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Morte de advogada na Serra: ex-noivo e amigo são condenados após 8h de júri

Morte de advogada na Serra: ex-noivo e amigo são condenados após 8h de júri

Rogério Costa de Almeida e Alexandre Santos de Souza sequestraram e mataram Gabriela Silva de Jesus, e, depois, a atropelaram para simular acidente; Crime ocorreu em 2017

Publicado em 20 de outubro de 2022 às 08:07

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Rogério Costa de Almeida, 34 anos, bermuda azul, confessou que matou a ex-noiva, Gabriela Silva, 24 anos, advogada, e teve ajuda do amigo, Alexandre Santos de Souza, 31 anos, camisa listrada
Rogério Costa de Almeida, 34 anos, bermuda azul, confessou que matou a ex-noiva, Gabriela Silva, 24 anos, advogada, e teve ajuda do amigo, Alexandre Santos de Souza, 31 anos, camisa listrada. (Fernando Madeira)

Após oito horas, o julgamento sobre a morte da advogada Gabriela Silva de Jesus, na Serra, terminou na noite desta quarta-feira (19) com a condenação do ex-noivo da vítima, Rogério Costa de Almeida, a mais de 37 anos de prisão, e do amigo dele, Alexandre Santos de Souza, a mais de 30 anos de reclusão. Ambos responderão por homicídio consumado e qualificado por motivo torpe, emprego de asfixia, dificultar a defesa da vítima, sequestro e cárcere privado, vilipêndio de cadáver e tortura. 

Na sentença condenatória, o juiz Douglas Demoner Figueiredo ainda determinou uma indenização de R$ 75 mil a ser pega pelos réus à família da advogada. "Não há como negar que a família da vítima passa por uma experiência traumática", sentenciou.

"Destaco se tratar de vítima mulher, negra, advogada que os pais fizeram muitos investimentos para o sucesso da filha. O genitor inclusive adquire um apartamento para a filha, mas como ela não quer morar sozinha, o genitor autoriza que a filha more neste apartamento com a genitora e seu padastro", afirmou o juiz. 

Condenação:
Rogério Costa de Almeida: 37 anos, 6 meses e 4 dias de reclusão e 1 ano, 5 meses e 15 dias de detenção;
Alexandre Santos de Souza: 30 anos, 8 meses e 23 dias de reclusão e 1 ano e 15 dias de detenção. 

O pai de Gabriela, Francisco Pereira de Assis, afirmou à TV Gazeta que a Justiça foi feita. "Nós ficamos felizes. A gente esperava isso mesmo, esperava uma sentença até maior, mas até a sentença que foi dada deu para compensar. A sensação (de ver os assassinos) é muito ruim, vem muita coisa na cabeça, mas a gente tem que se controlar porque não iria resolver, não iria traze ela de volta. Eles (acusados) decretaram para a minha filha uma sentença de morte. Eles ainda estão vivos, com a família e, daqui a um tempo, soltos". 

À TV Gazeta, o advogado Rafael de Souza, que representa a defesa de Alexandre, afirmou que o momento é de analisar a sentença com calma, e Josimar Lopes, que defende Rogério, disse que recorreu da decisão e que o próximo passo é apresentar as razões da apelação, pois entendeu a pena como exorbitante.

Já o advogado da família de Gabriela, Fábio Marçal, informou que pedirá uma pena maior: "Houve crime de tortura, um intenso sofrimento da vítima e nada vai trazer a Gabriela de volta, mas nós temos que dar uma resposta a esse tipo de crime", destacou. 

A advogada Gabriela Silva de Jesus tinha 24 anos quando foi assassinada pelo ex-noivo e um amigo dele
A advogada Gabriela Silva de Jesus tinha 24 anos quando foi assassinada pelo ex-noivo e um amigo dele. (Reprodução)

SOBRE O CRIME

A advogada Gabriela Silva de Jesus tinha 24 anos e foi morta no dia 24 de agosto de 2017 no bairro Colina de Laranjeiras. Segundo a polícia, ela foi sequestrada pelo ex-noivo e o amigo dele, torturada e estrangulada. Os acusados – o ex-noivo Rogério Costa de Almeida, que, à época, tinha 34 anos e era estudante de Direito, e o amigo dele, Alexandre Santos de Souza – teriam tentado simular um acidente, atropelando a vítima quando ela já estava sem vida.

