Publicado em 26 de setembro de 2025 às 16:15
- Atualizado há 3 meses
O Banco Central e o setor da construção ensaiam um modelo de transição para liberar mais dinheiro da poupança para financiar a compra da casa própria. A ideia é direcionar ao crédito imobiliário uma parte dos depósitos compulsórios que hoje ficam parados como reserva de segurança. O plano é fazer um teste ao longo de 2026, de forma gradual, e, se der certo, colocar em prática em 2027.>
Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), afirma que apresentou sugestão durante reunião com a diretoria do BC sobre novo modelo de crédito habitacional e recebeu sinal verde para iniciar testes. "Não sabemos se será 1%, 2% ou 5%, mas será com recursos do compulsório", diz Correia. Segundo ele, o BC vê a medida como forma de aumentar a eficiência do sistema sem comprometer a segurança da poupança.>
O novo modelo de crédito habitacional prevê maior flexibilidade no uso de recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que são uma fonte de captação mais barata para os bancos, pois a remuneração aos poupadores fica abaixo das taxas de mercado. A mudança vem sendo conduzida pelo Banco Central.>
Hoje, os bancos recebem os depósitos na poupança e precisam direcionar pelo menos 65% dos recursos para operações de financiamento imobiliário, além de deixar 20% do valor depositado compulsoriamente no BC.>
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A proposta da Cbic é que os bancos direcionem uma fatia desses recursos — a princípio 5% — para os novos financiamentos com prazo de pagamento de 30 anos. Em troca, cada real emprestado com recursos da poupança liberaria o mesmo valor para ser usado livremente em outras modalidades de crédito, como empréstimos consignados ou financiamento de veículos, em que os bancos operam com margens maiores de lucro.>
"Temos um sistema funcionando. Acredito que devemos fazer um teste com o compulsório para garantir a segurança da negociação. Todo mundo precisa se adaptar às regras escritas. No campo das ideias, achamos o novo modelo interessante", afirma Correia.>
Outra proposta apresentada ao Banco Central pela Cbic é para a atualização do valor máximo dos imóveis que podem ser comprados com recursos da poupança. Desde 2018, o teto é de R$ 1,5 milhão. A proposta é que passe para algo em torno de R$ 2,1 milhões, sob a correção por algum índice de inflação (IPCA, INCC ou IGP-M).>
A medida, se aprovada pelo CVM (Conselho Monetário Nacional), permitiria às famílias da classe média financiar imóveis mais caros com juros menores. "O Banco Central recebeu bem a proposta, sabe que está há muito tempo sem reajuste", diz o presidente da CBIC.>
O pedido ocorre em momento que incorporadoras e construtoras seguram lançamentos para a classe média, por causa dos juros em alta — que encarecem o crédito imobiliário — e da valorização do metro quadrado, especialmente nas grande capitais.>
Em bairros nobres de São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, é comum apartamentos de dois dormitórios ultrapassarem o teto de R$ 1,5 milhão. Nesse caso, as famílias precisam recorrer a linhas de créditos mais caras, que não contam com o subsídio da poupança.>
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