Publicado em 1 de setembro de 2020 às 17:15
Esticar os olhos em um efeito lifting é a nova mania do universo da beleza. Antes feito apenas com a maquiagem, o chamado "fox eyes" (ou olhos de raposa), agora é realizado através de procedimentos estéticos, tornando o visual definitivo. São diversas opções oferecidas para alcançar o resultado que se tornou febre entre famosas e influenciadoras digitais. Flavia Pavanelli, Gabi Prado e Flay foram algumas das que assumiram terem feito a cirurgia.
A oftalmologista e oculoplasta Mariellen Betania de Paiva explica que o "fox eyes" é um procedimento que eleva a cauda do supercílio, criando um olhar mais 'alegre' e sensual. "Porém, se realizado com exageros pode comprometer o fechamento ocular, deixando a córnea exposta e levando a processos inflamatórios crônicos, como o olho seco e até mesmo lesões corneanas irreversíveis com grande prejuízo para a visão", esclarece.
Mariellen Betania de Paiva
Oftalmologista e oculoplastaAntes de se submeter ao procedimento é preciso que o paciente passe por rigorosa avaliação. "Principalmente pacientes que já apresentam alterações do filme lacrimal, doenças musculares degenerativas e algumas doenças reumatológicas", diz Mariellen Betania de Paiva.
Apesar de estar na moda entre as famosas, a oftalmologista Damaris Faian Bueno, diretora da clínica Oftalmoplus, esclarece que há outros procedimentos menos invasivos que podem dar resultados semelhantes, sem a necessidade de uma cirurgia. Os riscos do ato cirúrgico são fechamentos incompletos das pálpebras, olho seco, lesões de superfície ocular e assimetria, explica.
A médica não recomenda o procedimento para pacientes que já tenham histórico de olho seco grave, que façam uso de anticoagulantes, que tenham infecção de pele no local, diabetes, hipertensão ou doenças autoimunes não controladas.
A especialista em oftalmoplástica Bárbara Neder Moreira César alerta que esse procedimento cirúrgico pode levar a um ressecamento ocular temporário ou prolongado. Por isso é necessário o acompanhamento com oftalmologista para não se tornar um quadro crônico, destaca.
Bárbara Neder Moreira
Especialista em oftalmoplásticaA cirurgia também pode ocasionar alterações no piscar dos olhos. As pálpebras são naturalmente móveis para acompanhar a movimentação do globo ocular, assim como para promover a lubrificação e drenagem da lágrima. No caso do 'fox eyes', o canto externo das pálpebras é refixado na órbita, podendo ocorrer mau posicionamento e, consequentemente, um distúrbio funcional, explica Bárbara Neder.
A oftalmologista Mariellen Betania de Paiva explica que a oculoplástica é uma subespecialidade dentro da oftalmologia que cuida das alterações das pálpebras, vias lacrimais e órbita. "Serve tanto para a melhoria estética, como a blefaroplastia, que é a correção estética das pálpebras, ou pode ser aplicada de forma reparadora e reconstrutiva em caso de doenças como ptose, câncer de pele na região palpebral e intra ocular, obstrução das vias lacrimais, entre outras".
É recomendada para pacientes com excesso de pele palpebral que traga desconforto físico ou estético, perda de campo visual lateral e alterações funcionais. No caso de pacientes com ptose, principalmente crianças antes dos 8 anos, existe a necessidade da correção para evitar a ambliopia, que é o olho preguiçoso. "Mas a grande maioria procura procedimentos com finalidade estética", diz Mariellen Betania de Paiva.
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