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Publicado em 14 de julho de 2025 às 21:17
Decisão proferida pelo plenário do Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo (TRE-ES), nesta segunda-feira (14), confirmou a ocorrência de fraude à cota de gênero – o registro de candidaturas femininas laranjas – por parte do Podemos de Guarapari, durante as eleições municipais de 2024, na chapa proporcional formada pelo partido visando às vagas de vereador na Câmara de Vereadores da cidade. >
Com isso, foi determinada a anulação dos votos recebidos pela legenda no pleito do ano passado, bem como a cassação do diploma dos candidatos eleitos para o cargo de vereador pelo partido e a recontagem dos quocientes eleitoral e partidário das chapas proporcionais no município. A revisão da votação pode ocasionar mudanças nos 17 vereadores que hoje integram o Legislativo de Guarapari.>
Uma suposta candidata, que teria colaborado com a fraude, foi declarada inelegível pelo período de oito anos. O Podemos elegeu um vereador para a Câmara de Guarapari nas eleições do ano passado: Denizart Zazá. Ele foi eleito com 1.170 votos. A determinação da Justiça impõe a cassação do seu diploma. >
Por se tratar de fraude à cota de gênero, os efeitos da decisão já podem ser aplicados. Antes, no entanto, é preciso haver a publicação no Diário da Corte Eleitoral.>
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A decisão é fruto de um recurso interposto ao TRE-ES pelo ex-candidato a vereador Ronaldo Gomes (Republicanos). Ele recorreu à Corte de 2º grau após o juiz da 24ª Zona Eleitoral de Guarapari, Gil Velozzo Teddei, ter julgado improcedente, em janeiro deste ano, as alegações de que o Podemos da cidade teria apresentado uma candidatura feminina apenas para cumprir a cota mínima de 30%, conforme exigido pelo artigo 10, § 3º, da Lei das Eleições (Lei nº 9.504/97).>
No entanto, diferentemente do que alegou o juiz em sua decisão, a relatora dos autos no TRE-ES, Isabella Rossi Naumann Chaves, entendeu que acervo probatório permitiu concluir, com segurança, que houve o descumprimento da cota mínima de gênero, maculando a legitimidade do processo eleitoral, sendo acompanhada à unanimidade em seu voto.>
Ainda de acordo com a decisão do TRE-ES, consultada pela reportagem de A Gazeta na noite desta segunda-feira (14), teria ficado comprovado, nos autos, que a candidata obteve apenas 3 votos nas eleições de 2024. A Justiça Eleitoral considera a votação zerada ou inexpressiva como um elemento configurador de fraude.>
Ainda teriam sido identificadas ausência de gastos eleitorais e prestação de contas zerada: a candidata teria devolvido integralmente o valor que havia recebido do partido.>
Por fim, é destacado, na decisão, que não foram demonstrados atos de campanha nas mídias sociais da candidata. "Apesar de a candidata ter perfis ativos, não havia nenhuma publicação contendo propaganda eleitoral de sua própria candidatura entre 16 de agosto e 5 de outubro de 2024. A única publicação com conteúdo eleitoral nesse período era referente a outro candidato (a prefeito), sem sequer menção à sua própria candidatura", apontam os autos.>
Procurado para comentar a decisão do Tribunal Regional Eleitoral, o Podemos estadual encaminhou nota à imprensa informando que respeita as decisões da Justiça Eleitoral, mas disse considerar absurda a cassação do mandato do vereador Zazá, em Guarapari. "Trata-se de uma decisão injusta com um parlamentar que foi legitimamente eleito pelo voto popular e que exerce seu mandato com responsabilidade e dedicação à população". Veja íntegra da nota abaixo:>
"O Podemos do Espírito Santo respeita as decisões da Justiça Eleitoral, mas considera absurda a cassação do mandato do vereador Zazá, em Guarapari. Trata-se de uma decisão injusta com um parlamentar que foi legitimamente eleito pelo voto popular e que exerce seu mandato com responsabilidade e dedicação à população. É importante lembrar que, em primeira instância, a Justiça Eleitoral já havia reconhecido a lisura da chapa e a inexistência de fraude na cota de gênero. Ou seja, não havia nenhum indício que justificasse a perda do mandato. Zazá tem uma trajetória de compromisso com o povo de Guarapari e conta com total solidariedade e apoio do Podemos Estadual, que seguirá ao lado do vereador, confiando na reversão dessa decisão em instâncias superiores e na reparação dessa injustiça.">
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