Publicado em 19 de dezembro de 2019 às 17:01
Uma mulher de 31 anos passou mal após fazer um tratamento para alisar os cabelos em um salão de beleza em Ilha Solteira, em São Paulo. O procedimento, conhecido como escova progressiva, foi realizado no último dia 6 de dezembro. Ao sair do salão, Lidiane Ferreira dos Santos começou a se sentir mal, com queimação no corpo, irritação na pele e falta de ar. Levada para o hospital, a vítima ficou internada por dez dias, vindo a falecer.>
A polícia abriu inquérito para apurar a morte de Lidiane e saber se ela foi submetida a um tratamento capilar com uso de formol. Segundo familiares, médicos disseram que a mulher estava com excesso da substância no corpo. Ela teve parada cardiorrespiratória, alergia a produtos químicos, crise convulsiva e hipotensão. O caso serve de alerta para os riscos do formol para a saúde.>
Cristal Bastos, farmacêutica, especialista em manipulação cosmética, terapia capilar e tricologia, explica que o formol é proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como alisante, tendo seu uso permitido apenas como conservante. E qualquer outro uso acarreta sérios riscos à saúde. "Na concentração de conservante, que é bem baixa, ele não tem poder de alisar. Por isso é muito frequente o profissional adicionar formol ao produto, no próprio salão", afirma.>
A especialista lembra que essa prática é infração sanitária (adulteração ou falsificação) e crime hediondo, de acordo com o art. 273 do Código Penal.>
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O uso indevido de formol pode causar diversos males à saúde, como: irritação, coceira, queimadura, inchaço, descamação e vermelhidão do couro cabeludo, queda do cabelo, ardência dos olhos e lacrimejamento, falta de ar, tosse, dor de cabeça, ardência e coceira no nariz. >
Exposições constantes podem causar boca amarga, dor de barriga, enjoo, vômito, desmaio, feridas na boca, narina e olhos e câncer nas vias aéreas superiores (nariz, faringe, laringe, traqueia e brônquios), podendo até levar a morte. "O risco maior é ao profissional, que se expõe com frequência muito maior do que o cliente", diz Cristal.>
A dermatologista Sandra Federici destaca a importância de buscar estabelecimentos e profissionais que sejam de confiança na hora de fazer tratamentos de beleza. "Muitos fazem manipulações caseiras no local, colocando formol em altas concentrações no produto porque isso dá resultado. O formol alisa as cutículas do cabelo. Porém, é uma substância muito irritativa. E nosso couro cabeludo é muito vascularizado. Qualquer química é facilmente absorvida e cai na corrente sanguínea", observa a médica.>
Nem sempre é possível saber qual será a reação a esse tipo de química, segundo Sandra. "A pessoa pode ter uma reação alérgica mais leve, como coceira, lacrimejamento... Mesmo assim, deve interromper o tratamento imediatamente e, se o desconforto estiver muito intenso, procurar auxílio médico. Em alguns casos, os efeitos já podem ser de uma intoxicação grave, como foi o caso dessa mulher em São Paulo", comenta ela.>
Quem quiser alisar os cabelos deve procurar salões de beleza de confiança, que irão oferecer tratamentos mais leves, com produtos menos agressivos. "Geralmente, são químicas que duram menos tempo, mas a agressão ao organismo e ao cabelo vai ser bem menor", orienta Sandra.>
Cristal reforça que os alisantes permitidos pela Anvisa e seguros para a saúde são os alcalinos - hidróxidos, tioglicolato de amônio e o tioglicolato de AMP, um composto híbrido, com o pH compatível ao da pele. "Vale lembrar que estamos levando em consideração a segurança para a saúde. Mas como qualquer produto químico, essas substâncias de transformação da estrutura do fio causam danos à haste capilar. É importante que os procedimentos sejam realizados por um bom profissional, que conheça o histórico capilar do cliente, as incompatibilidades com outras químicas e que realize o teste de mechas.>
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