Publicado em 24 de abril de 2020 às 18:02
Em pronunciamento sobre o pedido de demissão do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, nesta sexta-feira (24), o presidente Jair Bolsonaro negou ter interferido em investigações da Polícia Federal, como acusou o ex-ministro, mas ao mesmo tempo admitiu que pediu informações sobre casos que envolviam pessoas ligadas a ele.>
"Não são verdadeiras acusações que eu desejava saber sobre investigações em andamento. Jamais lhe procurei para saber de investigações já realizadas, a não ser aquelas sobre o porteiro, o Adélio e meu filho zero quatro", afirmou o presidente.>
Adélio Bispo é o autor da facada desferida em Bolsonaro durante a campanha de 2018. A investigação da PF concluiu que ele agiu sozinho e um laudo atestou que é mentalmente incapaz. >
Bolsonaro não comentou a fraude apontada em assinatura de Moro, na exoneração do diretor-geral da PF, Maurício Valeixo. >
>
O presidente já iniciou o discurso afirmando que, em conversa com os aliados mais cedo, já havia dito que "hoje vocês conhecerão pessoas que têm compromisso com seu ego, e não com o Brasil". Disse também que logo após sua vitória nas eleições, e o convite a Moro para o ministério, lhe prometeu autonomia, mas que "autonomia não é sinal de soberania".>
"Mais de 90% dos cargos que passaram por minhas mãos eu dei o sinal verde. Assim como foi com o senhor Valeixo. A indicação foi do ministro Moro. Apesar da lei de 2014 dizer que é do presidente da República, que colocou todos os cargos-chave pessoas de Curitiba. Me surpreendeu: será que todos os carros chefes da PF estão em Curitiba?", disse Bolsonaro.>
Bolsonaro afirmou não ter interferido em investigações.>
"Será que é interferir na PF exigir, quase implorar a Sergio Moro para apurar quem mandou matar Jair Bolsonaro? A PF de Sergio Moro mais se preocupou com Marielle, do que com seu chefe supremo. Cobrei muito deles, não interferi. Entre meu caso e o da Marielle, o meu está muito mais simples de solucionar", declarou.>
Foi no âmbito do caso da morte da vereadora do Rio, Marielle Franco que ele admitiu interferência. Um sargento foi preso acusado de ser um dos assassinos.>
"Sugeri a troca de dois superintendentes entre 27. O do Rio, a questão do porteiro, a questão do meu filho zero quatro, Renan, que agora tem 20, 21 anos de idade. Quando no clamor da questão do porteiro do caso Adélio, que os dois ex-policiais teriam ido falar comigo, também apareceu que meu filho zero quatro teria namorado a filha desse ex-sargento". >
"Foram lá, a PF fez seu trabalho, e está comigo a cópia do interrogatório, onde ele diz simplesmente o seguinte: 'a minha filha nunca namorou o filho do presidente Jair Bolsonaro, porque minha filha sempre morou nos Estados Unidos'. Mas eu é que tenho que correr atrás disso ou é um ministro, uma Polícia Federal que tem que se interessar?">
Bolsonaro afirmou também que Valeixo havia concordado com a exoneração a pedido, e que manifestava esse interesse a seus superintendentes desde janeiro, por estar cansado.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta