Confira o depoimento:
Meu nome é Jussara Colen, tenho 68 anos e estou confinada com o meu marido que tem 64 anos e é portador de doença respiratória. Mais especificamente asma. O dia a dia nosso mudou totalmente. Estamos muito assustados e o isolamento só piora nosso pânico.
Sou uma pessoa muito sociável, adoro festa, adoro gente, ficar cercada de amigos mantém meu estado mental em dia. Imagina ter meus amigos, filhos e netos longe de mim e sem poder se aproximar. Me sinto como Cazuza: Meu prazer virou risco de vida.
Você pode até achar que eu estou exagerando mas essa é uma experiência nova pra mim. Até hoje, nunca fiz parte de grupo de risco! Dispensei a empregada e assumi as tarefas de casa como forma de me ocupar. Minha vantagem, a maior de todas, é que gosto de ler. Não sei o que seria se não tivesse meu kindle nesse momento.
A pergunta é: o que será da minha saúde mental depois desse isolamento? Como vamos encarar a vida outra vez e em outras circunstâncias. Porque é claro que tudo será diferente. Será que vamos nos olhar da mesma maneira ou vamos desconfiar de todos que derem um mero espirro ao nosso lado? Vamos desconfiar de qualquer um porque pode estar doente? Vamos para terapia para nos ajustar novamente?
Tenho medo e não nego. Muito medo. Alguns amigos estão confinados, outros acham que é bobagem e estão até saindo pra almoçar na rua! Fico apavorada com essa ideia: sair, entrar num restaurante e almoçar? Isso é muito pra mim.
Não me lembro de ter vivido tanta insegurança no dia a dia num mundo já tão sofrido. E sei muito bem que sou uma privilegiada. Não moro em local de baixa renda nem em barraco lotado de gente. É privilegio sim. E dos grandes.
Mesmo assim, temo pela minha sanidade. Ás vezes acho mesmo que estou enlouquecendo. Falo sem parar, ando de um lado pro outro e só durmo na base de um Rivotril (Ufa! Tenho estoque!).
Considere um desabafo!
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