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1ª rodada de negociações entre Ucrânia e Rússia termina sem acordo

1ª rodada de negociações entre Ucrânia e Rússia termina sem acordo

Kiev buscava um cessar-fogo e a retirada das tropas russas, enquanto Moscou se limitou a dizer que esperava chegar a um acordo, sem dar mais detalhes

Publicado em 28 de fevereiro de 2022 às 14:34

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A rodada de negociações entre Rússia e Ucrânia, realizada nesta segunda-feira (28), em Gomel, na Belarus, acabou com o resultado esperado: sem avanços claros. Os representantes dos dois países concordaram em voltar a suas capitais para discutir pontos da conversa e devem marcar uma segunda rodada de reuniões, informou a agência estatal russa RIA, citando um funcionário do governo ucraniano.

Representantes dos dois países desembarcaram na cidade belarussa, próximo à fronteira ucraniana, no início da tarde no horário local, manhã no Brasil, com objetivos claros de um lado, mas sem uma agenda anunciada do outro.

Soldados ucranianos são vistos após ataque em uma das ruas de Kiev, capital da Ucrânia
Soldados ucranianos são vistos após ataque em uma das ruas de Kiev, capital da Ucrânia. (Efrem Lukatsy/AP/Estadão Conteúdo)

Kiev buscava um cessar-fogo e a retirada das tropas russas, enquanto Moscou se limitou a dizer que esperava chegar a um acordo, sem dar mais detalhes. O Kremlin tem em mente que a Ucrânia não deve integrar a Otan, a aliança militar ocidental, e, por tabela, a União Europeia — a neutralidade da Ucrânia é o ponto principal das demandas feitas por Putin, enquanto reunia quase 200 mil soldados em torno do vizinho.

Antes mesmo das negociações, o presidente Volodimir Zelenski pediu acesso imediato ao bloco europeu sob um procedimento especial nesta segunda, o que o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, garantiu que seria debatido, apesar de haver divergências entre os 27 membros do bloco sobre o assunto. O ingresso pode alimentar ainda mais as tensões.

Essa primeira rodada de conversa já ocorreu sob certa resistência. Zelenski inicialmente havia rejeitado o convite do Kremlin para uma negociação, que poderia ser vista como uma rendição. Há hipóteses que apontam que Vladimir Putin queira derrubar o ucraniano e desmembrar parte do país.

Em um pronunciamento, Zelenski disse que seria possível conversar na Belarus se os russos não tivessem usado a ditadura aliada como uma das bases para seu ataque — justamente contra Kiev, a menos de 200 km da fronteira sul belarussa.

Neste domingo (27), porém, o mandatário cedeu e topou a rodada nesta segunda -para os russos, que já estavam em Gomel, a conversa teria ocorrido no próprio domingo. O chanceler ucraniano, Dmitro Kuleba, tentou inclusive mostrar a força de Kiev afirmando que Moscou havia aceitado o encontro sem precondições, o que seria resultado da resistência imposta pelo país aos invasores.

Militares ucranianos chegaram a dizer nesta segunda que a ofensiva russa diminuiu o ritmo, mas a madrugada foi de mais explosões em diferentes partes do país.

Em Kharkiv, os combates seguem após um domingo de disputas entre os países. Segundo o Ministério da Defesa britânico, a segunda maior cidade do país continua sob controle ucraniano.

Também houve explosões em Kiev, mas o governo ucraniano afirma que a capital apresenta uma situação tranquila há algumas horas, cenário diferente daquele visto nos últimos dias, quando a ofensiva russa cercou a cidade. Ainda assim, o Reino Unido diz que forças de Moscou permanecem a 30 km ao norte e são contidas pelos militares ucranianos que defendem Hostomel.

Um prédio de apartamentos é danificado após um ataque com foguete na cidade de Kiev, na Ucrânia, em 26 de fevereiro de 2022
Um prédio de apartamentos foi atingido em ataque na cidade de Kiev, na Ucrânia, em 26 de fevereiro de 2022. (Efrem Lukastsky | AE)

Os combates continuam ainda em Chernihiv, no norte da Ucrânia, onde um prédio residencial foi atingido por um míssil, o que causou um incêndio. Na região, o aeroporto de Jitomir também foi alvo durante a madrugada, segundo as forças de Kiev. O lançamento teria sido feito da Belarus, apesar de o país ter dito mais cedo que não permitiria ataques a partir do seu território.

O Ministério da Defesa da Rússia afirmou, por sua vez, ter tomado as cidades de Berdianski e Enerhodar, além da usina nuclear de Zaporijchia, segundo a agência de notícias Interfax. As autoridades locais ucranianas relataram ainda combates em Mariupol, mas Kiev nega ter perdido o controle da usina nuclear.

Além do diálogo entre russos e ucranianos, outra conversa aguardada para esta segunda é a do presidente americano, Joe Biden, com aliados dos EUA para "coordenar uma resposta unida", segundo a Casa Branca divulgou na noite de domingo. O governo democrata não deu detalhes sobre quem participaria do diálogo, previsto para as 11h15 em Washington (13h15 em Brasília), mesmo horário em que a Assembleia Geral da ONU debate uma resolução para condenar a invasão russa.

Uma medida do tipo já foi vetada por Moscou no Conselho de Segurança. Assim, na prática, a resolução serviu apenas para que os países mostrassem seu descontentamento com a iniciativa do líder russo, Vladimir Putin, sem gerar ações imediatas. O Ocidente tem adotado diversas medidas para reagir a Moscou, com sanções que incluem a proibição do uso do espaço aéreo por aeronaves do país e a desconexão de bancos russos do sistema internacional de transferências financeiras.

Neste domingo, o G7 ameaçou a Rússia com novas medidas, e o Reino Unido já divulgou sanções contra o Banco Central russo. As críticas aumentaram após Putin colocar suas forças nucleares em alerta — o governo britânico, no entanto, não viu grandes mudanças na postura nuclear russa. Nesta segunda, o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borell, disse que o bloco não iria se engajar em uma escalada devido à atitude do mandatário russo.

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