> >
Entre tapas e beijos: políticos que mudaram de lado nas eleições do ES

Entre tapas e beijos: políticos que mudaram de lado nas eleições do ES

Veja alguns casos de lideranças que estão na linha de frente do segundo turno no Espírito Santo que mudaram de posição e de aliados

Publicado em 18 de outubro de 2022 às 13:09

Ícone - Tempo de Leitura 1min de leitura
Entre uma eleição e outra no Espírito Santo, há casos de políticos capixabas que se aliaram a antigos adversários
Entre uma eleição e outra no Espírito Santo, há casos de políticos capixabas que se aliaram a antigos adversários. (Canva | A Gazeta)
Ednalva Andrade
Repórter / [email protected]

A comparação entre política e nuvens, bastante utilizada para expressar como são repentinas e constantes as mudanças que ocorrem no meio político, parece estar sendo levada bem a sério entre os políticos do Espírito Santo. Entre uma eleição e outra, teve político capixaba que mudou de lado, se aliou a antigos adversários, virou inimigo de antigos aliados e teve até quem trocou de apoio entre o primeiro e o segundo turnos das eleições 2022.

A reportagem de A Gazeta levantou a ficha política de alguns personagens que tiveram destaque na disputa eleitoral deste ano, especialmente no segundo turno da corrida para governador do Espírito Santo, algo que não ocorria há 28 anos, e mostra as metamorfoses ao longo das trajetórias políticas deles.

Confira abaixo, em ordem alfabética, a trajetória e mudanças de seis personagens da política do Espírito Santo nas eleições 2022.

  • Erick Musso (Republicanos) é presidente da Assembleia Legislativa

    01

    Erick Musso (Republicanos), presidente da Assembleia Legislativa do Espírito Santo

    Em 2014, Erick Musso (Republicanos) foi o deputado estadual mais jovem eleito naquele ano, aos 27 anos, filiado ao PP. Em uma trajetória meteórica na Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), foi vice-líder do governo e se filiou ao MDB, que era o partido do então governador do Estado, Paulo Hartung. Contou com Hartung em seu palanque quando concorreu à Prefeitura de Aracruz, em 2016, mas perdeu a disputa. Logo depois, no início de 2017, foi eleito presidente da Ales, com o apoio do governo, desbancando as pretensões do deputado Theodorico Ferraço (atual PP, ex-DEM) de obter mais um mandato na Mesa Diretora da Casa. Dois anos depois, já reeleito deputado estadual e filiado ao PRB (atual Republicanos), ganhou mais um biênio no comando da Ales, desta vez com Renato Casagrande (PSB) na principal cadeira do Palácio Anchieta. Seu terceiro mandato à frente da Ales foi conquistado em 2021, mas ele já havia tentado antes, com uma polêmica eleição antecipada, que desagradou o governador. Com todas essas movimentações e costuras, chegou a 2022 com pré-candidatura lançada ao governo do Estado. Porém, seu nome não decolou e, em junho deste ano, passou a circular nos bastidores a possibilidade de aliança local entre PL e Republicanos. Como a candidatura de Magno Malta (PL) ao Senado não tinha chances de recuo, surgiram especulações da retirada do nome de Manato (PL) da disputa ao Palácio Anchieta. Magno, presidente do PL no Espírito Santo, foi a público reafirmar a candidatura de Manato, enquanto cresciam as rusgas entre Manato e Erick Musso. As divergências ficaram notórias na visita do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Espírito Santo, em julho, quando Erick foi vaiado em eventos de apoio ao presidente, e aliados atribuíram a apoiadores de Manato. Uma semana depois, o presidente da Ales virou candidato ao Senado e foi derrotado por Magno. Sem mandato a partir do ano que vem, no segundo turno decidiu apoiar Manato na disputa para governador.

