Publicado em 5 de fevereiro de 2020 às 21:47
A família de Mirian de Oliveira Alves está revoltada e decidiu se manifestar pela primeira vez desde o acidente que matou a professora e deixou a filha dela gravemente ferida em um parque de diversões em Itapemirim, no Sul do Estado, no sábado (01). >
O dono do parque e o operador do brinquedo, que estavam detidos, deixaram a prisão. Foi o mesmo que alguém beber, dirigir e matar uma pessoa. O funcionário estava embriagado e não tinha noção do que fazia. Saber que eles saíram da prisão, nem mesmo minha sobrinha saiu do hospital, é revoltante. Em momento algum eles buscaram a família para prestar alguma assistência. Nada., disse Vinícius de Almeida, irmão do pai da menina Maria Alice.>
A filha de Mirian, Maria Alice, de apenas 8 anos, teve traumatismo craniano e continua internada na UTI do Hospital São Francisco de Assis, em Cachoeiro de Itapemirim. >
Em uma nota aberta, divulgada na tarde desta quarta-feira (05), a família das vítimas defende que a morte da professora foi um ato criminoso. A família está enlutada e desolada. Mirian trabalhou desde os 15 anos de idade. Era o esteio da família. Professora exemplar. Esposa e mãe dedicada. Infelizmente faleceu não numa tragédia, mas num verdadeiro ato criminoso. >
>
O dono do parque, Norimarcos Márcio Matias, de 50 anos e o operador do brinquedo conhecido como "Surf", Alessandro Rodrigues dos Santos, de 23 anos, estavam presos no Centro de Detenção Provisória de Marataízes. Na ocasião da morte, o delegado que atendeu a ocorrência, Thiago Viana, autuou patrão e funcionário pelos crimes de homicídio culposo e lesão corporal culposa (sem intenção de matar).>
Alessandro tentou fugir do local na hora do acidente e confessou ter ingerido bebida alcoólica antes de trabalhar. O parque é da cidade de Juiz de Fora, em Minas Gerais. O proprietário também foi autuado por não ter o alvará municipal.>
O alvará do Corpo de Bombeiros, que autorizou a atividade, foi emitido no dia 20 de dezembro de 2019 e tem validade até dia 29 de fevereiro de 2020. >
Confira a nota da família na íntegra: >
A Mirian teve sua vida retirada num momento de lazer com a sua família, enquanto brincava num parque de diversões. Morreu de forma brutal na frente de seu esposo e da sua mãe.>
A Maria Alice, a mais doce das crianças, foi arremessada violentamente por dez metros e teve traumatismo craniano. Segue internada na Unidade de Tratamento Intensivo do hospital infantil de Cachoeiro de Itapemirim, em coma induzido. Rogamos por sua vida, cremos em Deus e nos médicos que conduzem o seu tratamento e esperamos a sua rápida recuperação.>
Maior que a tristeza, é a nossa revolta. >
Infelizmente, os responsáveis por isso já gozam da liberdade, em decorrência de uma decisão judicial, prolatada no bojo do processo de n°. 0000341-51.2020.808.0026, que tramita perante a Primeira Vara Criminal de Itapemirim/ES, que, de forma equivocada, entendeu que foram elas vítimas de um homicídio culposo, não intencional.>
Inadmissível se conceber que um parque de diversões estivesse operando de forma irregular, sem a licença dos órgãos competentes, ostensivamente, a luz do dia, na via principal de um distrito turístico do Sul do Estado do Espírito Santo.>
Inconcebível que um parque de diversões exposto ao público não mantivesse correta manutenção em seus aparelhos e, mais que isso, que o proprietário do aludido parque tenha permitido que o seu funcionário, responsável por operar os maquinários, estivesse visivelmente embriagado durante o trabalho.>
No momento do ocorrido, nenhum responsável pelo parque apareceu no local. Todos se evadiram e a família ficou a mercê da própria sorte. Até agora nenhum representante fez contato ou prestou qualquer auxílio. Ao contrário, grassam em liberdade e desfrutam do conforto de seus lares.>
Quem mantêm um parque de diversões operando sem alvará de funcionamento, com equipamentos quebrados e em estado de embriaguez, comete homicídio doloso, com a intenção de matar e deve ser responsabilizado por isto. >
Tanto o proprietário quanto o operador do aparelho assumiram o risco de causarem a morte de alguém no momento que decidiram agir conforme agiram e esperamos uma enérgica atuação da Polícia Civil, do Ministério Público e do Judiciário Capixabas, no sentido de darem uma resposta satisfatória para a família e para a sociedade>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta