> >
Ensino híbrido: os benefícios e desafios de uma nova escola pós-pandemia

Ensino híbrido: os benefícios e desafios de uma nova escola pós-pandemia

O ensino remoto não substitui o presencial, nem o contrário, porque as duas experiências coexistem de modo integrado em um caminho de aprendizado permanente

Publicado em 8 de outubro de 2021 às 02:00

Ícone - Tempo de Leitura min de leitura
Sala de aula, ensino presencial
Sala de aula: a permanência do presencial é fundamental porque valoriza o afeto e traz uma possibilidade de conexão mais humana. (Pixabay)
  • Simony Leite

O enfrentamento dos impactos da pandemia sobre a rotina da escola aprofundou os debates em torno da educação híbrida como caminho para um novo jeito de ensinar, estudar e aprender. É um terreno cheio de nuances, em que devem entrar na conta tanto os prejuízos com o baixo índice de inclusão digital no Brasil, quanto os benefícios trazidos pelas novas tecnologias. 

De acordo com a doutora em Educação Maria Inês Fini, a educação híbrida é a combinação do processo de ensino-aprendizagem presencial com atividades remotas. E ressalta: o ensino remoto não substitui o presencial, nem o contrário, porque as duas experiências coexistem de modo integrado em um caminho de aprendizado permanente, criativo e engajado.

Aspas de citação

Muitas vozes novas foram incluídas na escola. As famílias que eram coadjuvantes passaram a ser protagonistas. A sala de visita virou sala de aula. Os professores viraram youtubers e usaram o que tinham para se comunicar dentro deste novo ecossistema escolar

Maria Inês Fini
Presidente da Associação Nacional de Educação Básica Híbrida (ANEBHI)
Aspas de citação

Para Maria Inês, não existe um modelo padrão de educação híbrida, pois cada escola, a partir das características dos professores, das famílias e dos estudantes, constituirá o método como se dará esta combinação de modo a contribuir com a maior autonomia do pensamento, interação e motivação dos alunos, com a valorização do papel de orientação do professor e com a ampliação da jornada escolar.

“A escola montará um outro projeto pedagógico com divisões de tarefas entre o presencial e o remoto, com metodologias, recursos e sistema de avaliação. Neste momento, a metodologia ativa mais facilmente usável é a de projetos. O aluno irá pesquisar, discutir ideias, questionar e aprender a organizar argumentos, independente do uso ou não de plataformas digitais”, explica a presidente da ANEBHI.

Segundo o doutor em Educação Carlos Fabian de Carvalho, membro do Fórum Estadual de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e professor da Rede de Ensino de Vitória, houve um esforço formativo dos professores para utilização das plataformas, aplicativos e metodologias ativas. No entanto, grande parte dos estudantes da rede pública não teve acesso aos recursos digitais no mesmo momento em que suas famílias enfrentavam a falta de alimento, de moradia e de emprego.

Ensino remoto
Professores tiveram que aprender e mexer com a tecnologia para oferecer as aulas pela internet. (Pixabay)

“A tecnologia é fundamental e pode agregar muito se vier atrelada a políticas intersetoriais de geração de renda e emprego, de formação de espaços de inclusão digital, de ampliação da cultura local, de alfabetização e de combate ao déficit educacional agravado pela perda do tempo de vida escolar”, pondera Fabian.

O MELHOR DE CADA SITUAÇÃO

Na avaliação do vice-presidente do Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo (Sinepe-ES), Eduardo Gomes, a permanência do modelo presencial é fundamental, porque valoriza o afeto e traz uma possibilidade de conexão mais humana. Ao mesmo tempo, o aprendizado no modelo remoto abre novas possibilidades de interação e descobertas, que incluem o intercâmbio entre escolas.

Ensino remoto
Ensino remoto dá a possibilidade de alcançar realidades que antes os alunos não teriam. (Pixabay)

“Por exemplo, posso ter um professor de uma escola de Manaus falando com os meus alunos a respeito do Rio Amazonas com muito mais propriedade de vivência. O modelo remoto, dentro do ensino híbrido, me dá a possibilidade de alcançar realidades que antes eu não teria. Isso não está restrito ao remoto exclusivo, porque estas interações podem acontecer a partir dos equipamentos da sala numa aula presencial”, cita Eduardo.

De acordo com o representante do Sinepe-ES, o conceito híbrido é um aprendizado em construção que envolve investimento em equipamentos e serviços tecnológicos, a elaboração de metodologias e a recondução dos projetos de escola para a superação da dinâmica tradicional da sala de aula baseada apenas na transmissão de informação.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

Tags:

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais