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Em novo ato contra governo, milhares protestam ao redor da casa de Netanyahu

Em novo ato contra governo, milhares protestam ao redor da casa de Netanyahu

Premiê israelense culpa imprensa por protestos e acusa manifestantes de serem 'incubadora de coronavírus'

Publicado em 2 de agosto de 2020 às 16:20

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Protesto contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, movimenta milhares de pessoas no país
Protesto contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, movimenta milhares de pessoas no país. (ODED BALILTY/AP/ESTADÃO CONTEÚDO)

Dezenas de milhares de manifestantes se reuniram neste sábado (1º) em Jerusalém e outras cidades de Israel para pedir a renúncia do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu.

Às críticas já antigas ao premiê, como as acusações de corrupção no âmbito do processo em que ele responde por recebimento de propina, fraude e quebra de confiança, soma-se a insatisfação por parte dos israelenses em relação à resposta dada pelo governo à crise causada pelo coronavírus no país.

Em reunião, neste domingo (2), com seu ex-rival e agora ministro da Defesa e parceiro no governo de coalizão, Benny Gantz, o premiê acusou os manifestantes de serem responsáveis por uma onda de novas infecções no país.

"É uma incubadora de coronavírus", disse Bibi, como ele é conhecido. "Vejo uma tentativa de atropelar a democracia. Há uma distorção de todas as regras."

Israel sofre uma segunda onda de contágios e registrou mais de 72 mil casos e 531 mortes provocadas pela Covid-19, de acordo com os dados compilados pela Universidade Johns Hopkins.

Não há, entretanto, nenhuma evidência que relacione os novos casos aos atos contra o governo.

As manifestações quase diárias contra o governo de Netanyahu ganharam força após a aprovação, no final de julho, de um projeto de lei que amplia os poderes do primeiro-ministro no combate à pandemia.

A "Grande Lei do Coronavírus" diminui a capacidade do Legislativo de bloquear medidas do Executivo relacionadas à Covid-19 --como, por exemplo, ordens para o fechamento do comércio ou de outras atividades.

A legislação também permite que o premiê e seu gabinete implementem regras que considerem urgentes para combater à pandemia, sem a necessidade de autorização dos parlamentares.

Neste sábado (1º), pelo menos 10 mil pessoas marcharam pelas ruas de Jerusalém. O grupo tomou as ruas ao redor da residência oficial de Netanyahu, entoando palavras de ordem e portando cartazes que pedem a renúncia e a prisão do premiê.

De acordo com relatos da imprensa local, a maioria dos manifestantes usava máscaras de proteção, embora o distanciamento físico entre os participantes tenha sido praticamente ignorado.

Os atos foram considerados os maiores em Israel desde 2011, quando multidões foram às ruas para pedir justiça social e protestar contra o alto custo de vida no país.

Na ocasião, houve uma série de relatos de abuso e uso excessivo de força policial na repressão às manifestações. Desta vez, os atos são majoritariamente pacíficos e os conflitos com as forças de segurança são considerados exceções.

Gantz, líder do partido Azul e Branco, de oposição ao Likud, de Netanyahu, disse que o direito às manifestações é um "elemento vital da democracia" e fez um apelo "para que todos evitem a violência e para que a polícia de Israel aja com a força mínima necessária para manter a lei".

"Como governo, temos a responsabilidade de permitir que as manifestações ocorram e de proteger os manifestantes", afirmou, durante a reunião com Bibi.

De acordo com a polícia, 28 pessoas foram presas, mas 16 delas faziam parte de um grupo de extrema direita, formado por apoiadores de Netanyahu, que agrediram manifestantes, jogaram pedras em carros e atacaram uma equipe de televisão. Alguns membros gritavam frases como "morte aos esquerdistas" e "eu odeio árabes".

O premiê ecoou os pedidos do ex-rival, afirmando que tem "tolerância zero para qualquer manifestação de violência", mas acusou a imprensa de "adicionar combustível" às manifestações.

"Nunca houve na mídia uma distorção tão grande a favor dos protestos --eu queria dizer que é um nível soviético, mas já atingiu um nível norte-coreano."

Em uma rede social, Bibi compartilhou uma publicação de seu partido que acusa emissoras de TV israelenses de servirem "como braço de propaganda para as manifestações anarquistas da esquerda".

"Elas [as emissoras] estão fazendo um esforço desesperado para fazer uma lavagem cerebral no público, com o objetivo de derrubar um poderoso primeiro-ministro de direita."

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Acompanha o texto uma ilustração que mostra braços saindo de dentro de uma televisão para despejar lixo sobre a cabeça aberta de um espectador.

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