A Polícia Civil foi acionada por volta das 21h20 do dia 24 de agosto de 2017 para um atropelamento fatal na Rua Monte das Oliveiras, em Colina de Laranjeiras, na Serra. No local, porém, os peritos constataram que a vítima possuía marcas de estrangulamento. Após investigações, policiais chegaram até Rogério e Alexandre, que foram presos em flagrante.

Segundo a polícia, a advogada saiu de casa para ir ao trabalho, por volta das 11 horas. Quando seguia para o ponto de ônibus, foi abordada pelo ex-noivo, que dirigia um Fiat Idea, acompanhado do amigo, o motorista Alexandre.

Carro utilizado pelos criminosos - Rogério Costa de Almeida, 34 anos, confessou que matou a ex-noiva, Gabriela Silva, 24 anos, advogada, e teve ajuda do amigo, Alexandre Santos de Souza, 31 anos
Carro utilizado no sequestro que terminou em morte. (Fernando Madeira | Arquivo | A Gazeta)

Alexandre, que portava uma arma falsa, rendeu Gabriela e a obrigou a entrar no veículo. Segundo depoimento do próprio Rogério à polícia, os dois ficaram circulando com a vítima refém durante todo o dia. 

À época do crime, o delegado Janderson Lube, que era o titular da Delegacia Especializada de Homicídio Contra a Mulher, disse que Gabriela foi mantida refém até 20 horas, quando teria conseguido sair do veículo pedindo por socorro, mas foi novamente abordada, agredida com socos e chutes, e depois estrangulada.  "Os indícios são de que os autores sequestraram a vítima, torturaram durante as oito horas em que ela permaneceu em poder deles e, depois, com a tentativa dela de fugir, eles a mataram”, disse.

Segundo o delegado, houve testemunhas que confirmaram a tentativa de fuga da advogada e as agressões que ela sofreu. “Isso ocorreu em um momento em que eles estavam já próximos ao local onde ela foi morta. Houve uma tentativa de ela sair do carro. Ali, os dois agridem a vítima com socos e chutes. Depois, um deles dá uma gravata nela e ela cai já desacordada".

SIMULANDO UM ACIDENTE

Com a vítima já morta dentro do carro, a polícia afirmou que os assassinos ainda passaram com o carro por cima do corpo de Gabriela para simular um acidente. Foi quando a Polícia Civil recebeu o acionamento para ir ao local de um suposto atropelamento fatal, mas, lá, os peritos identificaram que a vítima tinha sinais de estrangulamento, e foi iniciada a investigação criminal.

VÍDEO FLAGROU SEQUESTRO

Nas imagens acima é possível observar a movimentação dos acusados, em um carro preto, até cometerem o sequestro da advogada. Primeiro, eles se aproximam do prédio onde a vítima morava e param na esquina. No entanto, os criminosos decidem se afastar e estacionam o veículo, um Fiat Idea, de forma que Gabriela, ao andar na calçada, em direção ao ponto de ônibus, não perceba que eles estão ali esperando para a abordagem. Quando a vítima se aproxima do carro, ela é rendida e empurrada para dentro do veículo. 

MOTIVAÇÃO

Informações divulgadas pela polícia apontam que Gabriela e Rogério namoraram de fevereiro de 2012 até janeiro de 2017, quando, já noivos, terminaram a relação. Segundo a polícia, o crime teria sido cometido devido a ciúmes, já que Gabriela estava em outro relacionamento e Rogério não aceitava.

AS PRISÕES

Rogério foi preso na madrugada do dia seguinte ao crime, enquanto estava dormindo. Ele não resistiu à prisão e entregou a participação de Alexandre, que também foi preso em casa, no município de Vila Velha. Os dois foram indiciados por sequestro, tortura e homicídio qualificado. 

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