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Som alto gerou fúria de vizinho que matou policial e atacou casal no ES

Som alto gerou fúria de vizinho que matou policial e atacou casal no ES

Alvino Corrêa Neto, de 45 anos, foi assassinado na garagem de casa por Gilvano de Jesus Conceição, de 39; o atirador ainda tentou matar um casal pelo mesmo motivo

Lucas Gaviorno

Estagiário / [email protected]

Publicado em 3 de setembro de 2025 às 18:24

Vítima foi assassinada dentro da garagem da casa em Viana. Vizinho é apontado como autor.

Briga entre vizinhos por som alto. Este foi o motivo pelo qual o policial penal Alvino Corrêa Neto, de 45 anos, acabou morto no dia 8 de agosto, em Campo Verde, Viana. O agente foi assassinado dentro da garagem da própria casa após ser atingido por nove disparos de uma pistola calibre .380. O crime foi cometido por Gilvano de Jesus Conceição, de 39 anos, conhecido como "Marcelo do frete", que era vizinho da vítima e se entregou no dia 11 de agosto, em Linhares, no Norte do Espírito Santo.

Além do homicídio, o atirador tentou matar um casal de vizinhos da mesma rua pelo mesmo motivo – som alto – mas os dois conseguiram sobreviver.

Segundo a Polícia Civil, tudo começou quando o casal começou a colocar músicas muito altas em uma caixa de som, incomodando vários vizinhos, entre eles, Gilvano. Após muitos desentendimentos, ele comprou uma caixa de som amplificada e começou a colocar músicas com o volume ainda mais elevado, causando mais desconforto para os moradores da região.

Durante todas as brigas entre os vizinhos, Alvino tentava "apartar" e solucionar a situação. Por conta disso, Gilvano começou a se irritar com a atitude do policial penal, começando, a partir daí, a premeditar os crimes.

Caixa de som amplificada de Gilvano encontrada pela polícia
Caixa de som amplificada de Gilvano encontrada pela polícia Crédito: Divulgação/Polícia Civil

Na semana anterior ao crime, Gilvano havia tido outro desentendimento com o casal que deixava o som alto e resolveu se mudar com a esposa para a zona rural de Sooretama, no Norte do Espírito Santo, município onde a irmã do atirador mora. A mudança gerou suspeita entre a polícia, pelo fato de que ele morava na mesma casa em Viana desde 2008.

Na noite do dia 8 de agosto, Gilvano voltou com a esposa para a cidade da Grande Vitória. A delegada da Divisão de Homicídios do município, Suzana Garcia, explicou que a esposa dele o deixou na entrada do município e que ele foi até a rua onde morava a pé. Chegando lá, ele foi até o portão da casa do policial penal e o matou.

"O Gilvano se desloca até a residência do Alvino, chama por ele. Inclusive, por conhecer o atirador e jamais imaginar que ele fosse cometer algum crime, Alvino vai até a porta e acaba surpreendido com o Gilvano efetuando os disparos. Foram pelo menos nove tiros contra o Alvino, que estava de toalha e chinelo, sem esperar este ataque covarde", contou a delegada. Ela destacou que Alvino era apenas o apaziguador das desavenças entre os vizinhos e que não fazia parte dos moradores que colocavam som alto.

À direita, o policial Alvino Corrêa Neto, de 45 anos, que foi morto por Gilvano de Jesus Conceição, de 39, à esquerda
À esquerda, o policial Alvino Corrêa Neto, de 45 anos, que foi morto por Gilvano de Jesus Conceição, de 39 Crédito: Arquivo Pessoal/Divulgação/Polícia Civil

Atirador tentou se vingar de casal

Após matar Alvino a tiros, Gilvano - conhecido como "Marcelo do frete" - fugiu a pé para uma área de mata da região, ficou lá por um tempo e voltou para a rua, intencionado a se vingar do casal de vizinhos que colocava som alto. Para isso, o homem - que trabalha como fretista - pulou o muro da residência, arrombou a porta e conseguiu acessar o quarto das vítimas. Ele tentou disparar cinco vezes em direção à cama onde estava o casal, mas ninguém ficou ferido, pois a munição havia acabado. Uma das vítimas, do sexo masculino, conseguiu reagir empurrando o vizinho contra a porta. 

Acampamento onde Gilvano estava escondido e o carro do suspeito em Sooretama
Acampamento onde Gilvano estava escondido e o carro do suspeito localizado em Sooretama Crédito: Divulgação/Polícia Civil

O atirador fugiu para Norte do Estado e se entregou na Delegacia Regional de Linhares três dias depois. "Ao ver que não iria conseguir finalizar o crime, Gilvano se evadiu e voltou para o município de Sooretama. Foram realizadas diligências ininterruptas para a captura. A esposa dele foi encontrada em um acampamento em um matagal, já ele se entregou na segunda-feira (dia 11 de agosto), possivelmente acreditando estar fora do lapso temporal permitido para uma prisão em flagrante. No entanto, a Divisão de Homicídios de Viana já havia representado ao Poder Judiciário pela decretação da prisão temporária. Quando ele se apresentou, o mandado já havia sido expedido", disse a delegada.

A delegada ainda contou que existe a suspeita de que o atirador também seja fabricador clandestino de armas caseiras. "Ele levava uma vida bem atípica. O nome dele de registro civil é Gilvano, mas todo mundo o conhecia como Marcelo. Além disso, ele tinha em casa diversas câmeras de videomonitoramento, inclusive acopladas em muros. Nós localizamos indicativos de uma possível fabricação clandestina de armas caseiras na residência dele, como uma bancada em que havia uma capa de arma longa e cofre".

Sobre os disparos

O Perito Oficial Geral da Polícia Científica (PCIES), Carlos Alberto Dal-Cin, disse que os crimes são correlacionados e foram cometidos com a mesma arma, uma pistola calibre .380 e direcionados à cabeça da vítima. "Foi uma perfuração no rosto, com a bala saindo pelo pescoço, além de cinco disparos na região posterior e mais três na lateral do corpo da vítima. Provavelmente, a dinâmica se dá quando ele vê que o atirador vai disparar, e tenta empreender fuga no movimento de rotação", disse.

"Grande perda", diz colega

A vítima trabalhou na Polícia Penal por 15 anos e deixou a namorada grávida. Para o colega, diretor de Operações da Polícia Penal (PPES), Weleson Vieira, Alvino era um excelente profissional e tinha uma vida íntegra. "É um crime bárbaro, uma afronta a nossa instituição. Alvino era um excelente policial, 15 anos de carreira. Ele tinha uma vida íntegra e era querido por todos os vizinhos, tanto que ele tentava apaziguar a situação que existia na região. Foi uma grande perda para a nossa instituição, mas a Justiça está sendo feita", disse Weleson.

Gilvano foi indiciado por homicídio qualificado, com três qualificadoras: motivo fútil, emprego de recurso que dificultou a defesa da vítima e pelo fato de Alvino ser policial penal, com a pena podendo chegar a 30 anos. Além disso, o fretista também foi indiciado por duas tentativas de homicídio, com duas qualificadoras: motivo fútil e emprego de recursos que dificultou a defesa das vítimas, com a pena podendo ser de 12 a 30 anos, mas poder haver a redução de pena, pelo fato de que os crimes não foram consumados.

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