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PMs viram réus em caso de falso acidente, morte e fraude no ES

PMs viram réus em caso de falso acidente, morte e fraude no ES

Ministério Público ofereceu denúncia contra os militares, que foi aceita pela Justiça; boletim foi registrado como acidente, mas jovem foi assassinado com tiro na nuca

Publicado em 3 de abril de 2025 às 15:25

À esquerda, o cabo da PM Allyson Augusto de Miranda, de 33 anos,  apontado como autor do tiro que matou o jovem Gustavo Barbosa Batista, de 22 anos (no destaque)
À esquerda, o cabo da PM apontado como autor do tiro que matou o jovem Gustavo (destaque) Crédito: Montagem A Gazeta

A Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público e tornou réus os cabos da Polícia Militar Allyson Augusto de Miranda, de 33 anos, e Bruno Costa de Oliveira, de 34 anos, pelos crimes de homicídio e fraude processual no caso da morte do mecânico Gustavo Barbosa Batista, de 22 anos, durante uma abordagem policial em Mantenópolis, Noroeste do Espírito Santo. 

Na denúncia do Ministério Público, Allyson foi quem efetuou o disparo fatal que atingiu a nuca da vítima. Já o parceiro dele na abordagem, o cabo Bruno Costa de Oliveira, de 34 anos, acabou denunciado por fraude processual por elaborar o boletim de ocorrência com a versão de que Gustavo teria morrido em decorrência de um acidente de moto.

O processo segue em segredo de Justiça, mas A Gazeta teve acesso a informações da denúncia. Em síntese, é narrado que os militares faziam patrulhamento no distrito de São José e abordavam um homem suspeito quando Gustavo teria surgido de moto, em alta velocidade, com aparente escapamento modificado. Diante disso, o cabo Allyson deu ordem de parada, mas Gustavo não obedeceu e seguiu. O militar sacou a arma e disparou, atingindo a vítima na nuca em um tiro fatal. Os PMs viram que o rapaz havia morrido e acionaram a perícia.

Ainda segundo a denúncia, o cabo Bruno Costa de Oliveira — com a ajuda de Allyson — elaborou o boletim de ocorrência classificando o caso como acidente fatal de trânsito e não como homicídio. Para o Ministério Público, eles alteraram os fatos de forma intencional, “maculando o relato para induzir o juízo a erro”.

O QUE DIZ A POLÍCIA MILITAR | Na época dos fatos, em novembro de 2023, a Polícia Militar informou que as armas dos policiais foram apreendidas e que, "para garantir a integridade do processo e evitar qualquer influência nas investigações, ambos foram transferidos para outra localidade" — sem especificar qual. A reportagem tem procurado a corporação desde quarta-feira (2) para novas informações sobre o encaminhamento dado aos militares e a investigação administrativa interna, mas não houve retorno.

O QUE DIZ O OUTRO LADO | A Aspra-ES (Associação das Praças da Polícia e Bombeiro Militares do Espírito Santo) informou que "acompanha de perto o caso desde o início, prestando todo o suporte necessário aos associados envolvidos" e que "apesar da formalização da denúncia, o devido processo legal segue em curso", e está atenta a cada etapa, "assegurando a ampla defesa e o contraditório".

Aspra-ES | Na íntegra

A Aspra-ES informa que acompanha de perto o caso em questão desde o seu início, prestando todo o suporte necessário aos associados envolvidos. Ressaltamos que, apesar da formalização da denúncia, o devido processo legal segue em curso, e estamos atentos a cada etapa, assegurando a ampla defesa e o contraditório. Reiteramos a importância de aguardar a conclusão dos trâmites legais, evitando quaisquer julgamentos precipitados que possam comprometer a imparcialidade e a legalidade do processo. Afirma seu compromisso com a defesa dos direitos dos nossos associados e acreditamos na legalidade da ação dos policiais militares.

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