  • Senador Fabiano Contarato está aberto a possibilidade de concorrer ao governo

    02

    Fabiano Contarato (PT), senador

    Conhecido no Estado pelo trabalho desempenhado como delegado titular da Delegacia de Delitos de Trânsito, o senador Fabiano Contarato (PT) se inscreveu para disputar sua primeira eleição em 2014, como candidato a senador pelo PR (atual PL), que já era o partido do então senador Magno Malta. Poucos dias depois de registrar a candidatura, ele renunciou à disputa alegando motivos pessoais. A coligação que defendia a reeleição de Renato Casagrande indicou para a vaga o ex-prefeito de Vila Velha Neucimar Fraga, na época filiado ao PV. Em 2016, Contarato assumiu o cargo de corregedor do Estado, na gestão do ex-governador Paulo Hartung, hoje sem partido, na época no PMDB. Quatro anos depois da desistência, Contarato foi o mais votado e se elegeu senador concorrendo pela Rede, partido que apoiou a senadora Rose de Freitas, então filiada ao Podemos, na disputa ao governo do Estado. Ao se eleger senador, em 2018, ao lado de Marcos do Val (Podemos), Contarato venceu uma disputa contra dois senadores que tentavam se reeleger — Magno Malta (PR) e Ricardo Ferraço (PSDB). No final de 2021, Contarato anunciou sua saída da Rede e filiação ao PT, meses depois do convite do ex-presidente Lula. O PT lançou sua pré-candidatura ao governo do Estado no início de 2022, mas já admitia recuar, o que ocorreu em julho, quando o partido oficializou apoio à reeleição de Renato Casagrande (PSB). Depois da retirada do seu nome da disputa, o petista ficou longe da disputa estadual e só reapareceu na reta final do primeiro turno, declarando apoio a Casagrande. No segundo turno tem sido visto com mais frequência em agendas de Casagrande.

  • Deputado federal pelo União Brasil, Felipe Rigoni defende um novo ciclo no governo do Estado

    03

    Felipe Rigoni (União Brasil), deputado federal

    Eleito deputado federal em 2018 pelo PSB, partido do governador Renato Casagrande, Felipe Rigoni entrou com uma ação na Justiça Eleitoral para deixar o partido sem perder o mandato, após sofrer punições do PSB por votar a favor da Reforma da Previdência, em 2020. Ele venceu a ação de desfiliação partidária por justa causa no início de 2021, mas somente no final do ano ele bateu o martelo sobre o seu destino e entrou no União Brasil, de olho na disputa pelo comando do Palácio Anchieta. No início de 2022, assumiu o comando da legenda no Espírito Santo e causou uma debandada de ex-filiados ao DEM e ao PSL, partidos que se uniram para formar o União Brasil. Rigoni desbancou o ex-senador Ricardo Ferraço (PSDB), que presidia o DEM no Estado, antes da fusão com o PSL, e agora é o vice na chapa de Casagrande. Com o União Brasil nas mãos, Rigoni se lançou pré-candidato ao governo do Estado com discurso crítico em relação ao atual governador, pregando renovação. Sua pré-candidatura não vingou e, em julho, anunciou que seria candidato à reeleição e apoiaria Erick Musso para o Senado, mas sem se aliar a nenhum candidato ao governo. Com a derrota de ambos nas eleições 2022, Rigoni declarou apoio a Casagrande na disputa do segundo turno para governador e partiu para o ataque contra Manato, que passou a ser apoiado por Erick Musso.

  • Magno Malta

    04

    Magno Malta (PL), senador eleito

    A história do pastor e cantor gospel Magno Malta (PL) na política começou nos anos 90, em Cachoeiro de Itapemirim, mas basta se ater aos últimos 12 anos para perceber como ela foi marcada por mudanças de aliados. Em 2010, ele foi reeleito senador em uma ampla aliança que tinha Casagrande como candidato a governador e Ricardo Ferraço (PSDB) concorrendo a outra vaga de senador, tudo sob as bênçãos do então governador Paulo Hartung, no MDB. Quatro anos depois, estava no comando do PR (atual PL) e lançou o então delegado Fabiano Contarato pela sigla para o Senado. O atual senador pelo PT desistiu da disputa, alegando motivos pessoais. Magno, por sua vez, apoiou a então deputada federal Rose de Freitas (MDB). Se em 2022 Rose foi a sua principal adversária na disputa ao Senado, em 2014 Magno teceu elogios como este a ela nas redes sociais: “Rose apoia propostas cristãs, tem moral, defende a família e sempre esteve ao meu lado na luta em favor das crianças, das mulheres e do Espírito Santo”. De 2014 para cá, Magno acompanhou as mudanças de forças no cenário nacional, trocou de aliados no Estado e se alinhou ao grupo que defendia a candidatura de Jair Bolsonaro pelo PSL à Presidência da República, em 2018. Quase virou vice dele, mas optou por tentar novo mandato de senador, enquanto apoiava Carlos Manato, na época no PSL, na disputa ao governo do Estado contra Casagrande. Na disputa ao Senado foi derrotado em 2018 por dois novatos na política, o antigo aliado Contarato e o instrutor de segurança Marcos do Val (Podemos). Sem mandato, permaneceu nos holofotes aparecendo quase diariamente ao lado de Bolsonaro em agendas por todo o Brasil. Entrou na corrida ao Senado novamente em 2022 defendendo antigas e novas bandeiras, todas alinhadas ao bolsonarismo, e pregando “contra esquerdistas”, grupo que inclui diversos ex-aliados e agora seus inimigos políticos, como Casagrande, Rose, Contarato, entre outros. Foi eleito e agora tenta eleger seu colega de partido, Manato, no segundo turno para governador do Estado.

