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Publicado em 19 de setembro de 2025 às 07:42
Como já haviam sinalizado em outros momentos, a maioria dos deputados federais do Espírito Santo defende a anistia para envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, que pode beneficiar, inclusive, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — já condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Nessa lógica, votaram pela urgência do projeto de lei que deverá livrar os acusados das sanções. Alguns justificam o posicionamento, defendendo a ideia de pacificação, outros enxergam a possibilidade de impunidade.>
A votação da urgência foi realizada em sessão na Câmara Federal, na noite de quarta-feira (17), e o deputado Amaro Neto (Republicanos) foi um dos que aprovaram a proposta. "O Brasil precisa virar a página e buscar a pacificação. O país não pode continuar vivendo essa divisão que só atrapalha o nosso futuro. Respeito as instituições e a democracia, mas acredito que a anistia é um passo importante para restabelecer a paz social e permitir que o Brasil volte a olhar para frente", argumenta. >
A deputada Jack Rocha (PT), contudo, refuta a ideia de pacificação e avalia que a proposta é uma afronta à separação dos Poderes, à soberania da Constituição e à vontade popular. "Transformar o Parlamento em escudo de impunidade é rasgar a história de luta do nosso povo. Golpe não se anistia, golpe se condena", reforça. >
O site da Câmara Federal registra como cada deputado vota, mas, ao serem procurados pela reportagem de A Gazeta, nem todos os parlamentares apresentaram suas justificativas. Confira quem esclareceu seu posicionamento: >
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A urgência votada pela Câmara Federal foi relativa a um projeto de lei de 2023, do deputado federal Marcelo Crivella (Republicanos-RJ). Entretanto, esse texto ainda deve mudar. >
O projeto de lei de Crivella dá anistia a "participantes das manifestações reivindicatórias de motivação política ocorridas entre o dia 30 de outubro de 2022 e o dia de entrada em vigor" da possível lei.>
Foram 311 votos a favor da urgência, 163 contra e 7 abstenções. Entre os 10 deputados do Espírito Santo, 7 votaram pela urgência, 2 foram contrários e 1 não registrou voto. A data de votação do projeto ainda será marcada.>
O texto de Crivella abarca pessoas que tenham participado de manifestações com "motivação política e/ou eleitoral" ou que tenham contribuído com "doações, apoio logístico ou prestação de serviços e publicações em mídias sociais".>
Ou seja, a princípio, a proposta incluiria pessoas punidas na Justiça por participarem dos ataques e invasões na Praça dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro de 2023.>
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), vinha sendo pressionado nas últimas semanas para pautar o assunto ou, ao menos, sua urgência.>
A urgência acelera a tramitação de um projeto — fazendo com que ele possa ser votado diretamente no plenário, sem passar por comissões, por exemplo.>
A princípio, o projeto de Crivella não é tão abrangente no perdão como alguns desejavam. Esse tipo de anistia mais branda pode não incluir Jair Bolsonaro, condenado na semana passada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) a mais de 27 anos de prisão por golpe de Estado e outros crimes, e nem aliados do ex-presidente punidos também. Mais uma vez, é importante lembrar que o texto de Crivella deve mudar.>
Na quinta-feira (18), o deputado Paulinho da Força (Solidariedade) foi escolhido como relator do projeto. Deputados favoráveis a uma ampla anistia aos condenados por atos golpistas, majoritariamente bolsonaristas e do PL, falam em negociar com ele e querem levar ao plenário um texto que garanta o perdão ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O grupo rejeita a redução de penas proposta pelo centrão.>
Paulinho, por sua vez, diz que seu texto não vai tratar de anistia, mas sim de redução de penas. Também afirmou que vai buscar uma solução meio-termo, que seja pactuada com o Senado e o STF (Supremo Tribunal Federal). O deputado tem boa relação com os ministros da corte, especialmente Alexandre de Moraes.>
Os bolsonaristas falam em convencer o relator de que é importante anistiar todos os condenados por crimes contra o Estado democrático de Direito, inclusive Bolsonaro. Se isso não for possível, a ideia é apresentar destaques ou emendas ao texto e tentar, por meio da votação no plenário, obter maioria para a anistia ampla.>
*Com informações da BBC News Brasil e Folhapress>
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