> >
Em ano eleitoral, críticas e elogios a Luciano Rezende marcam prestação de contas

Em ano eleitoral, críticas e elogios a Luciano Rezende marcam prestação de contas

Sessão virtual da Câmara de Vitória mostra divisão de forças políticas que se desenha para as eleições deste ano na Capital. Vereadores são pré-candidatos a prefeito ou pretendem tentar a reeleição

Publicado em 1 de julho de 2020 às 12:15

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Prefeito Luciano Rezende presta contas à Câmara Municipal em sessão virtual
Prefeito Luciano Rezende presta contas à Câmara Municipal em sessão virtual. (Reprodução/Youtube)

A divisão de forças políticas que se desenha para as eleições deste ano em Vitória ficou evidente na penúltima prestação de contas do prefeito da Capital, Luciano Rezende (Cidadania), na Câmara, nesta terça-feira (30). A sessão foi marcada por troca de elogios entre vereadores aliados e o chefe do Executivo municipal e por críticas dos opositores. Os parlamentares aproveitaram ainda o espaço para fazer acenos para as bases eleitorais. 

Todos os 15 vereadores da Casa fizeram questionamentos ao prefeito sobre o primeiro semestre de 2020 em cerca de quatro horas de sessão. Foi a primeira prestação de contas que ocorreu remotamente na história do Legislativo municipal, devido à pandemia do coronavírus

Foram abordados temas como obras realizadas na cidade, o projeto de Previdência municipal e a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2021, além de assuntos relacionados a ações durante este período, como a realização de testes da Covid-19 e o pagamento de auxílio emergencial a taxistas. 

Embora as brigas não tenham predominado na reunião, o que tem sido comum nos bastidores e nas sessões da Casa nas últimas semanas, o posicionamento dos vereadores na prestação de contas mostrou a nova configuração de forças no Legislativo, que já variou ao longo da atual legislatura. Hoje, com pôde ser observado na sessão, há nove parlamentares alinhados ao prefeito. Outros seis são contrários a ele e estão mais próximos do presidente da Casa, Cléber Félix (DEM), o Clebinho.

O clima na Casa é reflexo da disputa eleitoral que já se avizinha. Alguns vereadores planejam disputar a reeleição, outros são pré-candidatos à Prefeitura de Vitória

O presidente da Câmara, que protagoniza as polêmicas contra o grupo do prefeito, teve posicionamento discreto na sessão, evitando direcionar críticas ou questionamentos incisivos a Luciano Rezende. Clebinho é potencial aliado do deputado estadual Lorenzo Pazolini (Republicanos), pré-candidato a prefeito de Vitória, de quem pode até se tornar vice na chapa.

Confirmada a candidatura, Pazolini deve se colocar na campanha eleitoral como um dos principais adversários do grupo de Luciano, que tem como representante para a sucessão o deputado estadual Fabrício Gandini (Cidadania).

Dois momentos da prestação de contas foram marcados por tensão maior, envolvendo dois dos parlamentares da oposição. No primeiro, o vereador Roberto Martins (Rede) relembrou que na última prestação de contas o prefeito o chamou de "forasteiro" e afirmou que daria uma "oportunidade" ao gestor para se desculpar. 

Luciano respondeu que "quem pode julgar uma gestão é Deus e o povo, não outro político. Muito menos quando o outro político é candidato para algum cargo eletivo". "Continuo forasteiro, então", finalizou Roberto, que é pré-candidato a prefeito. O vereador questionou ainda sobre supostas irregularidades no Programa Porta a Porta (para transporte de cadeirantes na cidade), alvo de CPI proposta pelo parlamentar. O gestor negou as acusações.

O segundo momento foi a pergunta de Mazinho dos Anjos (PSD) sobre os prazos que haviam sido fixados no contrato do Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa), celebrado entre a prefeitura e a Caixa Econômica Federal.  O acordo,  aprovado na Câmara em 2017, contempla obras na cidade. O primeiro prazo para conclusão era em fevereiro de 2019 e foi prorrogado para 12 de dezembro deste ano.

Também pré-candidato a prefeito, Mazinho acusou Luciano de não ter um planejamento para as obras, o que teria provocado os atrasos. Subindo o tom, Luciano disse que o vereador desconhece a administração pública e sustentou que sua gestão enfrentou calamidades públicas com sucesso.  "O julgamento da Prefeitura de Vitória feito por um outro político que tem interesses eleitorais não tem nenhuma aplicabilidade à vida de uma gestão. Quem julga um governo é Deus e a população, não é um candidato", repetiu o prefeito.

Outra pré-candidata para comandar a cidade, Neuzinha de Oliveira (PSDB) fez cobranças sobre a testagem em massa de Covid-19. O prefeito afirmou que não seria possível realizar devido à baixa quantidade de exames disponíveis. "Os critérios para fazer o teste são dados pelo Ministério da Saúde e o Brasil tem uma quantidade pequena. É um país que não comprou testes e não se preparou para testar em massa", respondeu.

AFAGOS DE APOIADORES 

Perguntas mais incisivas, no entanto, não permearam toda a sessão. Os vereadores aliados a Luciano usaram a estratégia de elogiar a gestão atual e garantir a oportunidade de o prefeito ressaltar obras realizadas ou explicar prazos vencidos.

Max da Mata (Avante), que em boa parte do mandato esteve na oposição ao prefeito, mas tem se reaproximado da base governista da Casa, por exemplo, usou suas perguntas para possibilitar a Luciano a chance de explicar publicações de opositores nas redes sociais.

Luciano Rezende prestou contas à Câmara de maneira remota
Luciano Rezende prestou contas à Câmara de maneira remota. (Diego Alves/Prefeitura de Vitória)

Nathan Medeiros (PSB), que deixou a secretaria municipal da Central de Serviços e voltou para a Câmara há poucas semanas, afirmou que ele se questiona se o prefeito não dorme,  "porque está sempre, até altas horas da madrugada, trabalhando". Disse ainda que políticos da oposição tem em Luciano "o maior pesadelo". Em retorno, recebeu o elogios e agradecimentos do chefe do Executivo. 

Vinícius Simões (Cidadania), aliado de primeira hora de Luciano e adversário de Clebinho, não poupou elogios à administração municipal e afirmou que a gestão de quase oito anos do prefeito é uma "era que se distancia da corrupção e do erro". 

O vereador também utilizou o seu tempo de fala para mencionar o nome do pré-candidato de Luciano para a disputa deste ano, o deputado estadual Fabrício Gandini (Cidadania). "Muitas das coisas que estão sendo executadas agora passaram pelas mãos do Gandini quando foi secretário de Governo. Então, preciso fazer esse registro importantíssimo de quem plantou a semente lá atrás", disse. Os elogios foram retribuídos pelo prefeito. "Vereador preparado, experiente, que honra muito essa casa. Obrigado por tudo", disse Luciano para Simões.

Além de críticas e afagos ao prefeito, os parlamentares fizeram acenos às bases eleitorais, já em clima de campanha. Agradeceram os profissionais de saúde que estão na linha de frente contra o coronavírus, parabenizaram os agentes da Guarda Municipal e os funcionários da limpeza pública pelo trabalho na cidade, e ressaltaram a necessidade de apoio aos taxistas do município.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais