Repórter / [email protected]
Repórter / [email protected]
Publicado em 11 de março de 2022 às 18:16
Na última quarta-feira (9), um dia depois do Dia Internacional da Mulher, o vereador bolsonarista Gilvan da Federal (Patriota) mandou a colega parlamentar Camila Valadão (Psol) "calar a boca" e "ficar quietinha" durante uma sessão na Câmara de Vitória. >
O episódio não é o primeiro. Em dezembro do ano passado, Gilvan ofendeu professores da rede pública e novamente mandou a vereadora psolista calar a boca. Ainda em 2021, dessa vez no dia 8 de março, ele disse que a roupa da colega não era apropriada.>
A escala de falas agressivas foi criticada por políticos capixabas e de outros estados. O deputado federal Felipe Rigoni (União Brasil - ES) manifestou solidariedade à vereadora e classificou o comportamento do legislador municipal como “nojento”.>
A vice-governadora do Espírito Santo, Jacqueline Moraes (PSB), disse que o que aconteceu é “mais um episódio inaceitável”. >
>
Para a vereadora da Capital Karla Coser (PT), quando uma mulher é silenciada, todas as outras são impactadas pelo mesmo ato. >
A Comissão da Mulher Advogada (OAB-ES) também fez uma manifestação contra o ato praticado pelo vereador de Vitória em um evento realizado nesta sexta-feira (11). Em coro, as integrantes da comissão, a vice-governadora Jacqueline, Karla e Camila entoaram "cala a boca já morreu, quem manda na minha boca sou eu". O vídeo foi publicado nas redes sociais.>
Também em sua página na rede social, o PSB Vitória disse que Gilvan agiu, novamente, de “forma machista”. >
O fato também chamou a atenção da deputada federal Fernanda Melchionna (Psol-RS). Em um gesto de apoio à colega de partido, a parlamentar sulista incentivou que Camila continue falando. >
A discussão aconteceu na sessão ordinária da última quarta-feira (9), data posterior ao Dia Internacional da Mulher. Na ocasião, Gilvan discursava sobre uma decisão do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) acerca de um posicionamento dele em sessão. >
Em seguida, ele rasga uma nota de repúdio, que, segundo o vereador, foi redigida pelo Conselho Municipal de Educação de Vitória (Comev), e lança os pedaços no chão da Casa de Leis. Após isso, ele diz aos servidores que vai recolher os resíduos. >
Alegando que havia sido interrompido por Camila, o vereador bolsonarista então manda ela se calar. >
Gilvan da Federal
Vereador de Vitória
O presidente da Câmara, Davi Esmael (PSD), fez uma intervenção e pediu que Gilvan preze pela “política dos bons costumes”. O parlamentar bolsonarista rechaçou a ideia.>
À reportagem, a vereadora Camila Valadão explicou que a mesa que ela usa é a primeira da fila, de frente para Gilvan. >
Camila Valadão
Vereadora de VitóriaEm seguida, Camila interrompe o vereador dizendo "você não vai me mandar calar a boca", usando o microfone. “E foi quando ele começou a gritar ainda mais e o presidente da Câmara decide intervir”, relembra a parlamentar. >
Por nota, o vereador Davi Esmael, disse que discorda da conduta do colega. No documento, o presidente alega que fez a intervenção para “cobrar maior cuidado na relação com os demais, com intuito de garantir o direito à fala de todos, o debate respeitoso de ideias e a fluidez dos trabalhos da Câmara de Vitória”, finaliza. >
Procurado pela reportagem, o vereador Gilvan da Federal afirmou, por meio de nota, que os fatos ocorridos "não passaram de um embate normal entre parlamentares em que, a vereadora do Psol incorreu em uma infração ao regimento interno da Casa de Leis quando interrompeu o vereador".>
Na nota, Gilvan ainda afirma que Camila e Karla Coser, "para criar narrativas inexistentes, interrompem o vereador de forma desrespeitosa e antirregimental para, tentar, posteriormente, levar à mídia de forma distorcida situações que verdadeiramente não se sustentam".>
"Ademais, há de se lembrar que o vereador é inviolável por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato como assim destacou o presidente da Casa", diz ainda um trecho da nota.>
A vereadora Camila Valadão (PSOL) diz que vai denunciar o vereador na Corregedoria da Casa. >
“Vamos protocolar mais uma denúncia, mas é mais uma de outras 10 que estão lá e só uma até hoje foi acolhida. Ali dentro da Câmara, a gente não vai ter uma resposta. Acho absurdo as instituições capixabas permitirem que essa violência aconteça dentro de uma Casa Legislativa, é a Câmara da Capital”, ressalta. >
Camila reclama que "as mulheres enfrentam a violência política há muito tempo nesses espaços e isso não é um caso isolado". "Quando eu sou interrompida na tribuna, o que acontece com frequência, eu não mando meu colega calar a boca. Ele não faz isso com os vereadores homens", analisa.>
O corregedor da Câmara, vereador Anderson Goggi (PTB), disse que até a noite desta quinta-feira (10) não havia recebido nenhuma denúncia ou pedido de investigação da conduta do colega parlamentar. >
Anderson Goggi
CorregedorSegundo ele, quando isso acontece, a Corregedoria pauta e distribui a denúncia para que seja definido quem será responsável pela relatoria, que decide se o pedido será deferido ou não. >
Gilvan da Federal também afirmou que iria entrar com representação junto à Corregedoria contra os acontecimentos, por entender que foi interrompido pela vereadora de "forma desrespeitosa e antirregimental".>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta