Publicado em 12 de maio de 2025 às 18:04
- Atualizado há 5 dias
Apesar das turbulências da economia brasileira e da subida dos juros, o nível de atividade da construção civil deve se manter dentro do esperado no ano. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) reiterou a projeção de expansão de 2,3% para o Produto Interno Bruto (PIB) do setor em 2025, em linha com o estimado em dezembro.
Apesar de o juro alto inibir os investimentos em obras imobiliárias e de infraestrutura de modo geral, esse peso foi compensado pelos novos incentivos ao programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), que tem juros subsidiados. Neste mês, entrou em vigor a faixa 4 do MCMV, destinada a famílias com renda mensal de até R$ 12 mil. A nova faixa oferece financiamento para a compra da casa própria com juro abaixo do praticado no mercado, dando um respiro às vendas.
"A expectativa mais positiva gerada, especialmente, com a criação da faixa 4 do MCMV contribuiu para a manutenção desse projeção de crescimento do PIB da construção", afirmou a economista-chefe da CBIC, Ieda Vasconcelos.
A economista disse que o juro alto vem inibindo a confiança de empresários. Dentro desse contexto, o anúncio da faixa 4 foi importante para dar uma nova dose de ânimo para o setor, com estímulo ao lançamento de novos projetos ao longo dos próximos meses. "Esse é um sopro de esperança diante de um cenário tão desgastante com a taxa de juros num patamar tão alto", avaliou.
Nos primeiros meses de 2025, o nível de atividade da construção civil se manteve em alta. O setor criou 100 mil empregos (salto entre contratações e demissões) com carteira assinada no primeiro trimestre deste ano. Esse montante equivale a 15,34% do total das novas vagas do País. O número de empregos gerados no setor, porém, ficou 8,75% abaixo do registrado no mesmo período do ano passado, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) compilados pela CBIC. Todos os setores tiveram aumento nas contratações: construção de edifícios, obras de infraestrutura e serviços especializados.
"Mesmo com pressões de custos e cenário de juros ainda elevados, a construção civil mantém ritmo relevante de geração de emprego formal", afirmou o presidente da CBIC, Renato Correa.
Com isso, o mercado de construção chegou ao fim de março com 2,958 milhões de trabalhadores com carteira assinada, o que corresponde a um aumento de 3,0% em relação ao mesmo mês do ano anterior. O salário médio no setor ficou em R$ R$ 2.421, ante uma média nacional de R$ 2.225.
O Índice Nacional da Construção (INCC) subiu 7,54% nos últimos 12 meses encerrados em março, puxada, principalmente, pelo aumento nos salários. O custo com materiais e equipamentos cresceu 6,09%, enquanto o custo com a mão de obra aumentou 9,96%.
O índice de confiança do empresário da construção marcou 47,2 pontos em abril, o menor patamar desde julho de 2020. O dado é apurado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). Desde janeiro deste ano, o indicador está abaixo dos 50 pontos, o que indica falta de confiança da categoria.
Segundo a sondagem, a taxa de juros elevada é a principal preocupação da categoria, na visão de 35,3% dos empresários consultados. Em seguida vêm a carga tributária elevada (27,8%) e falta/alta custo de trabalhadores qualificados (27,1%).
"As dificuldades de crédito que a alta taxa de juros impõe e a elevação dos custos comprometem a viabilidade de projetos, afetam o equilíbrio econômico-financeiro das obras e dificultam o planejamento de novos empreendimentos, sobretudo na habitação de interesse social", destacou o presidente da CBIC.
A Caixa deu início, no dia 5 de maio, à operação do crédito imobiliário da Faixa 4 do Minha Casa Minha Vida. A nova faixa é destinada às famílias de classe média, com renda mensal de até R$ 12 mil, tem juro nominal de 10% ao ano e prazo de pagamento de até 420 meses.
Os clientes podem financiar até 80% do valor de imóveis novos em qualquer região do País. Para imóveis usados, a cota é de 60% nas regiões Sul e Sudeste, e de 80% nas demais. O valor máximo de compra e venda é de R$ 500 mil.
Houve ainda um reajuste nos limites de renda das outras faixas. Na faixa 1, o limite de renda mensal familiar passa a ser de R$ 2.850; na 2, foi a R$ 4.700; e na 3, a R$ 8.600. Entre este valor e R$ 12.000 fica o público-alvo da 4, que antes não era atendido pelo programa.
Criada pelo governo para expandir o alcance do programa habitacional, a Faixa 4 tem juros inferiores aos cobrados em financiamentos com recursos dos bancos, que costumam estar mais próximos à taxa básica de juros da economia, a Selic, embora em geral fiquem abaixo dela. A nova Faixa utiliza um misto de recursos do FGTS e dos bancos operadores.
"O governo federal e a Caixa têm a expectativa de beneficiar cerca de 120 mil famílias ainda em 2025, que terão melhores condições para realizar o sonho da casa própria, graças ao Programa Minha Casa, Minha Vida", diz em nota o presidente do banco público, Carlos Vieira.
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