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Publicado em 28 de agosto de 2025 às 15:18
- Atualizado há 4 meses
Um vídeo divulgado pela Polícia Civil mostra os quatro homens responsáveis pelos disparos que atingiram o carro da família de Alice Rodrigues, de seis anos, e mataram a criança fugindo após o crime. Nas imagens (veja acima), eles aparecem armados, e um deles carrega um fuzil.>
Segundo o chefe da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra, delegado Rodrigo Sandi Mori, apenas um deles foi preso até o momento: Pedro Henrique dos Santos Neves. Os outros três já foram identificados.>
O ataque aconteceu após um acidente entre o carro da família e o dos executores. Os criminosos estavam no bairro à procura de um gerente do tráfico da região e confundiram o veículo da família com o do alvo. De dentro do automóvel, eles dispararam contra os ocupantes e só pararam quando o pai de Alice implorou.>
O crime foi motivado pela guerra do tráfico entre o Primeiro Comando de Vitória (PCV) e o Terceiro Comando Puro (TCP). A região onde ocorreu o homicídio é a única ainda sob domínio do TCP. No total, a Polícia Civil apontou o envolvimento de 12 pessoas no crime, sendo que seis delas estão presas, entre elas uma advogada. São eles:>
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“Sérgio Raimundo comanda o tráfico em um bairro de Viana e também no bairro São Diogo, na Serra. Ele é um membro do alto escalão do PCV. Ao lado dele está Carlos Alberto, que era membro do TCP e migrou para o PCV. Ele é responsável pela maioria dos ataques que ocorreram em Nova Almeida em 2023 e 2024. Também temos Ryan, que comanda o tráfico no loteamento do bairro Lagoa de Carapebus. Os três se uniram para expandir as áreas de atuação e dominar territórios do TCP”, explicou o delegado.>
Abaixo deles estão Marlon Furtado Castro e Maik Rodrigues Furtado, vulgo MK. Ambos receberam a ordem para identificar o alvo, definir quem participaria da execução, fornecer armas e munições, além de planejar o ataque.>
“O Marlon também contou com a ajuda primordial da Marina, que era responsável por guardar armas e munições na sua casa. Isso foi comprovado quando nossa equipe entrou no imóvel e encontrou 100 munições calibre 9 mm e 20 munições calibre 5,56, usadas em fuzis”, disse Rodrigo Sandi Mori. >
A polícia afirma que Marina, que é advogada, usava sua casa para esconder os materiais. No local, também foram encontrados pinos de cocaína e um caderno com anotações do tráfico. >
Foi Marlon e Maik que escolheram Pedro Henrique dos Santos Neves e outros três indivíduos, já identificados, para executar o crime. Além deles, também havia Izaque de Oliveira Moreira, responsável por dar fuga aos executores caso algo desse errado. >
Já Arthur Folli Rocha foi contratado como olheiro e receberia R$ 100 para monitorar o deslocamento de viaturas entre o bairro Novo Horizonte e Balneário de Carapebus.>
“Eles falaram para Arthur que haveria um ataque no bairro e contrataram ele para vigiar as viaturas. Ele foi contratado por Marina e Marlon”, completou o delegado.>
No dia do crime, os executores receberam a informação de que o alvo estaria em um torneio de pipas no bairro. Eles circularam por uma rua conhecida pelo intenso tráfico de drogas, mas, como não encontraram o homem, decidiram deixar o local. No caminho, colidiram com o carro da família de Alice.>
Rodrigo Sandi Mori
DelegadoApós os disparos, os criminosos fugiram armados, um deles com um fuzil. Como a execução deu errado, abandonaram o veículo e cada um seguiu para um local diferente. Pedro Henrique entrou em contato com Izaque, que foi buscá-lo no bairro Bicanga. No entanto, ambos foram presos pela Força Tática da Polícia Militar. >
Na delegacia, Pedro confessou a participação no crime e delatou os demais envolvidos. Com base no depoimento, a polícia prendeu Arthur Folli, o olheiro, que também admitiu o crime e apontou Marina e Marlon como mandantes.>
Na madrugada de segunda-feira (25), policiais foram à casa de Marlon e descobriram que ele estava na residência da companheira, Marina. Quando chegaram, encontraram o portão aberto, luzes acesas, mas ninguém no local. No entanto, apreenderam munições compatíveis com as armas usadas no crime.>
Ainda na casa da advogada, a polícia identificou a placa do veículo dela e emitiu um alerta. Segundo Sandi Mori, o casal seguiu para o bairro Grande Vitória, na Capital, onde buscou Maik, depois para a Penha e, em seguida, fugiram para Cariacica. Eles foram presos na BR 262, em Alto Lage.>
Os seis presos foram autuados em flagrante por homicídio qualificado, com as seguintes circunstâncias: motivo torpe, perigo comum, impossibilidade de defesa da vítima, uso de arma de fogo de uso restrito e a vítima ser menor de 14 anos.>
Além disso, também foram autuados por dupla tentativa de homicídio, com as mesmas qualificadoras.>
Pedro Henrique dos Santos Neves ainda foi autuado por porte ilegal de arma de fogo de uso permitido e resistência. Izaque de Oliveira Moreira também foi autuado por porte ilegal de arma de fogo de uso permitido. Já Marlon e Marina foram autuados em flagrante por posse ilegal de munições de uso restrito.>
Sobre a prisão da advogada, a Comissão de Prerrogativas da OAB-ES informou ter acompanhado a legalidade do flagrante. No Tribunal de Ética, um pedido de suspensão preventiva foi instaurado. "A OAB estará sempre a postos para defender a boa advocacia, mas jamais para proteger condutas criminosas. Aos que cometem crimes, sejam eles advogados ou não, vamos exigir o rigor da lei", disse a Ordem por meio de uma nota. >
A reportagem tenta contato com as defesas dos envolvidos e o espaço está aberto para manifestações.>
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