  • Deputado federal Neucimar Fraga

    05

    Neucimar Fraga (PP), deputado federal

    Eleito deputado federal em 2006 e prefeito de Vila Velha em 2008, Neucimar Fraga ascendeu na política capixaba tendo como aliado o então senador Magno Malta (PL). Nessa época, Neucimar também integrava as fileiras do PL/PR. Porém, logo depois que perdeu a disputa pela reeleição de prefeito, em 2012, e deixou o cargo, no início de 2013, os dois se afastaram e a relação ficou estremecida. Em 2014, Magno tentou lançar o delegado Fabiano Contarato ao Senado pelo PR e, após a desistência dele, Neucimar virou candidato a senador pelo PV no grupo que apoiava a reeleição de Casagrande. Contudo, ficou sem o apoio de Magno, que preferiu apoiar Rose de Freitas (MDB), vencedora daquela disputa. Desde então, o atual deputado federal sofreu reveses nas duas vezes que concorreu ao cargo de prefeito de Vila Velha pelo PSD (2016 e 2020) e ficou na suplência da Câmara dos Deputados em 2018 e em 2022. Com a eleição de Sérgio Vidigal para comandar a Prefeitura da Serra, em 2020, Neucimar assumiu uma vaga na Câmara Federal, em 2021, e também uma postura que se aproximava mais do grupo político de Magno do que dos seus aliados de então, como o próprio governador Casagrande. Para disputar as eleições 2022, ele migrou para o PP e voltou a se aproximar de Magno na campanha eleitoral, pois tornou-se um grande entusiasta da reeleição do presidente Bolsonaro. A relação se aprofundou ao ponto de Neucimar trocar o apoio à reeleição de Casagrande, no primeiro turno, para perfilar no segundo turno ao lado de Manato (PL), candidato ao governo do Estado pela legenda do senador eleito e seu mais novo velho melhor amigo.

  • Ricardo Ferraço assumiu presidência estadual do DEM

    06

    Ricardo Ferraço (PSDB), ex-senador e vice na chapa de Renato Casagrande (PSB) ao governo do ES

    A trajetória política construída ao longo dos últimos 40 anos pelo candidato a vice-governador Ricardo Ferraço (PSDB) também tem mudanças de aliados. Desde que deixou o mandato de senador, no início de 2019, Ferraço saiu do DEM e voltou ao PSDB, mas se manteve próximo do atual governador e candidato à reeleição Renato Casagrande (PSB), cuja chapa integra como vice em 2022. A relação entre os dois poderia não ter resistido às mudanças ocorridas em 2010, quando Ferraço era vice-governador e apontado como sucessor natural do ex-governador Paulo Hartung — ambos estavam no PMDB. No entanto, a partir de um acordo nacional entre PT, PSB e PMDB, Casagrande se tornou o candidato a governador do grupo político que todos eles integravam no Espírito Santo. Em 2014, Hartung venceu a disputa para governador contra Casagrande, mas Ferraço não era candidato a nenhum cargo, pois estava na metade do mandato de oito anos de senador. Quando disputou a reeleição ao Senado, em 2018, esteve novamente na coligação apoiada pelo socialista. Em 2022, volta ao cenário político como vice de Casagrande.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais