicamento Awiqli foi aprovado pela Anvisa. Porém ainda não há data prevista para o início da venda do produto no Brasil

Publicado em 10 de março de 2025 às 14:56

Insulina semanal
A nova insulina tem efeito longo de aproximadamente sete dias Crédito: Shutterstock/ Basar

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a primeira insulina semanal do mundo para o tratamento de pacientes com diabetes tipo 1 e 2. O medicamento insulina basal icodeca é comercializado como Awiqli e produzido pela farmacêutica Novo Nordisk, a mesma do Ozempic.

A aprovação foi baseada nos estudos em pacientes com diabetes que utilizaram a insulina basal icodeca e mantiveram níveis adequados de glicemia ao longo da semana com uma única injeção. Apesar da aprovação, não há data prevista para o início da venda do produto no Brasil.

"A aprovação de Awiqli no Brasil é um exemplo prático de como podemos simplificar e melhorar o tratamento do diabetes, o que tende a oferecer ainda mais qualidade de vida e autonomia aos pacientes, visto que esse novo medicamento proporciona a redução de 7 aplicações semanais para 1, ou seja, de 365 para 52 aplicações em um ano", diz  Priscilla Mattar, vice-presidente da área médica da Novo Nordisk no Brasil. 

Antes de ser aprovada no país, a insulina semanal icodeca já havia sido admitida para adultos com diabetes tipo 1 e 2 em países como Austrália, Suíça, Alemanha, Japão e Canadá. A China também aprovou para casos de diabetes tipo 2.

Entenda como funciona

A insulina icodeca é um novo análogo de insulina basal de aplicação semanal, projetado para suprir as necessidades de insulina basal durante o período de uma semana com uma única injeção subcutânea por semana, em pacientes com diabetes, que necessitam de tratamento com insulina.

"Ela tem um efeito longo de aproximadamente sete dias e é formulada em uma concentração maior que as insulinas de ação diária, para garantir que o volume da injeção seja comparável a elas. A insulina icodeca é administrada por via subcutânea, ou seja, no tecido gorduroso, na forma de uma molécula que chamamos de hexâmeros", explica a endocrinologista Flávia Tessarolo. 

Depois da administração, esses hexâmeros se dissociam em moléculas menores de insulina, os monômeros, que são absorvidos para a corrente sanguínea, onde quase todos se ligam a uma proteína chamada albumina, formando um depósito circulante. Aos poucos a insulina icodeca ligada à albumina, chega aos tecidos alvos, onde apenas uma pequena parte se dissocia da albumina e interage lentamente com os receptores de insulina, ativando assim a mesma resposta fisiológica que a insulina humana, ou seja, controlando os níveis de glicose. A insulina icodeca restante continua no depósito ligado à albumina, do qual ela é liberada lenta e continuamente ao longo da semana, oferecendo um ambiente seguro para o controle da glicose.

Flávia Tessarolo, endocrinologista
Flávia Tessarolo, endocrinologista Crédito: Reprodução @flaviatessarolo

"A principal diferença é o mecanismo de ação que proporciona uma duração da insulina icodeca de aproximadamente sete dias, enquanto as insulinas basais degludeca e glargina, tem duração de aproximadamente 24 horas"

Flávia Tessarolo

Endocrinologista

A médica conta que a diferença está na comodidade e praticidade do processo. A primeira injeção de insulina foi aplicada em 1922, uma insulina de extrato pancreático, de ação rápida, que precisava, portanto, ser administrada várias vezes ao dia. Ao longo das décadas o processo foi se modernizando. "E agora temos a insulina semanal, com toda sua comodidade, praticidade, facilidade e segurança. Isso reflete em mais satisfação com o tratamento e maior qualidade de vida para quem convive com o diabetes". 

Os benefícios

A nova injeção de insulina semanal é tão eficaz quanto a diária. Os estudos mostram que a exposição a insulina icodeca e o seu efeito de redução da glicose, foram distribuídos quase uniformemente ao longo de uma semana entre as doses, ou seja, aplicar uma vez por semana funciona. "Além disso, os resultados dos estudos Onwards, que foram a base para a aprovação da insulina icodeca pela Anvisa, demostram que o controle do diabetes, a segurança e a dose, são comparáveis aos da insulina basal administrada uma vez ao dia", diz a endocrinologista. 

Flávia Tessarolo conta que os benefícios da nova insulina estão relacionados a administração semanal que facilita a aceitação e aderência ao tratamento com insulina, facilitando o tratamento com insulina basal, o que melhora o controle da glicose em pessoas que convivem com o diabetes. "Se pensarmos em um ano de tratamento, são 52 injeções da insulina icodeca contra 365 injeções da insulina basal degludeca. A facilidade e praticidade de uma única injeção semanal faz diferença na qualidade de vida e no controle do diabetes". 

Os ricos do diabetes descontrolado

O diabetes descontrolado pode levar a complicações agudas, por exemplo, cetoacidose diabética, que é uma condição grave, que se não for tratada pronta e adequadamente, tem risco de morte. Também pode levar a complicações crônicas, que comprometem a retina, com risco de cegueira; os rins, com progressão para insuficiência renal; os nervos periféricos, levando à neuropatia periférica, com perda de sensibilidade em pés, feridas e infeções, com risco de amputação; e doenças cardiovasculares, como infarto e derrame cerebral.

"Além disso, o diabetes mal controlado, principalmente o tipo 2, aumenta o risco de esteatose hepática metabólica, que pode levar a cirrose e câncer de fígado, sendo também fator de risco para outros tipos de cânceres, como de mama, de intestino, endométrio e de pâncreas", diz a médica. 

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