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Publicado em 19 de outubro de 2022 às 18:00
A Câmara dos Deputados aprovou na noite de terça-feira (18) a urgência do projeto que pune e criminaliza institutos de pesquisa, por 295 votos a 120. Entre os 10 deputados federais do Espírito Santo, dois votaram contra priorizar a proposta a menos de duas semanas do segundo turno das eleições 2022. Seis deputados capixabas foram favoráveis à urgência do tema, embora o texto final ainda não tenha data prevista para entrar em votação. >
A urgência permite que a proposta seja incluída para votação do Plenário, mas o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), garantiu às lideranças partidárias que será votada uma outra proposta sobre regulamentação das pesquisas eleitorais e que esse novo texto será alvo de uma ampla rodada de negociações com as bancadas antes de ser incluído em pauta.>
Os dois votos contrários da bancada federal capixaba vieram dos deputados federais reeleitos Helder Salomão (PT) e Paulo Foletto (PSB). O petista seguiu a orientação da liderança do PT, que juntamente com Psol e Rede foram os únicos partidos a sinalizarem aos parlamentares para que votassem contra a urgência da apreciação da matéria. MDB, PDT, minoria e oposição liberaram seus deputados. Os demais partidos e o governo orientaram a favor da urgência.>
Os seis parlamentares do Espírito Santo favoráveis à urgência do projeto foram: Amaro Neto (Republicanos); Da Vitória (PP); Felipe Rigoni (União); Neucimar Fraga (PP); Norma Ayub (PP); e Soraya Manato (PTB). Os deputados Evair de Melo (PP) e Lauriete (PSC) estavam ausentes e não participaram da votação.>
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Como votou cada deputado federal do Espírito Santo
► Amaro Neto (Republicanos) - Sim
► Da Vitória (PP) - Sim
► Felipe Rigoni (União) - Sim
► Helder Salomão (PT) - Não
► Neucimar Fraga (PP) - Sim
► Norma Ayub (PP) - Sim
► Paulo Foletto (PSB) - Não
► Soraya Manato (PTB) - Sim
► Evair de Melo (PP) - Ausente
► Lauriete (PSC) - Ausente
Saiba
A urgência aprovada pela Câmara dos Deputados se refere ao Projeto de Lei (PL) 96/2011, de autoria do deputado Rubens Bueno (Cidadania-PR), cujo texto já foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) há mais de 10 anos. Contudo, o objetivo seria colocar em votação um outro texto (PL 2567/22), que criminaliza as pesquisas eleitorais e passou a tramitar de forma conjunta, apresentado pelo deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara.>
A proposta de Barros prevê de quatro a dez anos de prisão e multa a quem publicar pesquisa eleitoral nos 15 dias anteriores às eleições com números divergentes do resultado oficial, acima da margem de erro declarada.>
A votação da urgência foi uma forma de Lira manter a pressão sobre os institutos de pesquisa, diante da falta de consenso de partidos como MDB, Republicanos e PSD em relação ao texto e em meio a ponderações sobre o fato de a análise ocorrer durante o processo eleitoral.>
A decisão de votar apenas a urgência foi tomada após reunião de Lira com líderes da base. Uma ala defendeu que o texto proibisse a divulgação de pesquisas nos 15 dias que antecedem as eleições, como previsto no PL de Barros; outro grupo queria punir civilmente e não penalmente institutos que divergissem duas ou três vezes acima da margem de erro do resultado do pleito.>
Lira disse que se reuniria com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para tratar do texto que deve ser levado ao Plenário da Câmara. "Não haverá açodamento, mas tem que haver um start com relação à disposição de trazer esse assunto com a urgência que ele requer, dado o histórico de três, quatro eleições com erros repetidos causando prejuízo à democracia brasileira", afirmou Lira.>
Segundo Pacheco, caso o projeto seja aprovado na Câmara e chegue ao Senado, ele terá de passar pela Comissão de Constituição de Justiça e ser amplamente debatido antes de ir ao Plenário, o que dificilmente deve acontecer ainda nesta legislatura.>
O Senado tem freado a análise de propostas votadas a toque de caixa pelos deputados, como o Código Eleitoral, que também traz restrição à divulgação de pesquisas eleitorais.>
Na semana passada, Lira manobrou para facilitar a votação do projeto no Plenário, ao anexar o texto de Barros a uma proposição que já poderia ser analisada. Sem sucesso, a apreciação do texto foi adiada. >
O projeto de Barros se insere numa mobilização bolsonarista após o resultado do primeiro turno e faz parte de uma ofensiva para desacreditar os institutos com argumentos que ignoram características de levantamentos eleitorais. >
O texto não leva em conta que pesquisas apontam tendências e a intenção de voto no momento em que pessoas aptas a votar são entrevistadas, sem a missão de antecipar o voto dado pelo eleitor.>
Uma outra frente contra os institutos de pesquisas foi aberta a partir de um ofício enviado à Superintendência-Geral do Cade determinando a abertura de uma investigação contra os institutos, que, segundo o presidente do Cade, Alexandre Cordeiro, podem ter atuado como um cartel para "manipular" as eleições. Cordeiro é ligado ao ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.>
No mesmo dia, o ministro da Justiça, Anderson Torres, também determinou à Policia Federal que instaurasse inquérito para investigar os institutos de pesquisa.>
No entanto, o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), decidiu barrar a instauração dos inquéritos sob alegação de ausência de justa causa e "incompetência absoluta" dos órgãos para uma apuração do tipo no período eleitoral.>
Com informações da Agência Folhapress>
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