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Publicado em 23 de setembro de 2024 às 17:22
Durante as eleições, dúvidas, críticas e até fake news acerca do processo eleitoral sempre surgem. E muitas delas envolvem a urna eletrônica. Apesar de o equipamento ser utilizado pelos eleitores no Brasil desde 1996, ainda há quem questione a confiabilidade dos aparelhos, com alegações sem confirmação de que poderiam ser “fraudados” para favorecer um ou outro candidato.>
Para esclarecer as dúvidas e combater a desinformação, A Gazeta foi ao Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo (TRE-ES) para entender como funciona a urna eletrônica e quais são os sistemas de segurança que protege seu voto. Veja no vídeo a seguir:>
A urna eletrônica não acessa a internet, o que, segundo o secretário de Tecnologia da Informação do TRE-ES, Danilo Marchiori, protege o aparelho de ataques externos – como hackers. Ele ainda garante que o equipamento funciona de forma isolada, ou seja, tanto seu sistema quanto seu design foram projetados para impedir qualquer conexão, seja com ou sem fio.>
A urna possui apenas três entradas para cabos, que conectam o aparelho à energia, ao terminal do mesário e ao fone de ouvido – usado por eleitores com deficiência visual. Qualquer outra entrada é lacrada em cada eleição com um material, desenvolvido pela Casa da Moeda, que impede a violação.>
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O equipamento funciona por meio de programas, escritos em linguagem computacional, que dão comandos sobre como o sistema deve operar. Essa sequência de comandos é o código-fonte, desenvolvido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a cada eleição.>
Ao todo, o processo eleitoral conta com mais de 100 programas computacionais, cerca de 20 apenas para a urna eletrônica. Após serem finalizados e colocados nas urnas, Danilo Marchiori explica que são lacrados eletronicamente, impedindo o acesso ao código-fonte. Além disso, recebem uma assinatura digital, garantindo que são os mesmos feitos pelo TSE.>
"Todas as conexões da urna eletrônica são lacradas. Os lacres são assinados pelo juiz eleitoral e pelos partidos. Mas, mesmo que alguém consiga fazer algum rompimento, todas as informações da urna estão protegidas com certificados digitais e criptografia de tal forma que isso seria inócuo. Não seria possível entender nada e capturar nenhuma informação da urna eletrônica", destaca o secretário do TRE-ES.>
Danilo Marchiori explica que são feitas diversas fiscalizações e auditorias, durante todo o processo eleitoral, para garantir que não há nenhuma irregularidade com o sistema. E ressalta, inclusive, que qualquer cidadão brasileiro maior de 18 anos pode se inscrever para participar do Teste Público de Segurança, que envolve uma tentativa de invadir as urnas eletrônicas e adulterar os seus programas.>
Segundo a Justiça Eleitoral, desde a primeira edição do teste, em 2009, nunca foi encontrada nenhuma vulnerabilidade capaz de alterar o resultado da eleição. Danilo ainda ressalta que os programas das urnas são transparentes e de livre acesso para fiscalização de autoridades. “Ao contrário do que muitas pessoas imaginam, os programas estão abertos e transparentes para que diversas instituições possam inspecionar em detalhes o código-fonte da urna a qualquer momento”, comenta.>
Além disso, o código-fonte da urna fica disponível por um prazo de pelo menos um ano para que diversas instituições analisem linha por linha de cada programa que será utilizado na eleição. Em 4 de outubro de 2023, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) abriu os códigos-fonte dos sistemas eleitorais deste ano para inspeções das seguintes organizações:>
Ao final do pleito, Danilo destaca que as mídias de resultado garantem a contagem dos votos. São um pequeno dispositivo – semelhante a um pendrive – que contém os votos digitados em cada urna. Os dados dele são protegidos por assinatura digital e enviados em uma rede privada criptografada da Justiça Eleitoral.>
O secretário do TRE-ES observa que o resultado ainda é verificado com os boletins de urna, que contêm os votos realizados em cada aparelho e são impressos pela própria máquina, no momento de encerramento do pleito. >
"Esse resultado impresso é colado na porta da sessão eleitoral e distribuído para os fiscais de partido. Dessa forma, havendo qualquer questionamento sobre o resultado da Justiça Eleitoral, basta verificar com o papel impresso em cada sessão eleitoral que fica disponível posteriormente em qualquer cartório eleitoral do Brasil, para a fiscalização pelos partidos e por todas as entidades envolvidas no processo", ressalta Danilo Marchiori.>
Os votos também ficam salvos em uma de tabela digital dentro da própria urna, chamada Registro Digital do Voto. Ou seja, caso qualquer dado se perca, é possível recuperar o resultado no equipamento. A fidelidade entre o que é digitado e o que fica “gravado” na urna é demonstrada em todas as eleições em outra etapa do processo de auditoria e fiscalização, o Teste de Integridade, que ocorre no dia da votação.>
Nele, conforme consta no site da Justiça Eleitoral, é feita uma “votação pública, aberta e auditada, em uma urna eletrônica que estava pronta para uso na eleição, utilizando-se os mesmos votos em cédula de papel que também são depositados em uma urna de lona. Ao final, compara-se o resultado da urna eletrônica com os da urna que recebeu votos em papel”.>
De acordo o TSE, desde 2002, quando o teste foi iniciado, nunca houve divergência entre os resultados da urna eletrônica e da contagem dos votos em papel.>
Urna Eletrônica
Por que estamos falando disso?
Responsáveis por armazenar o voto de milhares de eleitores, a urna eletrônica se tornou um dos principais símbolos da eleição no Brasil. Entender como ela funciona é conhecer mais da democracia brasileira.
Fique de olho:
A desinformação é extremamente prejudicial para o processo eleitoral e a democracia. Por isso, ao se deparar com fake news sobre as eleições denuncie através do Sistema de Alertas de Desinformação Eleitoral, do TSE.
Mais informações sobre isso fora da Gazeta:
Você pode encontrar mais detalhes sobre a urna eletrônica no site do TSE.
Eleições 2024
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