Leitores debatem uso da cloroquina para tratar coronavírus

Em mais um pronunciamento em rede nacional na quarta-feira (8), o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender o uso do medicamento no início do tratamento contra Covid-19. Ministério da Saúde recomenda a substância apenas para casos graves

Publicado em 09/04/2020 às 14h50
Atualizado em 09/04/2020 às 15h03
Cloroquina apresentou resultados promissores em dois estudos preliminares contra o coronavírus, mas ainda não há provas de sua eficácia
Cloroquina apresentou resultados promissores em dois estudos preliminares contra o coronavírus, mas ainda não há provas de sua eficácia. Crédito: Jukka Niittymaa/ Pixabay

Em mais um pronunciamento em rede nacional na quarta-feira (8), o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender o uso da cloroquina em pacientes com o novo coronavírus. O medicamento tem entrado no foco de uma discussão bastante polarizada durante os enfrentamentos à pandemia.

O remédio é utilizado há décadas para o tratamento de malária e doenças autoimunes, como lúpus e artrite reumatoide. A cloroquina apresentou resultados promissores em dois estudos muito preliminares contra o coronavírus, mas ainda não há provas de sua verdadeira eficácia.

No Brasil, a cloroquina é permitida para pacientes hospitalizados, já que pode causar efeitos colaterais graves, como arritmia cardíaca. Jair Bolsonaro defende um uso amplo da substância para casos de coronavírus, enquanto o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta diz que que ainda não há embasamento científico para um uso profilático da substância.

Em entrevista ao programa "Brasil Urgente", da Band, Bolsonaro contrariou as recomendações de autoridades médicas e afirmou que a cloroquina deve ser usada no início dos sintomas.  "Esse tratamento tem que ser feito, com quem a gente tem conversado, até o quarto ou dia útil [sic] dos sintomas. Passando disso, como a evolução é muito rápida e ele ataca basicamente o pulmão, quando entrar no estado grave ou no estado gravíssimo, a possibilidade de você se curar é mínima, é quase zero", disse, sem citar pesquisas científicas que comprovem sua afirmação.

O Centro de Prevenção e Controle de Doença dos EUA (CDC, na sigla em inglês), por exemplo, retirou de seu site as orientações para os médicos sobre como prescrever a substância nos casos de coronavírus.

O debate também é acirrado nas redes sociais de A Gazeta. Muitos leitores têm se manifestado, com opiniões contrárias e favoráveis, ao uso do medicamento. Selecionamos alguns comentários:

Mandetta não pode assinar o atestado de óbito de alguém autorizando indiscriminadamente o uso de um medicamento, cujos efeitos colaterais podem até levar à morte. É preciso comprovar sua eficiência para liberação. (Rayane Tomazini)

O ministro Mandetta deu um excelente parecer a respeito desse medicamento… Não é que seja duvidoso o uso da mesma. O problema é o despreparo para realizar esse uso, de modo que possa ter mais aspectos negativos do que positivos. Esse medicamento não pode ser usado em qualquer pessoa, devido aos efeitos colaterais, principalmente em cardíacos. E falou também a respeito de não estarem testando todas as pessoas para a covid, sendo assim, a medicação poderia ser usada de forma errada num paciente que tenha uma outra enfermidade, como H1N1, influenza, o que poderia ser fatal. Então, diante do despreparo, deve-se ter cautela. (Charla Forster)

Mas Bolsonaro continua tentando enfiar esse remédio em todos. (Roberto Vieira)

Saudade de quando Bolsonaro dizia que não entendia nada e confiava nos profissionais. (Alex Barbosa Alves)

Esse medicamento sempre foi utilizado e ninguém o questionava. Por que só agora estão analisando os contras? (Fernanda Mansur)

A cloroquina tem a quantidade certa de dose para tratar lúpus, tem a quantidade certa para tratar malária, mas isso porque já teve estudos para isso. Meu marido já usou para malária e os efeitos foram horríveis. Já está autorizado para usar em pacientes graves, mas tem que ter cautela antes de liberar geral. Por isso que só pode ser dado a quem está hospitalizado, para a equipe médica acompanhar. Mas o pessoal está querendo que aprove medicar quem está no início, e esses não são acompanhados no hospital. (Vanessa Vasconcelos Cosme)

