> >
Bolsonaro reafirma eficácia da cloroquina no combate ao coronavírus

Bolsonaro reafirma eficácia da cloroquina no combate ao coronavírus

Presidente citou o caso do cardiologista Roberto Kalil, diretor-geral do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês, que usou o remédio no tratamento e prometeu medidas no combate ao Covid-19

Publicado em 8 de abril de 2020 às 20:49

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Presidente Jair Bolsonaro, durante coletiva em que anunciou medidas contra a crise do coronavírus
Presidente Jair Bolsonaro anunciou medidas contra a crise do coronavírus. (Marcos Correa/PR)

Em pronunciamento em rede nacional nesta quarta-feira (8), o presidente Jair Bolsonaro defendeu o uso da cloroquina em pacientes com o novo coronavírus e afirmou que sempre colocou a vida em primeiro lugar. Bolsonaro disse que respeita a autonomia dos governadores, mas destacou que não foi consultado sobre medidas de isolamento social que fecharam comércios e restringiram a circulação das pessoas.

"Respeito a autonomia dos governadores e prefeitos. Muitas medidas de isolamento são de responsabilidade exclusiva dos mesmos. O governo federal não foi consultado sobre sua amplitude", afirmou o presidente. "Vivemos um momento ímpar em nossa história. Ser presidente é olhar o todo e não apenas as partes. Nosso objetivo principal sempre foi salvar vidas", disse.

Este é o quinto discurso de Bolsonaro sobre a Covid-19, o quarto desde que a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou a pandemia do novo coronavírus. A declaração ocorre após tensões recentes, em especial entre Bolsonaro e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que chegou a esvaziar as gavetas após o presidente ameaçar "usar sua caneta" contra "ministros estrelas".

Pela primeira vez desde o início da pandemia, Bolsonaro se solidarizou com as famílias dos mortos pela doença. No pronunciamento desta quarta-feira, o presidente voltou a repetir o discurso do diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, e disse que "cada país tem suas particularidades, a solução não é a mesma para todos". Bolsonaro voltou a usar a fala do dirigente de forma distorcida para defender a retomada das atividades no Brasil. Ele disse que "os mais humildes não podem deixar de se locomover" e voltou a repetir que as consequências das paralisações não podem ser mais danosas do que a doença em si. "Com esse espirito instruir meus ministros após ouvir pesquisadores, cientistas e chefes de estado sobre a possibilidade de tratamento", afirmou, ao defender o uso da hidroxicloroquina.

O presidente disse ainda ter conversando com o médico Roberto Kalil, admitiu ter usado o medicamento para tratar-se da Covid-19. "[Ele] não só usou bem como a ministrou para dezenas de pessoas. Estão todos salvos", afirmou o presidente. Segundo Bolsonaro, o médico teria dito que preferiu usar a hidroxicloroquina apesar da ausência de estudos conclusivos sobres seus efeitos para não se arrepender no futuro. O presidente disse ainda que o médico "poderá entrar para história como tendo salvo milhares de pessoas".

Bolsonaro sempre defendeu o isolamento parcial

Em discursos anteriores na TV, Bolsonaro criticou explicitamente governadores dos estados por adotarem medidas de isolamento social, e também a imprensa por criar, segundo ele, "pânico" na população. Em uma das falas, chamou a doença de "gripezinha" e disse que seu "histórico de atleta" o impediria de ter complicações caso contraísse a doença. Bolsonaro tem defendido o isolamento apenas parcial da população, dos grupos com maior risco de contaminação, de forma que parte dos trabalhadores possam sair. Para especialistas e o próprio Ministério da Saúde, a estratégia é ineficaz.

Em pronunciamento em 24 de março, o presidente foi explícito na defesa do chamado isolamento vertical, restrito a idosos e pessoas com doenças preexistentes. Já em outro, no dia 31, mudou o tom de seu discurso e pediu um pacto nacional para o enfrentamento à pandemia.

O pronunciamento desta quarta-feira foi feito após Bolsonaro se reunir com presidentes de partidos do chamado centrão, como o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e o vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (Republicanos-SP). Pereira acompanhou a gravação do pronunciamento desta noite e chegou a sugerir mudanças no texto lido por Bolsonaro.

Este vídeo pode te interessar

No último fim de semana, como mostrou a Folha de S.Paulo, os dirigentes do Congresso se recusaram a ter uma conversa com Bolsonaro, incomodados com a postura do presidente. Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, e Davi Alcolumbre (DEM-AP), presidente do Senado, enviaram a Bolsonaro o recado de que a saída de Mandetta dificultaria o diálogo entre Executivo e Legislativo.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais