Publicado em 7 de novembro de 2020 às 08:58
WILMINGTON - O juiz da Suprema Corte dos EUA Samuel Alito mandou a Pensilvânia separar os votos enviados pelos correios. A decisão provisória será ainda levada ao plenário da Casa neste sábado (7). >
Conforme a vitória de Joe Biden se aproximava, com a virada do democrata em estados decisivos, como Pensilvânia e Geórgia, o presidente Donald Trump dobrou a aposta e fez a disputa chegar à Suprema Corte americana.>
O Partido Republicano da Pensilvânia entrou nesta sexta-feira (6) com uma ação na instância máxima da Justiça dos EUA, a primeira desde o dia da eleição, e pediu para separar e suspender a contagem dos votos que chegaram por correio depois de 3 de novembro, o último dia de votação.>
Os condados da Pensilvânia afirmam que já estão fazendo essa distinção, mas não iriam interromper a contagem, visto que a Suprema Corte estadual havia autorizado o recebimento de cédulas por correspondência até às 17h (19h de Brasília) desta sexta.>
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Não há o registro de um número muito significativo de votos postais que chegaram após o dia 3 de novembro em regiões importantes da Pensilvânia, segundo autoridades, mas, numa disputa acirrada, qualquer voto pode fazer diferença.>
No início da noite desta sexta, Biden liderava na Pensilvânia com cerca de 14.500 votos e 95% das urnas apuradas. Enquanto isso, Trump tuitou: "Joe Biden não pode reivindicar erroneamente a Presidência. Eu posso reivindicar isso também. Procedimentos legais estão apenas começando".>
Essa não é a primeira vez que os republicanos questionam o caso da Pensilvânia na Suprema Corte dos EUA, mas não tiveram sucesso até agora.>
No julgamento mais recente, no fim de outubro, o placar foi 4 votos a 4 -os quatro juízes conservadores se opuseram à extensão do prazo, os três progressistas foram a favor, e o presidente da Corte deu a palavra final, alinhando-se aos progressistas.>
O principal argumento usado pelo lado vencedor foi o de que estava muito em cima da hora para mudar as regras eleitorais, mas conservadores sinalizaram que poderia ser necessário reavaliar o tema após a eleição.>
A nova investida se dá agora sobre outro cenário. Além de o último dia de votação ter passado, a juíza Amy Coney Barrett, indicada por Trump a uma cadeira na Suprema Corte, poderia apreciar o caso e ser um voto a favor do presidente. Sua nomeação consolidou no tribunal a ampla maioria conservadora, de 6 votos a 3.>
Em outubro, Barrett havia tomado posse dois dias antes do julgamento sobre o caso da Pensilvânia e não tinha tido tempo hábil de se inteirar do processo.>
Horas antes de o Partido Republicano da Pensilvânia ter anunciado a nova ação, nesta sexta, a campanha de Trump havia divulgado um comunicado em que afirmava que a eleição "ainda não acabou" e que uma "falsa projeção de vitória" de Biden se baseia em resultados das apurações de estados determinantes "que estavam longe de terminar.">
Até a noite desta sexta, seis estados ainda estavam indefinidos na acirrada disputa à Casa Branca: Alasca e Carolina do Norte, com liderança de Trump, e Arizona, Geórgia, Nevada e Pensilvânia, com Biden na dianteira. O democrata tinha 253 votos dos 270 necessário para vencer no Colégio Eleitoral, ante 214 de Trump.>
Portanto, bastava a projeção da vitória de Biden na Pensilvânia para que o ex-vice de Barack Obama fosse declarado presidente.>
A imprensa americana também noticiou que o presidente não estava disposto a conceder a derrota ao adversário, pavimentando terreno para alegar que a Presidência de Biden, caso confirmada, não é legítima e criando uma versão fantasiosa de que ele não teria perdido a disputa, mas sido trapaceado.>
Por não haver uma Justiça Eleitoral centralizada os EUA, como no Brasil, a vitória é projetada por veículos de comunicação de acordo com a apuração nos estados, e o derrotado costuma reconhecer que perdeu, entrando em contato com o vencedor.>
Antes mesmo de haver qualquer resultado final, na madrugada de quarta-feira (4), Trump havia se declarado vencedor e dito que iria à Suprema Corte para interromper a contagem de votos. Seu temor era que cédulas enviadas por correio, de maioria democrata, virassem o jogo da apuração em estados-chave, como de fato aconteceu.>
Na quinta, Trump disse que acionaria a Justiça para contestar os resultados nos estados-chave em que Biden havia conquistado a maioria dos votos.>
Nos tribunais locais, entrou com ações judiciais sobre a votação na Geórgia, em Michigan e na Pensilvânia, e pedido para recontar os votos em Wisconsin, onde Biden já foi considerado vencedor.>
Na Geórgia e em Michigan, as ações foram negadas por juízes estaduais, enquanto na Pensilvânia Trump conseguiu uma vitória parcial na quinta, para que fiscais republicanos tivessem mais acesso a locais de votação. No entanto, a suspensão da contagem de votos no condado da Filadélfia, maior cidade do estado e de tendência democrata, foi negada nesta sexta.>
Em Wisconsin, onde Biden venceu por cerca de 20 mil votos -mesma margem que Trump conseguiu sobre Hillary em 2016 no estado-, o presidente também pediu a suspensão da apuração, mas ainda não há resposta de autoridades locais sobre o processo.>
A demora para a divulgação de um resultado final em uma disputa tão acirrada tem gerado ansiedade entre os americanos e mais uma guerra de narrativas entre democratas e republicanos.>
Com Biden na dianteira, a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, por exemplo, já chamava o colega de partido de "presidente eleito" nesta sexta, enquanto o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, publicou uma mensagem em seu Twitter em que defende que "cédulas enviadas ilegalmente" não devem ser contadas durante o processo de apuração para a eleição presidencial.>
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