É bom lembrar o senhor presidente que ele não é médico e que todo medicamento tem efeitos colaterais. Esse tem fortes efeitos, sendo perigoso tomar sem orientação médica. (Edilene Silveira)

Eu acredito que deveria fazer uma mesa-redonda de médicos renomados para informar a população sobre os benefícios e prejuízos do medicamento, assim seria mais transparente. Me parece guerra política, e isso só vai causar mais prejuízo à população, na saúde e na economia. (Eliel Maria Ramos)

Eliel Maria Ramos, isso já existe e se chama ciência. (Bruno Ignês Goltara)

Mandetta está certíssimo. Esse medicamento é superperigoso. Tem que ter cautela. Se esse remédio realmente fosse tão eficaz, não teriam tantas mortes ainda. Estamos quase chegando na resposta sobre outro tratamento, muito mais eficaz e sem sequelas. Apoiado, senhor ministro. Aqui em Portugal também há controvérsia sobre esse medicamento. Mas acredito estarmos perto de encontrar o tratamento mais eficaz. Deus nos abençoe!! (Viviani Ramos)

O cientista que está na força-tarefa contra o coronavírus nos Estados Unidos disse o mesmo que o Mandetta. Trump também o pressionou para dizer que o medicamento é eficiente. E ele, em rede nacional, respondeu ao Trump que estava do seu lado: “estamos em fase de testes, não podemos afirmar. Estamos trabalhando para isso”. Profissional responsável não se deixa levar pela precipitação das autoridades. Como cientistas, têm que ver na prática o resultado. Funciona para alguns, não para todos. E o uso indiscriminado poderá ser pior que o próprio vírus. (Maria Renata Lopes)

É igual ao caso da pílula anticâncer de fosfoetanolamina. Gastaram horrores para descobrir o que os pesquisadores já haviam dito, que não era comprovada sua eficácia e que o efeito placebo que estava prevalecendo. Mandetta está certíssimo. Sem estudos de posologia e efeitos colaterais no uso como antirretroviral não tem que liberar o uso da cloroquina mesmo. (Raphael Conti)

É difícil entender esse povo. Esse remédio já tem décadas que é usado no tratamento da malária, mas como foi o presidente que falou que o remédio pode ser bom para o tratamento do coronavírus, a esquerda fica contra. Mas tem que ser prescrita a dosagem certa por médicos. (Joando Lopes de Souza)

Meu marido já usou e os efeitos colaterais são horríveis. (Vanessa Vasconcelos Cosme)

Eu sou portadora de lúpus e não consegui me adaptar ao uso da cloroquina, passei por período de insuficiência renal. Eu não gosto nem de lembrar das crises. Cloroquina tem efeitos colaterais graves. Administra um medicamento com grave efeitos colaterais a pacientes já debilitados é no mínimo jogar uma roleta russa. (Rebeca Muribeca)

Rebeca Muribeca, entendo a complexidade do seu problema e que seu uso é constante, mas no caso da covid-19 será apenas por um período. Vamos acreditar que o problema será erradicado, apesar dos efeitos colaterais. (Claudio Marcio Piassarolli Tavares)

Então por que pacientes de outras doenças usam há 20 anos? (Luiz Edmundo Amorim Benedito)

Minha irmã tem lúpus e usa esse medicamento todos os dias há pelo menos cinco anos. Estão fazendo alarde sobre esse medicamento à toa. (Sandra Mara Scopel Simoes)

Estudos confirmam o uso para outras doenças. Isto já está cansado de informar na imprensa. Possui efeitos colaterais e não existe um protocolo a ser seguido pelos médicos. (Norma Zandonade)

É muita ignorância! Pesquisem a razão pela qual essa fórmula não tem sua eficiência comprovada para a cura da covid-19. A dosagem deve ser muito superior à usada para lúpus ou outras patologias para as quais se faça uso dessa medicação. E os efeitos colaterais, além da real eficiência, estão sendo estudados.O povo prefere opinar sobre o que desconhece apenas para parecer inteligente. Pesquisem antes de emitir juízo de valor! Se for a cura… graças ao bom Deus! É pelo que o mundo inteiro tem orado. Mas utilizar uma medicação sem a garantia de sucesso e do seu custo-benefício é irresponsabilidade! (Katy Gerson)

Verdade, eu sou portadora de artrite reumatoide, fiz uso desse medicamento e minha vista hoje é uma porcaria. Esse medicamento é muito perigoso! (Nina Dias)

Se ainda não há nada comprovado, não pode ser liberado. (Walace Gabrecht)

Qual remédio não tem efeitos colaterais? Sem dúvida cada organismo reage de uma forma diferente... mas tem pessoas que fazem o uso do medicamento por muitos anos e querem comparar a fazer um tratamento por um período de tempo. (Daniel Fernandes)

Quase todo medicamento faz mal se for em uso contínuo, muito prolongado, a não ser que seja tratamento. Mas não é o caso do vírus, é usado por um período de emergência e não contínuo. (Juliana Nails)

Já tem outros medicamentos sendo testado com menos efeitos colaterais. (Diego Subtil)

Só aqui esse medicamento vai fazer milagres? Por que no mundo inteiro tem gente morrendo? Por que não usaram lá? (Joece Catia Oliveira Arantes)

É, gente, Mandetta está errado e vocês formados em ciências achológicas com mestrado em vídeos do YouTube que te interessa, doutorado em blogs e pós-doc em vídeos/textos do WhatsAapp que estão certos! Pelo amor de Deus. (Layse Morais)

As coisas têm que ir mais a fundo. Vocês já viram os caras que criam a vacina se eles acabam de criar e vão direto dar a vacina? Tem toda uma preparação, tem estudos… (Felipe Lorena)

Caso o ministro libere o medicamento sem estar embasado na eficiência, a primeira morte ou qualquer outro dano que venha a ter através do remédio vão caçar o direito de exercer a medicina dele. É bem complexo isso. (Dudy Pacheco)

Não há teste nenhum comprovado, pessoas no EUA estão morrendo tomando isso. Deveriam esperar os testes pelo menos comprovarem a eficácia. Estão tomando remédio sem receita e as pessoas que fazem tratamento cientificamente comprovado estão ficando sem. (S. Vieira Silva)

Mandetta está certo, ainda não foi realmente validada a eficácia desse medicamento. E fora do Brasil tem caso de óbito de quem usou esse medicamento. (Viviane Rodrigues Oliveira)

Conclusão : Mandetta estudou sobre o assunto, Bolsonaro não tem conhecimento de causa. (Adelle S'antos)

É claro que Mandetta se recusa, é por isso que é o queridinho da imprensa, de Maia, Acolumbre, do Centrão. Essa turma não quer de forma alguma que o Brasil seja protagonista na cura do Covid-19, por motivos óbvios. (Felipe Pretti)

Aqui na Itália é uma das terapias experimentais. Se realmente fosse como diz o presidente Bolsonaro, não teríamos mais casos e essa quantidade de mortes todos os dias! (Fauna Karla Bazoni Moulin)

Não está clara a intenção do Bolsonaro com esse r-e-m-e-d-i-o?? Ele quer lucrar em cima? (Geovani Ribeiro)

Bolsonaro parecia menos louco! Mas não se engane! Continua confundindo a população com um remédio milagroso. Será que os EUA não sabem desse remédio? Por que estão morrendo tantos americanos? (Marcia Alves)

Ele agora é médico também? Quais são as garantias dessa indicação, os riscos? Esse tipo de afirmação não deveria ter um estudo científico embasado? Ah, esqueci.Ciência não é o forte desse governo. As universidades públicas são uma balbúrdia, né? (Fabiano Luchi Dala Bernardina)

É impressionante ver como as pessoas que são contra o remédio são as mesmas que são contra o presidente Bolsonaro, tudo virou política. (André Bahiense)

Foi preciso um presidente e sendo o do Brasil pra descobrir a cura contra o corona, não precisamos mais de cientistas. (Lucia Menezes)

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