Publicado em 16 de fevereiro de 2020 às 21:35
Em mais um gesto para isolar os diplomatas chavistas no Brasil, o Itamaraty deixou de emitir a chamada carteira de registro diplomático para os representantes do governo Nicolás Maduro no país.>
Estão suspensas as emissões do documento -uma espécie de RG para diplomatas- para todos os venezuelanos que estão no Brasil a serviço do regime Maduro. >
O mesmo vale para os pedidos de renovações da carteira, que estão sendo negados pela chancelaria brasileira. >
O Ministério das Relações Exteriores passou a adotar essa política contra os diplomatas chavistas desde que o governo Jair Bolsonaro reconheceu o líder opositor Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, no início do ano passado.>
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A cédula é conhecida informalmente como "carteirinha diplomática" e, segundo diplomatas ouvidos pela Folha de S.Paulo, é usada para serviços básicos, como a abertura de contas bancárias e o embarque em voos nacionais.>
De acordo com interlocutores, há hoje na embaixada em Brasília seis representantes de Maduro, sendo que a metade está com o documento de identificação vencido.>
Procurado, o Itamaraty disse que não comenta o caso. >
A Venezuela não conta com um embaixador no Brasil desde o governo Michel Temer (MDB), e atualmente o principal representante de Maduro no país é o diplomata Freddy Efrain.>
A ausência de carteirinha diplomática válida não significa que esses diplomatas sejam obrigados a deixar o país. Mas a decisão de sustar a emissão de um documento básico para o seu dia a dia é um sinal de que o governo pressiona para que eles deixem o Brasil.>
Desde o início da administração Bolsonaro, o Itamaraty reduziu ao mínimo sua relação diplomática com a Venezuela de Maduro. Não estão sendo aceitos, por exemplo, pedidos de credenciamento de novos funcionários na missão chavista no Brasil nem há trocas de notas diplomáticas entre os governos. >
O Brasil reconheceu Guaidó como presidente interino da Venezuela em 23 de janeiro do ano passado. >
Em junho, o presidente Jair Bolsonaro recebeu as cartas credenciais de María Teresa Belandria, indicada pelo líder opositor como embaixadora no Brasil. >
A chancelaria brasileira forneceu carteirinhas diplomáticas a Belandria e a seu subordinado, Tomás Silva. Para o governo Bolsonaro, eles são os únicos representantes dao país vizinho no Brasil.>
A situação dos venezuelanos que estão em Brasília a serviço do regime Maduro é considerada um tema sensível no Itamaraty. >
Na chancelaria, qualquer ação contra os chavistas que estão no Brasil traz preocupações sobre possíveis consequências para os funcionários brasileiros que atualmente trabalham na embaixada brasileira em Caracas.>
Essa é uma das razões que levaram o Ministério das Relações Exteriores a não ter, até o momento, agido para expulsar o corpo diplomático de Maduro do país.>
A avaliação é a de que as autoridades chavistas na Venezuela aplicariam a mesma medida contra diplomatas brasileiros atuando lá.>
Interlocutores disseram à Folha de S.Paulo, por exemplo, que os funcionários brasileiros em Caracas também não estão mais conseguindo renovar as cédulas diplomáticas junto ao regime. >
O ponto mais crítico da coexistência em Brasília de duas delegações da Venezuela ocorreu em 13 novembro, durante a cúpula dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) em Brasília.>
Na manhã daquele dia, um grupo partidário a Guaidó liderado por Tomás Silva entrou no edifício da embaixada, sob o argumento de que foram convidados por funcionários de Maduro que teriam abandonado o regime. >
Os chavistas contestam a versão e dizem que o edifício foi invadido. Após mais de 12 horas de tensão e impasse, os aliados de Guaidó deixaram a embaixada escoltados por policiais.>
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