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Nem PT, nem Bolsonaro: partidos de centro elegem mais prefeitos nas capitais

Nem PT, nem Bolsonaro: partidos de centro elegem mais prefeitos nas capitais

Em ano de pandemia de Covid-19, eleitores nas capitais preferiram apostar em candidatos de perfil moderado. Veja como ficou o mapa partidário nas capitais do país

Publicado em 1 de dezembro de 2020 às 22:11

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Urna - confirma
MDB foi o partido que mais elegeu prefeituras em capitais em 2020. (Carlos Alberto Silva)

A eleição nas capitais dos Estados mostrou que nas metrópoles brasileiras o eleitor se cansou da polarização entre o PT e o atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido). É o que apontam especialistas, já que a disputa das eleições de 2018 não levou muitos votos em 2020 e prevaleceram nas urnas os candidatos com discursos de centro. O MDB foi o que mais elegeu nas capitais, com cinco prefeitos, seguido pelo DEM e pelo PSDB, com quatro cada um.

Dos três partidos, o único que diminuiu sua presença em capitais foi o PSDB, que está atualmente em oito prefeituras, mas só conseguiu se manter à frente de quatro capitais (São Paulo, Porto Velho, Natal e Palmas).

O MDB tem três prefeitos em capitais, que conseguiram a reeleição ou tiveram sucessores do partido eleitos (Cuiabá, Boa Vista, Goiânia), e vão ocupar em 2021 outras duas prefeituras (Porto Alegre e Teresina). O DEM também conseguiu se manter em Salvador, Curitiba e Florianópolis, além de eleger um novo prefeito de capital no Rio de Janeiro.

Por outro lado, pela primeira vez desde 1985, o PT, um dos principais partidos de esquerda do país, não elegeu nenhum prefeito em capitais. No Espírito Santo, Vitória foi uma das poucas capitais em que o Partido dos Trabalhadores chegou ao segundo turno, com o ex-prefeito João Coser (PT). A outra capital que o partido alcançou a fase final foi Recife, com Marília Arraes (PT), que perdeu para João Campos (PSB), em Pernambuco. Bolsonaro, por sua vez, teve apenas a vitória de um apoiador declarado:  Tião Bocalom (PP), em Rio Branco.

Para o cientista político Leandro Consentino, o resultado das eleições aponta para um esgotamento da polarização de 2018, com o PT e os apoiadores de Bolsonaro sendo preteridos e o eleitor buscando candidatos moderados, muitas vezes em partidos de centro.

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Em Vitória, por exemplo, podemos observar isso na eleição de Lorenzo Pazolini (Republicanos) que, apesar de ter aliados em comum com Bolsonaro, não explorou isso na campanha, buscando a moderação. É um movimento que vimos em outros lugares, um bolsonarismo ‘envergonhado’

Leandro Consentino
Cientista político
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"Eu diria que é uma situação parecida com a do Guilherme Boulos (PSOL), em São Paulo, só que com sinais trocados. Ele, claramente, moderou seu discurso, o que se mostrou uma decisão acertada e teve um bom resultado, apesar de não se eleger. A classe política percebeu que os extremismos não vendem como vendiam em 2018", complementa Consentino.

Outro destaque nos resultados deste pleito é o crescimento de partidos do chamado Centrão. O PP, o Avante, o Podemos e o Republicanos, que não estão em nenhuma prefeitura de capital atualmente, passarão a ter prefeitos em 2021 nas sedes dos Estados. O PSD manteve as duas capitais que tinha.

O cientista político Antônio Lucena aponta que a pandemia mexeu com o cacife político de quem estava se preparando para as eleições. Prefeitos que foram bem avaliados no combate ao coronavírus conseguiram se reeleger. Ao mesmo tempo, como o cenário para os próximos anos deve ser de queda na arrecadação e ainda com impactos na rede de saúde por conta da Covid-19, o eleitor preferiu não arriscar.

"Aquela onda de ‘nova política’ e a percepção antipolítica arrefeceu de 2018 para cá. Quem teve bons resultados durante esse período da pandemia, como o Alexandre Kalil (PSD) em Belo Horizonte, conseguiu a reeleição. O que me chama a atenção também é o encolhimento do PT. Me lembra, de certa forma, o cenário enfrentado pelo PFL, que era ainda lembrado como um partido da ditadura militar, deu uma repaginada, atualizou seus conceitos e mudou para DEM. Me parece que o PT precisa passar por esse processo para voltar a ocupar os espaços que já esteve", argumenta.

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